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Adeus Outubro
Adeus até para o ano
Foste mais um mês quentinho
Muito diferente do que era antigamente
O Governo deu dinheiro a quase toda a gente
Só não deu a quem mais precisa: a quem não tem conta bancária
Não são só algumas empresas que têm tido lucros extraordinários
Com tanta inflação, o Governo também recebe impostos extraordinários
Têm sido montantes de tal ordem, que não sabe o que lhes fazer
Deu meia pensão a toda a gente, com algumas exceções, não há regra sem exceção!
Ao contrário do que fez para a atribuição da prenda dos 125€, que estabeleceu um limite
Aos reformados deu tudo a todos, metade da pensão para quem tem uma pensão de 100.000 ou 100 €
Igual para todos, para manter as desigualdades!
Os pobres já estão habituados a viver com muito pouco
Os ricos podem fazer mais uns cruzeiros à volta do mundo
Como, ainda, sobrou muito dinheiro resolveu alagar o prémio de 125 €, aos portadores de vistos gold,
Os que não têm IBAN é que não sabem quando receberão
O Secretário de Estado dos Impostos diz que vai correr o programa durante seis meses
Não sei se está à espera de um milagre: IBAN sem conta bancária!
Neste país tudo é possível! Para o ano vamos receber 22 mil milhões de euros, por dia
Como é difícil gastá-los todos, dentro do prazo, o Governo fez uma nova lei para os concursos públicos
A nova lei está a ser contestada pelo Tribunal de Contas, porque pode facilitar a corrupção
Acho que não tem razão!
Em Portugal já não há corrupção!
“É a justiça a funcionar”
Há eleitores esclarecidos a votarem em candidatos condenados por corrupção
Já baixámos os braços, já estamos habituados, já estamos resignados, para o que não tem solução, o melhor é aceitar a sua normalização.
José Silva Costa
Amor & guerra (17)
O Firmino e a Bárbara decidiram viver juntos, não ambicionavam casar-se, queriam ser felizes e para isso não precisavam de papéis assinados
Tinham, era de tomar decisões sobre o seu futuro. O Firmino confessou-lhe que gostava de ter um filho ou uma filha dela. A Bárbara disse-lhe que também gostava de ter um bebé dele
Queriam vender a loja, quanto antes, porque a guerra não atava nem desatava. Quem é que sabia quando e como seria o seu fim?
Sempre com o rádio ligado, um meio de informação, que leva o som a todo o lado, para estar bem informada e ligada ao mundo
Sabia que mais tarde ou mais cedo, Portugal tinha de dar a independência às suas colónias
Disse ao Firmino que tinham de vender a loja e ir para a Europa, para a Metrópole, antes que a situação piorasse ainda mais, que tivessem de fugir à pressa. Queria evitar que a filha passasse por esse trauma
O Firmino queria evitar, a todo o custo, que saíssem de Angola. Tinha ali nascido, sempre ali tinha vivido, nunca tinha ido à Metrópole, e o que diriam os pais e o irmão!
A Mariana e o João apanharam um táxi para a estação ferroviária de Santa Apolónia. Depois do comboio iniciar a marcha, a Mariana começou rememorar o que o filho lhe tinha dito, e perguntou ao marido se ele sabia porque é que ele não andava. Só lhe tinha dito que tinha sido ferido na perna esquerda
João respondeu-lhe, que lhe tinham amputado a perna esquerda, abaixo do joelho, fora o que lhe dissera, quando estavam abraçados
A Mariana começou a chorar e a perguntar porque é que não lhe tinham dito nada? O filho sem uma perna, e ela sem saber, devia ter desconfiado de ele estar na cadeira de rodas
O João abraçou-a, beijo-a, e disse-lhe que o filho não a quis enervar, porque como ela sofre do coração não queria que se enervasse, mas que não ficasse assim, porque vão mandar-lhe fazer uma prótese, e que quando o voltassem a ver já ele andava
Nada a consolava, dizia que tinha ficado sem o filho, desde que tinha ido para Lisboa, que tinham um neto e nem sequer sabiam que ele existia, tudo tão diferente do que era antigamente! Dantes os avós viam os netos crescer, e tomava conta deles enquanto os pais iam trabalhar. Agora, nem filhos, nem netos, todos iam para as grandes cidades e para França, estavam condenados a acabarem os últimos dias sozinhos
Os patrões da Miquelina agradeceram-lhe a visita e ficaram encantados com o Miguel, deram-lhes os parabéns por ter um filho muito bonito
Ficaram muito tristes e preocupados por terem amputado a perna do Carlos. Prometeram ajuda-los, arranjando emprego para o Carlos, assim que ele tivesse alta, porque tinham um amigo, que era diretor dum Banco, onde haveria um lugar para ele
A Miquelina agradeceu-lhes, não só o emprego para o Carlos mas também, o facto de os deixarem ficar lá em casa
Tinha boas notícias para o Carlos, quando, no dia seguinte, o fossem visitar.
Continua.
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