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A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo.
Mais 3 blogueres com participações nesta Coletânea: https://cotoviaecompanhia.blogs.sap... - Mafalda Carmona
P J Cortes
https://aquemtejo.blogs.sapo.pt
https://apeadeirodamata.blogs.sapo.pt - Francisco Carita Mata, a quem agradeço a publicitação, nos seus blogs, da realização desta coletânea e o incentivo para que participasse .
Coletânea "ERA UMA VEZ...ALENTEJO"
Desilusão - uma das minhas 2 participações nesta Colectânea
Sol, sul, terra quente
Mescla de muita gente
Espigas douradas, semente
Planície, um doce ventre
Um povo resplandecente
Um pouco diferente
Quanto a calma consente
Num severo ambiente
De amplitudes térmicas
De muitas desigualdades
De grandes herdades
Onde gerações de trabalhadores
Nasceram e morreram
Sem nunca terem nada de seu
Foi o que aconteceu
Enquanto durou a ditadura, que morreu
Na manhã de Abril
Que deu alento a quem tinha uma vida vil
Promessas foram mil
Mas já se sabe o que são promessas
Resta-nos a Liberdade.
José Silva Costa, Lisboa - Portugal
No tempo da outra senhora (2)
Francisco já tinha feito o serviço militar
Estivera na fronteira do Alentejo
Na zona de Évora
Aquando da guerra civil Espanhola
Num exercício de artilharia
As coordenadas estavam erradas, racharam uma, centenária,
oliveira
Tinha estado em São Miguel do Pinheiro (Mértola)
Para aprender o ofício de ferreiro
Estava quase com trinta anos, procurava companheira
Encantou-se com a Alice, que era muito bonita
Pudera, tinha dezassete anos, menos doze que ele!
Quem não queria, uma tão linda flor!
Francisco ia, quase todos os dias, montado no macho
Namorar a Alice, não tinha tempo a perder
A Alice era a segunda de cinco raparigas e três rapazes
Ainda viria a ter mais um irmão, aquando de seu segundo filho
Mãe e filha grávidas, apenas, com um mês de diferença
Francisco convenceu a Alice a juntarem-se, pelo Santo Amaro
Era o habitual, não havia dinheiro para casamentos
Levou-a para o seu monte
Alugou uma parte da casa onde, também, funcionava a Escola Primária
Do lado direito vivia o novo casalinho, no esquerdo, por detrás da sala de aulas, a Dª. Olenca
Uma Algarvia, que viria a tirar a primeira fotografia ao futuro rebento
Estávamos em plena segunda guerra mundial, que a todos castigava
Senhas de racionamento, fome, miséria, sofrimento e morte
O futuro rebento recusou-se a nascer antes, da guerra acabar
Nasceu quatro meses depois, da mãe fazer dezoito anos
Alice esteve à morte, teve hemorragias.
Um curioso receitou-lhe uma sangria!
Médicos e hospitais, não havia!
Só lá em Lisboa!
Recorriam aos curandeiros locais
O pai de Alice, receando perder a segunda filha e o primeiro neto
Levou-os para a casa da família, onde a mãe e as irmãs os trataram.
José Silva Costa
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