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A linha
Minha primavera perfumada
O teu perfume, os meus olhos encanta
Na lonjura da grande estrada
Toda a beleza que a ladeia está cansada
De ver tanta gente tão apressada
Sem que tenha tempo para parar um segundo
Sentada na sua máquina voadora de prego a fundo
Conspurcando com gases e fumo toda a sua beleza
Sem cheirar nem olhar para a bonita Natureza
Nem na noite escura consegue esquecer tanta tristeza
Rasgaram-lhe as entranhas para construírem a autoestrada
Com a promessa de que os automobilistas lhe dedicariam uma grande paixão
Que diriam muito bem do seu perfumado chão
Que dava tão boas espigas douradas para fazer o saboroso pão
Agora, não consegue respirar, está coberta de alcatrão
Saem dos grandes centros populacionais para só pararem nas areias quentes
Como se o mar tivesse mais beleza que uma planície florida
Não têm tempo para apreciarem as melhores coisas da vida
Quem é que já apreciou um mar de espigas douradas, a ondularem ao vento e ao sol?
Como se fosse um grande mar de areia fina, onde o vento dorme e a perdiz aninha
Onde os filhotes ensina, como debulhar a dourada espiga, para uma vida digna
Com casa, pão, liberdade, sem stresse, nem pressa de chegar ao fim da linha
Soubéssemos nós, humanos, aprender com os pequenos seres, a viver
Sem ódios nem receios, que nos roubem o nosso quinhão, que nos comam o nosso pão
Seríamos muito mais felizes, viveríamos mais tranquilos, seríamos mais solidários
Não levamos nada, tudo deixaremos, nem mesmo a ilusão de que somos poderosos nos acompanhará.
José Silva Costa
A viúva negra
A viúva negra, como, pelo Bandarra, foi batizada
Está por todo o lado, onde passam os carros
Autoestrada, estrada, e até na rua, cansada
Sempre à espreita de quem, o código, não respeita
Não escolhe entre géneros nem idades!
Mas não gosta de ser desafiada
Aplica uma pena pesada
E, há muito quem goste de a desafiar
Jovens irreverentes, pouco prudentes, irresponsáveis
Mas, também, pessoas de todas as idades
Que gostam de beber, de acelerar, comunicar
Como conduzir não exige atenção e concentração!
Aproveitam para, as mensagens, enviar
Falar ao telefone e ver o facebook
Como a viúva negra é insaciável
Pagam caro o deslumbramento
Com a própria vida, ou ficam com ela, presa por um fio
Como se as estradas não se tivessem transformado em granadas
Os carros não atingissem velocidades escusadas
E, as pessoas não gostassem de sair disparadas.
Hoje, comemora-se o quinquagésimo ano do email
Por favor, nunca envie nem leia emails, enquanto conduz.
José Silva Costa
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