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Valência
Respeitar a Natureza
Em Valência, no século passado, com recurso à hidráulica, desviaram o rio
Fizeram-no tendo em conta a precipitação da altura, não sei se tiveram em conta outros fatores que, por vezes se associam, causando grandes tragédias
Em Lisboa, também, acabaram com os sete rios, que nasciam perto de onde está localizado o Jardim Zoológico
O espaço, nas cidades é muito valioso, rios a dividi-las não é harmonioso, o melhor é entaipá-los, construir muitos prédios volumosos
Quando acontecem as grandes tragédias, poderão, sempre, distribuir as responsabilidades: a maré cheia, as sargetas que não estavam limpas, as pessoas terem continuado a circular nos seus automóveis até ficarem debaixo de água, a construção de muitos pisos abaixo do chão …..
Em Valência, ainda, não se sabe quantos perderam a vida. Mas, as duas centenas confirmadas causam-nos muita tristeza, e os que tiveram a sorte de não perdê-la, ficaram sem nada
Espero que sirva de alerta, para os senhores que autorizam construções em cima de rios, com a desculpa de que nos últimos anos tem chovido pouco, sem saberem que o São Pedro, um dia, farto das suas asneiras, os castiga, abrindo todas as torneiras.
José Silva Costa
“O meu conto de Natal”
A pedido da nossa colecionadora de Contos de Natal, imsilva, do blogue : Pessoas e Coisas da Vida
https://imsilva.blogs.sapo.pt
Este ano, o Pai Natal está muito triste, por não ter conseguido comprar as prendas, para os meninos e meninas
Mandou, para todos os pais, uma mensagem, porque, também não tinha papel para escrever cartas, pedindo desculpa por não poder visitar os seus lares, descer pela chaminé e entregar as prendas
Queixou-se destes tempos difíceis, de muitas guerras, com muitas casas destruídas, fazendo com que as meninas e os meninos não tenham chaminés, onde colocar os sapatinhos, o que o fez ficar, ainda, mais triste, dizendo que uma desgraça nunca vem só
Já não bastava não haver brinquedos, e ainda destruíam as chaminés
Estava muito preocupado com o que a Natureza lhe tinha dito, com ar de muito zangada, pediu para não estragarmos o resto, senão, cada vez, nos enviará avisos mais violentos:
Ciclones, cheias, incêndios, terramotos, vulcões, nevões: tudo o que seja preciso, para nos fazer parar a destruição, que lhe estamos a causar
Para a Natureza não é admissível que proíbam as crianças e os adultos de saírem de casa, por o ar, em certas cidades, estar irrespirável
Não compreende a vaidade de termos casas com 1.000 m2, carros com 500 cavalos, querermos conhecer o mundo, viajando de avião, por todo o lado, todos os dias trocar de telemóvel, computador ……………
Em Portugal, todos os anos, morrem 200.000 pessoas devido à poluição do ar
O Pai Natal, também, está muito preocupado com a falta de água. Em certas regiões há anos que não chove, os animais e as pessoas não têm água para beber
Assim, pede a todos que não desperdicem nem água, nem alimentos, nem brinquedos, nem roupas, nem sapatos porque é preciso tudo poupar, para ver se a Natureza se consegue regenerar
Este ano, os contentores do lixo não vão ficar a transbordar de embalagens de cartão, porque não há prendas para desembrulhar
Todos se podem, mais cedo, deitar, sem o nervosismo de pela meia-noite esperar
O consumismo pode não ter vindo para ficar, se a Natureza, um dia, com tudo isto acabar
Não há dúvida de que se regenerará, não sabemos a que preço será, nem quando isso acontecerá
Para todos um bom Natal, no acolhedor e doce lar, e que com o próximo ano venha a Paz, muita saúde e alegria.
José Silva Costa
Chuva de estrelas!
Do céu caíam lágrimas
Na noite estrelada
Os teus olhos eram rosas perfumadas
Na noite iluminada, tu eras a estrela
Nos teus rubros lábios rolavam cerejas
Atraentes, deliciosas, desejadas
Quanto mais as beijava
Mais crescia o desejo
Que encantadores beijos!
Na frescura da ardente boca
A saciarem o fogo da Lua-cheia
Mas, quanto mais te beijava
Com mais fome ficava
Nada conseguia apagar aquele calor
Nem a noite fria, nem a água que, no rio, corria
Foi a noite mais curta!
Quando o sol nasceu
Ainda da tua boca
Água doce corria
Por que razão é que não há
Chuva de estrelas, todos os dias?
Para dormirmos nos beijos um do outro
Até o sol nos acordar
Para começarmos, de novo, a namorar
E passar o dia no doce teu olhar
Até a lua nos voltar a abraçar.
José Silva Costa
As mazelas da guerra
Continuação
A queda do último helicóptero
Todos os azares vinham ter connosco
O último helicóptero, daquela série, avariou
Ficou sem leme, tendo o piloto conseguido imobilizá-lo num morro
Felizmente, não houve feridos: oficiais e piloto saíram ilesos
Para guardar o helicóptero, fomos mobilizados
A seguir ao almoço, um pelotão foi guardá-lo
Ao fim do dia pediram-nos, pelo rádio, para lhes levarmos água
A minha secção foi mobilizada para, ao nascer do sol, sairmos com os garrafões de água que conseguíssemos carregar
Quando chegámos, andavam a lamber o capim
Também tinham utilizado os componentes acrílicos do helicóptero, para durante a noite, captarem alguma água
Ninguém sabia como o tirar dali
O Alferes responsável pela proteção estava preocupado, com aquela operação, e com razão
Do Batalhão só lhe diziam que estavam a estudar o problema
Respondeu-lhes com um ultimato, se não encontrassem uma solução, dentro de um prazo de que não me lembro, o helicóptero seria desmantelado de maneira a ser levado, pelos trabalhadores da fazenda, para as viaturas, que o levariam para o Batalhão
Como não recebeu nenhuma resposta, mobilizou homens e ferramentas para a destruição, do mesmo
Mas, não conseguiram dividir o motor, que era muito pesado
Ordenou que arranjassem paus, para colocarem debaixo de cada bocado, para ver se o conseguiam levantar
Tudo testado, o mais difícil foi gerir aquela operação, pelo morro abaixo, em que alguns não queriam fazer força ou já não aguentavam mais
Estava ultrapassado mais um pesadelo
O Natal estava a chegar, seria a noite mais longa do ano.
Continua
Junho
O sol de Junho é diferente
Aquece-me a mente
Nasce cedo e põe-se tarde
Tem cheiro a verdade!
Já passou metade
O que é bom acaba depressa
Bebo-te de manhã à noite
Antes que arrefeças
Não creio em promessas
E, de políticos muito menos
Antes das eleições prometem tudo a todos
Mais Funcionários Públicos e aumentos
Para acomodar as raparigas e rapazes do partido
A dívida abaixo dos cem por cento do PIB
Prefiro o tempo!
Este Junho que nos levará ao Verão
Cujo calor amadurece o pão
Ver uma planície de trigo ondulante
Um rancho de ceifeiras trigueiras
A cantarem para espantar o calor
Pedirem ao aguadeiro, mais um cocharro de água
Porque o calor está insuportável
Desejando que a ceifa termine
Que chegue o dia da adiafa.
José Silva Costa
Fevereiro
Fevereiro leva a velha e o cordeiro
Fevereiro quente traz o diabo no ventre
Peço-te que mandes água para a gente
Mas, o suficiente para lavar a corrente
Levar para longe do nosso olhar
Todo o lixo que encaminhamos para os rios
Que desaguam no mar
Que tudo consegue abarcar
Mas, que um dia também pode avariar
Começar, o veneno, a vomitar
Para tudo matar
O Tejo já está a agonizar
Passa os dias e as noites a vomitar
Espuma branca, que mandaram aspirar
Temos de optar!
Não podemos querer, ao mesmo tempo
Sol na eira e chuva no nabal
Alguma coisa está mal!
Quando substituímos o plástico por o papel
Não será melhor apostar no virtual?
Deixando de estar enterrado em papéis
Muito ao nosso gosto e hábito!
Reduzir, reutilizar e reciclar
Se não quisermos, com o Mundo acabar.
José Silva Costa
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