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Quingentésimo ano (55)

por cheia, em 24.02.24

Se de vosso fermoso e lindo gesto
nasceram lindas flores para os olhos,
que para o peito são duros abrolhos,
em mim se vê mui claro e manifesto:

pois vossa fermosura e vulto honesto
em os ver, de boninas vi mil molhos;
mas se meu coração tivera antolhos,
não vira em vós seu dano o mal funesto.

Um mal visto por bem, um bem tristonho,
que me traz elevado o pensamento
em mil, porém diversas, fantasias,

nas quais eu sempre ando, e sempre sonho;
e vós não cuidais mais que em meu tormento,
em que fundais as vossas alegrias.

Luís de Camões

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publicado às 08:06


12 comentários

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De Di a 24.02.2024 às 10:10

Obrigada pela partilha.
Beijinhos e bom fim de semana
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De cheia a 24.02.2024 às 16:06

Muito obrigado, Di!

Bom fim-de-semana!
Beijinhos
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De Maria João Brito de Sousa a 24.02.2024 às 11:03

Bom dia, Cheia!

Agora estou de novo com uma dúvida que nem o Google me consegue esclarecer, mas a verdade é que alguém, algures no tempo, deve ter.se enganado na transcrição do último verso deste soneto que, tal como está, não faz qualquer sentido em língua portuguesa.

Tenho para mim - e por isso ponho as mãos no fogo - que os versos finais são assim:

"e vós não cuidais mais que em meu tormento
é que fundais as vossas alegrias"

Como não posso interpelar o autor, nem chegar à Torre do Tombo ou seja lá onde for que o preciosíssimo original se encontra guardado a sete chaves, ou não respondo, ou atrevo-me a reformular este fecho gramaticalmente absurdo.

Num caso peco por omissão, no outro peco por atrevimento...

Vou ter de pensar bem, mas nem por um segundo acredito que Camões escrevesse uma Chave de Ouro que contivesse uma tão evidente incorrecção gramatical.

"E vós não cuidais mais" de quê? (de que) "em meu tormento É que fundais as vossas alegrias."

Obrigada, bom Sábado e um abraço

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De cheia a 24.02.2024 às 15:58

Pode muito bem ter havido um erro na transcrição. Sabe-se lá quantas pessoas o transcreveram, até nós chegar.

Resto de dia tranquilo, Marai João.

Um abraço.
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De Maria João Brito de Sousa a 24.02.2024 às 16:33

É verdade, tenho encontrado dezenas de erros nas transcrições de outros poetas, mas eu procurei e encontrei em vários sites e até num livro em PDF este soneto e a todos encontrei exactamente iguais ao que aqui tem.

Resto de dia tranquilo que a dama cuja pele vesti já lá ficou, no meu blog dos sonetos, a discutir com Camões, furiosa por ele lhe ter chamado funesta...

Outro abraço!
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De Maria João Brito de Sousa a 24.02.2024 às 14:41

Peço desculpa, mas depois de muitas e muitas vezes reler este soneto e de me remeter ao tempo em que ele foi escrito, a Chave de Ouro pode, tal como está, fazer sentido se o lermos assim :

"E vós não cuidais mais que em meu tormento

Em que (no qual) fundais as vossas alegrias."

Estou pior do que Bocage que a cada soneto alheio que lia dizia ao autor: "Eu não o escreveria exactamente assim...."

Abraço!
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De cheia a 24.02.2024 às 15:26

Não sabia essa do Bocage. Se não for pedir muito, como é que escreveria?

Boa tarde, Maria João!

Um abraço.
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De Maria João Brito de Sousa a 24.02.2024 às 15:36

Não incomoda nada, Cheia! Eu escreveria assim o fecho:


"E vós não cuidais mais que em meu tormento

No qual fundais as vossas alegrias"

Abraço



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De cheia a 24.02.2024 às 15:49

Muito obrigado, parece soar melhor, talvez o Camões estivesse distraído, ou quem, o soneto, transcreveu .

Um abraço.
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De Maria João Brito de Sousa a 24.02.2024 às 16:10

Hummmm... Camões não era homem para se distrair quando escrevia... Afinal é

ele o pai da língua portuguesa e eu garanto que é demasiado tarde para imaginar que possa ser eu a mãe, rsrsrsrs

Creio que ele tentou fugir à repetição da expressão "nos quais", logo ali acima, no primeiro verso do último terceto. Tentou, mas fez mal porque o verso perdeu musicalidade.

Pronto, lá vem a minha veia de Bocage meter-se onde não é chamada....

De qualquer modo, voltei a vestir a pele da dama a quem Camões se dirige e já lhe respondi à letra.

Publico já a seguir que a nossa linda Cotovia encontra facilmente a Coroa quando a vier ler.

Outro abraço!
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De MJP a 25.02.2024 às 18:50

Grata pela partilha, José! :))
Resto de dia Feliz e Boa semana!
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De cheia a 25.02.2024 às 22:53

Muito obrigado!

Boa semana, Zé!

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