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32.
Glosa
a este moto seu (acróstico):
A morte, pois que sou vosso,
não na quero, mas se vem,
[h]a-de ser todo meu bem.
Amor, que em meu pensamento
com tanta fé se fundou,
me tem dado um regimento
que, quando vir meu tormento,
me salve com cujo sou.
E com esta defensão,
com que tudo vencer posso,
diz a causa ao coração:
não tem em mim jurdição
A morte, pois que sou vosso.
Por exprimentar um dia
Amor se me achava forte
nesta fé, como dizia,
me convidou com a morte,
só por ver se a tomaria.
E, como ele seja a cousa
onde está todo o meu bem,
respondi-lhe (como quem
quer dizer mais, e não ousa):
não na quero, mas se vem...
Não disse mais, porque então
entendeu quanto me toca;
e se tinha dito o não,
muitas vezes diz a boca
o que nega o coração.
Toda a cousa defendida
em mais estima se tem:
por isso é cousa sabida
que perder por vós a vida
[h]a-de ser todo meu bem.
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