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Redondilhas, de Luís de Camões
Texto-base:
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas de Luís Camões. Direção Literária Dr. Álvaro Júlio da Costa
Pimpão.
Texto proveniente de:
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo
Permitido o uso apenas para fins educacionais.
Texto-base digitalizado por:
FCCN - Fundação para a Computação Científica Nacional (http://www.fccn.pt)
IBL - Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro (http://www.ibl.pt)
Disponível em: http://web.rccn.net/camoes/camoes/index.html
Agradecimentos especiais à Dra. Maria Teresa Perdigão Costa Bettencourt d'Ávila, herdeira do Dr.
Álvaro Júlio da Costa Pimpão (responsável pela direção literária da obra-base), que gentilmente
autorizou-nos a publicação desta obra.
Este material pode ser redistribuído livremente, desde que não seja alterado, e que as informações acima
sejam mantidas. Para maiores informações, escreva para <bibvirt@futuro.usp.br
Redondilha é o nome dado, a partir do século XVI, aos versos de cinco ou sete sílabas — a chamada medida velha. Aos de cinco sílabas dá-se o nome de redondilha menor e aos de sete sílabas, de redondilha maior.
38.
Glosa
a este moto alheio:
Sem vós e com meu cuidado
olhai com quem, e sem quem
Amor, cuja providência
foi sempre que não errasse,
porque n'alma vos levasse,
respeitando o mal de ausência
quis que em vós me transformasse.
E vendo-me ir maltratado,
eu e meu cuidado sós,
proveio nisso, de atentado,
por não me ausentar de vós,
sem vós e com meu cuidado.
Mas est'alma que eu trazia
porque vós nela morais,
deixa-me cego, e sem guia;
que há por milhor companhia
Sem vós e com meu cuidado
olhai com quem, e sem quem
ficar onde vós ficais.
Assi me vou de meu bem
onde quer a forte estrela,
sem alma, que em si vos tem,
co mal de viver sem ela:
olhai com quem, e sem que.
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