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111.
Cantiga
a este moto que lhe mandou
o Vizo-Rei, na Índia, para
que Luís de Camões lhe
fizesse üas voltas
MOTO:
Muito sou meu inimigo,
pois que não tiro de mi
cuidados com que nasci,
que põem a vida em perigo.
Oxalá que fora assi
VOLTAS
Viver eu, sendo mortal,
de cuidados rodeado,
parece meu natural;
que a peçonha não faz mal
a quem foi nela criado.
Tanto sou meu inimigo,
que, por não tirar de mi
cuidados, com que naci,
porei a vida em perigo.
Oxalá que fora assi!
Tanto vim a acrecentar
cuidados, que nunca amansam
enquanto a vida durar,
que canso já de cuidar
como cuidados não cansam.
Se estes cuidados que digo
dessem fim a mi e a si,
fariam pazes comigo;
que pôr a vida em perigo,
o bom fora para mi.
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