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" Os Flechas"

por cheia, em 22.03.24

A RTP tem vindo, nos seus noticiários, a divulgar notícias do Telejornal de há 50 anos. Hoje, a notícia de há 50 anos: é a condecoração de Flechas, pelo Governador de Angola.

No Umpulo, em Angola, em 1971,  quanto terminámos a nossa comissão de serviço,  fomos surpreendidos com panfletos da PIDE, no refeitório dos gradudados, da minha companhia, a aliciarem-nos, para ficarmos, em Angola, para darmos instrução aos Flechas.

Das muitas e boas regalias, sobressaía o vencimento de 8.000,00 escudos mensais. Já não me lembro, mas acho que o meu vencimento não chegava a 5.000,00, e tinhamos sido aumentados, nesse ou no ano anterior,  só os graduados,  já não havia dinheiro para aumentar as praças, o que fez, com razão,  que ouvíssemos " que fossemos sozinhos, para o mato"

Não conseguiram aliciar niguém, eramos contra a guerra e a favor da indepenência das colónias. Depois de passar à disponabilidade, o melhor que consegui foram  2.000,00 escudos mensais.  Mas, por dinheiro nenhum, coloburaria com a PIDE, já sabia das suas atrocidades, desde os 12 anos, quando fui para Lisboa.   

"Durante a Guerra do Ultramar Portuguesa, a PIDE - transformada na Direção-Geral de Segurança (DGS) em 1969 - era responsável pelas operações de recolha de informações estratégicas, investigação e ações clandestinas contra os movimentos guerrilheiros, em proveito das Forças Armadas e de segurança. Como tal foi decido criar uma força especial armada para auxílio e proteção dos agentes daquela polícia nas operações contra os guerrilheiros.

Os membros dos Flechas eram recrutados entre determinados grupos nativos, nomeadamente ex-guerrilheiros e membros da etnia bosquímane. Os bosquímanos eram exímios intérpretes de rastos e pistas deixadas no terreno pelo inimigo dada a sua experiência em perseguição de caça. Esses membros nativos eram enquadrados por oficiais do Exército e por agentes da PIDE e recebiam treino de forças especiais.

Com o decorrer da Guerra do Ultramar os Flechas revelaram-se uma das melhores forças antiguerrilha ao serviço de Portugal, indo progressivamente alargando o seu tipo de atuação. Se no início eram basicamente usados como guias e pisteiros dos agentes da PIDE, passaram posteriormente também a ser usados como forças de assalto em operações especiais. Pelo reconhecimento do seu elevado nível de eficácia, as próprias Forças Armadas passaram a solicitar frequentemente à PIDE o auxílio dos Flechas nas suas operações.

Algumas das operações frequentemente realizadas eram as chamadas "pseudo-terroristas", em que os Flechas, muitos deles ex-guerrilheiros, se disfarçavam de guerrilheiros para atacarem alvos que não podiam ser abertamente atacados por forças identificadas como portuguesas, como alvos em território estrangeiro e missões religiosas que auxiliavam terroristas.

Os Flechas atuaram sobretudo em Angola." 

 ( Wikipédia)

 

 

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publicado às 19:11


13 comentários

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De João-Afonso Machado a 22.03.2024 às 20:54

Muito fico sabendo, caro Amigo.
Um grande abraço obrigado.
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De cheia a 22.03.2024 às 21:09

Agradeço a sua visita.
Bom fim-de-semana, caro Amigo.

Um grande abraço.
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De cumplicedotempo a 22.03.2024 às 23:08

Que excelente partilha José, realidades de outrora que por vezes muito se escondem, não tinha conhecimento desses "flechas em particular"
por isso o meu obrigado
Abraço cúmplice
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De cheia a 23.03.2024 às 07:30

Eram os que faziam os trabalhos mais sujos, como acontecia com a PIDE.

Bom fim-de-semana.

Um abraço.
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De jabeiteslp a 23.03.2024 às 07:53

Conheci alguns em Moçambique
mas do Jardim
e não gostei do que aconteceu depois
abandonados por lá.
Bom e belo fim de Semana em harmonia e sorriso pra vocês José.
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De cheia a 23.03.2024 às 21:08

O Jardim era como se fosse o dono de Moçambique.

Noite tranquila para vocês, João.
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De Maria João Brito de Sousa a 23.03.2024 às 10:43

Quando eu e o meu falecido ex-marido éramos jovens, fazíamos parte de um grupo do qual éramos os mais jovens, os benjamins.

O meu ex-marido escapou por um mês ou dois à ida para Angola, mas quase todos os outros elementos foram convocados muito antes de Abril de 1974.

Tenho uma vaga ideia de algum deles nos ter falado nesses tais Flechas, mas gostei de ficar a saber que eles realmente existiram e que eram mais do que uma memória vaga e remota, pese embora serem braços armados da hedionda pide.

Outro abraço
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De cheia a 23.03.2024 às 20:37

Infelizmente existiram e praticaram muitas atrocidades.

Um abraço, Maria João!
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De Inês R. a 24.03.2024 às 15:06

Não sabia da existência destes grupos, mas não me surpreende. Fica a valentia e integridade de muitos como o José que não se deixaram tentar pelo dinheiro. Tempos difíceis da nossa história.
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De cheia a 24.03.2024 às 20:13

Todas as guerras deviam ser evitadas, porque não respeitam nada, nem ninguém, tudo é para destruir. Tive sorte por não ter tido necessidade de dar um tiro. Mas outros não tiveram essa sorte, o que fez com que tivessem ficado perturbados para o resto da vida.
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De Inês R. a 24.03.2024 às 21:00

Tal e qual. Para além de toda a morte e destruição, ficam os traumas e os problemas de adição. As guerras nunca trazem nada de bom.
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De MJP a 25.03.2024 às 14:17

Grata pela partilha, José! :))
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De cheia a 25.03.2024 às 15:58

Muito obrigado!
Resto de dia tranquilo, Zé!

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