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"Morrer de sede"

por cheia, em 13.11.20

As mazelas da guerra

 

Continuação

 

 

“Morrer de sede”

Nas muitas operações em que participámos, numa, ao contrário do que nos tinha acontecido antes, passámos um dia sem encontrar um único rio, o que fez com que começássemos a ficar desidratados

Pelo rádio, pedimos para nos irem indicar onde a sede saciar, quando o helicóptero fez um círculo por cima de nós e seguiu em direção ao rio, que nem estava muito longe, nós é que não sabíamos, todos correram e atiraram-se ao rio, parecendo um rebanho de ovelhas, em agosto

Alguns nem utilizaram o copo do cantil, beberam diretamente do rio!

Noutra foi o contrário, passámos os dias a atravessar rios, a vau, e num deles, com o sol a  dizer-nos adeus, levámos com uma trovoada, que a água nos chegou aos ossos

Não tivemos tempo de procurar um sítio para pernoitar, mal atravessámos o rio, já às escuras, montámos as tendas, pouco depois, apercebemo-nos que tínhamos como vizinhas as hienas cujos olhos, de noite, metem medo, e o cheiro é insuportável

Alguns, ainda se desviaram das vizinhas indesejáveis, mas tiveram dificuldade em montar as tendas, acabando por passarem a noite, embrulhados na manta, encostados aos troncos das árvores

Na minha tenda, já não me lembro se eramos 3 ou 4, optámos por tirar a roupa, porque é muito desagradável tentar dormir todo molhado, pendurámo-la dentro da tenda, de manhã, quando a vestimos, estava hirta, parecia que tinha estado no congelador

Foi uma noite para esquecer, pouco conseguimos dormir, as nossas vizinhas, acho que também não gostaram da vizinhança, porque passaram a noite a fazer barulho

Como estávamos todos tão cansados, o Capitão propôs que, em vez dos dois dias que tínhamos para voltar, o fizéssemos num dia, o que fez com que chegássemos todos “rebentados”

Tantos sacrifícios, tantos mortos, tantos estropiados, para nada!

 

Continua

 

 

 

 

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publicado às 08:00


14 comentários

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De Sandra a 13.11.2020 às 09:31

Tudo é mau, mas acho que o mais doloroso ainda é, apesar de tudo, a dor de reconhecer que foi para nada... um grande beijo e um abraço!🙏🌷🌼❤
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De cheia a 13.11.2020 às 18:14

Sem dúvida! Uma guerra que poderia ter sido evitada, uma vez que os outros países já tinha dado a independência às suas colónias, não aprendemos nada com isso.

Bom fim-de-semana!

Beijinhos
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De imsilva a 13.11.2020 às 11:00

Incongruências da vida, onde uns sofreram mais que outros.
Continuam a ser fantásticas memórias.
Um beijinho
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De cheia a 13.11.2020 às 18:18

Muito obrigado pelas encorajadoras palavras.

Bom fim-de-semana!

Beijinhos
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De Folhasdeluar a 13.11.2020 às 11:40

É muito importante que essas histórias reais sejam divulgadas...abraço e bom fim-de-semana
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De cheia a 13.11.2020 às 18:24

Também acho! Deveria haver mais interesse pela nossa História, incluindo a recente.
Bom fim-de-semana!
Um abraço
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De Luísa de Sousa a 13.11.2020 às 11:44

Tanto sofrimento José e para nada mesmo!


Beijinhos
Feliz Dia
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De cheia a 13.11.2020 às 18:31

Foi mesmo só sofrimento, como acontece com todas as guerras.

Boa noite!
Beijinhos
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De MJP a 13.11.2020 às 12:26

Tristes acontecimentos que não acrescentaram nada de bom a ninguém! :(
Grata pela partilha, José!
Bom fim-de-semana!
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De cheia a 13.11.2020 às 18:44

Sem dúvida! As guerras nunca trazem nada de bom.

Bom fim-de-semana!
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De jabeiteslp a 14.11.2020 às 08:15

O Cacimbo era feroz

Bom fim de Semana de Pandemia
bom dia com alegria pra vocês José.
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De cheia a 14.11.2020 às 12:08

O Cacimbo era o maior inimigo.

Um bom fim-de-semana para você e bom recolher obrigatório.
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De Existe um Olhar a 15.11.2020 às 21:44

Duras realidades, ou se passa sede, ou se fica encharcado
As hienas são, sem dúvida animais perigosos.
Gostei de ler mais um relato dramático.

Boa noite José
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De cheia a 16.11.2020 às 19:05

Muito obrigado pelo interesse por estes relatos!

Boa semana!

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