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As mazelas da guerra
Fui desafiado, pela amiga Alice Alfazema, para partilhar, o que chamo de mazelas da guerra
Ainda que seja muito penoso, mesmo depois de meio século, das mazelas da guerra falar! Vou tentar, convosco partilhar, as peripécias, de que, ainda, me consiga recordar.
As mazelas da guerra será uma rubrica, que vou tentar publicar à sexta-feira
A Partida
Portugal desaguou em Lisboa, no cais da Rocha de Conde de Óbidos, o sol não raiou, a lua perdeu o brilho e a beleza, tudo estava coberto de tristeza
O monstro dormiu no cais, ao contrário dos de mais, que não dormiram em nenhum lado, tudo ficou acordado, à espera da partida, do último abraço, do último beijo, do último ai
Pais, mães, esposas, irmãs, namoradas, tias, tios, amigas, amigos, unidos no último adeus, para alguns, com a certeza e na incerteza de quem eram os que, nunca mais, voltariam aos cais
As mães apertavam os filhos, como que querendo escondê-los, novamente, no seu ventre
O monstro urrou, a avisar, para que desatassem as amarras e os militares entrassem para o seu interior, a maré subiu devido às lágrimas derramadas
As mães assustaram-se, abriram os braços, e os seus filhos correram para o barco
Desatadas todas as amarraras: as humanas e as materiais fizemo-nos ao mar
Perdemos o Tejo, deixámos para trás a formosa, bela e fresca Sintra
Entrámos no Oceano Atlântico
Passadas vinte e quatro horas entrávamos no porto do Funchal, para, também, da Pérola do Atlântico, os seus filhos, levar
Só permitiram que nos ausentasse-mos por quatro horas, enquanto acabavam de saciar o monstro
Só deu para pouco apreciar, daquele lindo jardim, no meio do mar, plantado
Depois de muito lotado, os soldados bem se queixavam, os que tinham as camas colocadas junto às chaminés, onde era impossível dormir, devido ao calor, voltámos ao mar
O paquete Vera Cruz tinha sido adaptado para que, a maior quantidade de carne para canhão, pudesse levar
De novo no mar, foi só acelerar, numa feroz competição com a NASA, para ver quem chegaria primeiro, se nós a Lunda, se os astronautas à lua para aterrar
Infelizmente, mais uma vez, perdemos.
José Silva Costa
continua
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