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Primeiro de Maio
Um primeiro de Maio diferente
Com muito tempo para refletir
Num Mundo desequilibrado
Onde poucos têm tudo, e muitos não têm nada
Um Mundo de fachada, que não valoriza a qualidade humana
Em que o desenvolvimento foi baseado no desperdício
“ Usa e deita fora”
Com os serviços mais bem pagos que a produção
Os produtos essenciais são pagos a meio tostão
Os supérfluos valem um dinheirão
É tempo de reflexão
O fosso das desigualdades não pode continuar
Cada qual tem a sua função
Não é tempo de guerrilhas, mas de colaboração
Os recursos são escassos, não podemos continuar a desbarata-los
Há povos que deitam para o lixo o que faz falta a outros
Valores invertidos, prioridades invertidas, está tudo de pernas-para o ar
Vamos ver se esta pandemia, que nos veio mostrar o que é a igualdade
Se nos faz refletir e, alguma coisa, mudar
Porque ela veio interromper vidas, suspender outras, causar o caos
Um turbilhão, que a todos nos atirou ao chão
Como nos vamos levantar!
Se tudo mudou e não sabemos como vai ficar
Se não temos pão para, aos filhos, dar
Tudo parou, as empresas, os trabalhadores, estão a despedir
Neste primeiro de Maio, dia do trabalhador, o trabalho desapareceu
Pela primeira vez, o dia do trabalhador, mais parece o dia do desempregado
Como é que vai ser!
Se todos os dias temos de comer
Os senhores que só pensam em nos impressionar com as suas riquezas materiais, é que nos podiam responder
Por que razão não há uma melhor distribuição da riqueza produzida?
Há, assim, tanta diferença entre os seres humanos?
Que justifique que uns tenham tudo e os outros não tenham nada
As vaidades não elevam ninguém
Só o humanismo pode valorizar o que é humano.
José Silva Costa
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