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Lisboa!
Sete colinas para calcorrear
Subir ao alto de Santa Catarina para o teu encanto apreciar
Olhos de moura encantada, em cada esquina, em cada fachada
Compridos cabelos a cobrirem as colinas, até ao Tejo
Boca de romã perfumada, a beijar anoite e a madrugada
Seios de mármore, cinzelados, de bicos afiados, encanto de namorados
Cintura de varina, fina, como uma boneca, que duas mãos aperta
Pernas torneadas, como colinas bronzeadas, como as das alfacinhas
Lisboa, menina, varina, bailarina no Parque Mayer
Quem te viu crescer, para as avenidas novas, para o pico do Areeiro
Não imaginava que serias invadida por tanto turista estrangeiro
Perdeste a tua identidade, agora és uma outra cidade
Acabaram as varinas, a mulher da faca rica, o homem do ferro velho e o ardina
Tornaste-te mais fina, são só camones, nómadas informáticos, expulsaste os pobres
És cosmopolita, poliglota, de ti, todo o mundo gosta
Viraste barriga de aluguer, és toda alojamento-local
Já ninguém dorme, os aviões estão sempre a aterrar e a levantar
A trazer e a levar turistas de todo o mundo
Mas lá no intimo, continuas a ser a flausina de sempre
Sempre na moda, peitos bem esticados, olhos de amora, a desafiar quem te olha
Belicosa, espampanante, atraente, amante, por quem o Tejo tanto chora
Feiticeira, namoradeira, gingona, a imitar o baloiçar da varina atrevida
Depois de tantos anos de luta, conseguiste uma rica vida
Beijar e amar quem te visita!
José Silva Costa
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