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Há 60 anos!

por cheia, em 15.03.21

Amor & guerra

 

Há sessenta anos, a UPA (União dos povos de Angola) iniciou a luta armada no norte de Angola em 15/3/1961

Um casal, que vivia com a filha, foi assassinado. A Bárbara, sua filha, escondeu-se num abrigo, que havia na cave do estabelecimento, onde guardavam o dinheiro e as mercadorias de muito valor

O pai tinha construído aquele lugar secreto, a pensar na hipótese de um dia terem de o utilizar

Estava equipado e preparado, para passarem lá um mês ou mais. Tinha aposentos e uma despensa guarnecida, para os três viverem por algum tempo

A Barbara só saiu de lá quando viu, pelo óculo, bem disfarçado, os militares portugueses, que a incentivaram a abrir o estabelecimento, fazendo com que a vila voltasse a alguma normalidade

O comandante da companhia, vendo o estado dela, destacou uma secção, para a ajudar e proteger, para ver se ganhava confiança

Um militar apaixonou-se por ela, e ela por ele. Começaram a namorar, ele era o seu confidente e psicólogo, fazendo com que ela voltasse a viver

Foram poucos meses, uma vez que a companhia teve de ir para outra localidade, que ainda, estava ocupada, pelos guerrilheiros da UPA

Mais um grande choque para a Barbara, que continuava muito perturbada, pela morte dos pais. Mas conseguiu seguir com os seus planos de recuperar o negócio

Dois meses depois soube que estava grávida, mas nem sequer sabia o SPM (Serviço Postal Militar) da companhia do pai da criança, como é que o poderia informar de que era pai!

Seria que ele gostaria de saber que era pai, ou pelo contrário, negaria que aquele bebé, que estava para nascer, fosse seu!

 

 Carlos estava a cumprir o serviço militar obrigatório, faltavam-lhe seis meses, para passar à disponibilidade.

Namorava com a Miquelina, que era criada de servir, em Lisboa. Tencionavam casar-se, assim que ele saísse da tropa, e saírem do país

Primeiro iria ele, a seguir iria ela. Mas, as suas vidas mudaram de um dia para o outro. Ao começar a guerrilha em Angola, em vez de passar à disponibilidade, foi mobilizado, para ir para Angola

Com os sonhos desfeitos, os últimos dias, antes do embarque, foram de nervosismos e ansiedade, não se conformando com o que lhes aconteceu

Naqueles tempos, as raparigas, que não chegassem ao casamento virgens, eram severamente criticadas

Sem métodos anticoncecionais ao seu dispor, faziam os possíveis para não permitirem relações sexuais antes desse dia

A Miquelina resistiu quanto pôde, mas no último dia antes do embarque, o Carlos conseguiu convencê-la a terem relações sexuais antes de ele embarcar

Em menos de uma semana, a guerra separou-os, matando a felicidade, que há anos vinham construindo. As guerras, a uns matam os corpos, a outros os sonhos .

  Continua

 

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publicado às 08:04


20 comentários

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De imsilva a 15.03.2021 às 11:18

Belas historias que nos contas...
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De cheia a 15.03.2021 às 14:18

Muito obrigado! Espero que consiga cativar a atenção das leitoras e leitores.
Boa semana!
Beijinhos
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De Rute Justino a 15.03.2021 às 12:54

Obrigada pela partilha
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De cheia a 15.03.2021 às 14:05

Muito obrigado !
Boa tarde!
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De Francisco Carita Mata a 15.03.2021 às 13:21

Parabéns, José. Vai iniciar outra narrativa. Pois, venham daí, essas histórias. Com muita saúde.
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De cheia a 15.03.2021 às 14:12

Sim, iniciei outra narrativa que, espero, consiga "prender" as leitoras e leitores.
Agradeço as suas amáveis e encorajadoras palavras, Francisco.

Boa semana com muita saúde.
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De Folhasdeluar a 15.03.2021 às 16:00

As guerras matam tudo...ainda me lembro do embarque dos soldados no cais da Rocha Conde de Óbidos e a tristeza que por lá grassava...:))) abraço
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De cheia a 15.03.2021 às 19:42

As guerras, ninguém as ganha, todos perdem, com elas.

Boa noite!
Um abraço
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De Luísa de Sousa a 15.03.2021 às 16:15

Oh José ... lembro-me tanto de relatos como estes que nos contas!
Com muita infelicidade provocada por uma guerra sem sentido!


Beijinhos
Resto de Dia Feliz
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De cheia a 15.03.2021 às 19:48

Nenhuma guerra foi ganha, todas são horríveis, todos perdem, com elas.
Boa noite, Luísa!
Beijinhos
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De Inês R. a 15.03.2021 às 20:24

A dura realidade daqueles tempos. Gostei muito do paralelo que estabeleceu entre as duas histórias. Ficamos com vontade de saber mais.
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De cheia a 15.03.2021 às 21:49

Muito obrigado, pelo grande interesse demonstrado!

Boa noite!
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De MJP a 16.03.2021 às 21:17

Grata pela partilha, José! :))
Boa noite!
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De cheia a 16.03.2021 às 22:20

Muito obrigado, Zé!

Feliz noite!
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De jabeiteslp a 17.03.2021 às 07:53

A desgraça dos tempos
nos seus contratempos
e as mentalidades da Época

Bom dia com alegria pra vocês José.
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De cheia a 17.03.2021 às 15:10

Felizmente, os tempos mudaram, mas as guerras não acabaram! Novos ventos sopraram e algumas mentalidades mudaram, para melhor.
Bom resto de dia para vocês, com saúde e alegria.
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De Daniela a 30.03.2021 às 16:33

E assim se destroem sonhos e desejos.
Muito destruídos nestas alturas por falta de comunicação.
Que triste.
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De cheia a 30.03.2021 às 20:24

Sem dúvida! Tantos sonhos destruídos.
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De Corvo a 06.04.2021 às 13:56

Olá José.
estou a ler e a gostar muito. vou continuar e penso que antes do fim-de-semana terei lido tudo.
Diz, a certo momento desta história"Naqueles tempos, as raparigas, que não chegassem ao casamento virgens, eram severamente criticadas.
Também vivi isso.
E não era necessário ir tão longe Os valores morais da época no que à mulher disse respeito eram elevados ao extremo.
Bastava um beijo. um simples e inofensivo beijo escondido em qualquer recanto, mas se desgraçadamente fosse presenciado por alguma alminha caridosa, - e nesse tempo alminhas caridosas proliferavam por tudo que era sítio, bastava, dizia , para a menina ficar completamente desacreditada e a sua reputação definitivamente arruinada.
Dizia-se então.
- Quem, aquela? Ah tem muito para contar. Mais uma para tia. Quem é que vai querer casar com ela?
Levava-se a boca ao ouvido para que o mundo não escutasse tamanha infâmia.
- Já beijou. Fulano ou fulana viu-a tal dia no jardim aos beijos, vê lá tu.
- Quem Ela? Quem havia de dizer. Parecia ser tão boa rapariga.
Tempos difíceis, esses.
Vou ler mais um bocado.
Feliz dia e grande abraço.
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De cheia a 06.04.2021 às 23:33

Muito obrigado. Isso é que vai ser uma maratona. Tempos muito difíceis, como diz!
Boa quarta-feira!
Um abraço.

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