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Conto de Natal

por cheia, em 20.12.24

Conto de Natal                         https://imsilva.blogs.sapo.pt

Nasceram e viveram na sua terra, tal como os pais, criaram os muitos filhos, com o que conseguiam tirar da terra

Não foram à escola, não havia escolas por perto, eram todos analfabetos. Só por volta de meados do século XX é que começara a construção das escolas primárias, naquelas povoações

Desde os seus tenros anos que começaram a trabalhar, era preciso ajudar a criar os irmãos

As raparigas trabalhavam fora e dentro de casa, enquanto os rapazes, normalmente, só trabalhavam fora de casa

Sempre brincaram juntos, nos poucos momentos em que isso foi possível, no campo, quando não estavam acompanhados pelos pais

Cresceram, praticamente, juntos, houve, sempre, um bom entendimento entre ambos, os trabalhos no campo, juntava-os

Assim, foram crescendo, quando atingiram a puberdade começaram a namorar

“ O lume ao pé da estopa vem o diabo e sopra”

Como eram muito pobres, aproveitaram a tradição de não se casarem, mas juntarem-se

Combinavam o dia em que se juntavam, se tivessem uma casinha, iam viver sozinhos, caso não a conseguissem arranjar, normalmente, o rapaz, na noite combinada, com a concordância dos pais, levava a rapariga para a sua casa

Seguiram os passos dos pais, tiveram doze filhos, que criaram com muito sacrifícios, eram sete raparígas e cinco rapazes

Ao contrário dos pais, todos tiveram direito de ir à escola, ajudavam os pais, quando não tinham aulas, todos fizeram a quarta classe, mas nenhum quis ficar a trabalhar no campo

Os tempos estavam a mudar: rapazes e raparigas procuravam trabalho nas grandes cidades, quando iam de férias, às suas terras, apresentavam-se bem vestidos e sem as mãos calejadas

Outros procuravam melhores condições de vida, no estrangeiro, o que fez com que os doze irmãos se espalhassem pelo mundo

Todos os anos, pelo Natal, alguns vinham-no passar com os pais, mas nunca se juntavam todos

Os pais ficavam muito felizes com a presença dos filhos e alguns netos, mas o que, sempre, lhes pediam era que conseguissem combinar, para que viessem todos, porque gostavam de voltar a vê-los todos juntos

No ano em que os pais fizeram noventa anos, pelo Natal, todos os filhos e netos compareceram à ceia de Natal

Quando os viram entrar, ficaram muito felizes, mas preocupados por a casa ser pequena para tanta gente e não haver comida para todos, mas os filhos e netos sossegaram-nos, dizendo que tinham trazido comida e que a casa onde tinham sido criados continuava a ser muito acolhedora

A velhinha casa voltou a iluminar-se de vozes, sorrisos, abraços e beijos

Depois da animada ceia, os pais disseram-lhes que a sua presença tinha sido a melhor prenda de Natal, que tinham tido.

José Silva Costa

 

  

 

 

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publicado às 07:49


23 comentários

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De jabeiteslp a 20.12.2024 às 08:05

Bonito isto que li José.
Quase fim de Semana
que sej a um belo dia pra vocês.
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De cheia a 20.12.2024 às 18:54

Muito obrigado.

Bom fim-de-semana para vocês, com saúde e alegria, João.
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De esquisita a 20.12.2024 às 08:44

Um belo conto, que pode ser, também, a história da vida de muitas famílias
Desejo um bom dia e um feliz Natal
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De cheia a 20.12.2024 às 18:51

Muito obrigado!
Bom fim-de-semana e um feliz Natal.
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De Maria João Brito de Sousa a 20.12.2024 às 09:02

Belo conto, Cheia!

E deve, realmente, corresponder aos natais de muitas famílias portuguesas, embora nem todos tenham a sorte de chegar aos noventa rijos que nem peros!

Bom fim-de-semana e um abraço
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De cheia a 20.12.2024 às 18:38

Infelizmente, somos um país de grandes desigualdades.

Bom fim-de-semana, Maria João.

Um abraço.

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De Maria João Brito de Sousa a 20.12.2024 às 20:45

Infelizmente, sim, somos um país de grandes desigualdades, precisamos de bons aplainadores a ver se isto fica um pouco mais homogéneo. Por enquanto, são só montanhas altíssimas e uma infinidade de pequeninos vales tão sufocados por elas que o Sol mal as consegue iluminar um pouco.

Bom fim-de-semana, Cheia.

Outro abraço
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De Daniela Barreira a 20.12.2024 às 09:45

Que bonito, José!
É mesmo o melhor presente.
Um dia feliz e um abraço 🌻
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De cheia a 20.12.2024 às 18:28

Muito obrigado, Daniela!
O Natal é a festa da família.

Bom fim-de-semana e um abraço.
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De Maribel Maia a 20.12.2024 às 10:22

Encontros de gerações!!
Beijinhos
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De cheia a 20.12.2024 às 18:14

É o que esperamos, no Natal.

Bom fim-de-semana, Maribel!

Beijinhos
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De Isabel Paulos a 20.12.2024 às 11:01


Bom fim-de-semana, José.
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De cheia a 20.12.2024 às 17:57

Também lhe desejo um bom fim-de-semana, Isabel.
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De Folhasdeluar a 20.12.2024 às 12:33

Nada como a família toda junta...:)))feliz Natal
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De cheia a 20.12.2024 às 14:08

Vale mais que todo o consumismo.

Um feliz Natal para todos.

Um abraço.
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De Solu@ a 20.12.2024 às 16:33

Belo conto de Natal! Que todos os Natais sejam memoráveis com a familia unida!
Beijinhos e Feliz Natal!
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De cheia a 20.12.2024 às 17:54

Muito obrigado.
Feliz Natal, para todos!

Beijinhos
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De imsilva a 21.12.2024 às 22:07

É o sentido do Natal, que as famílias se possam juntar, ao menos uma vez por ano.
Belo conto.
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De cheia a 21.12.2024 às 22:15

O Natal têm uma força agregadora, como nenhuma outra data.
Boas Festas, Isabel!
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De cumplicedotempo a 25.12.2024 às 17:14

Tão bonito este conto amigo José, a melhor prenda é a presença daqueles que amamos e estimamos , nesta quadra e em qualquer altura do ano
Abraço cúmplice e continuação de festas felizes
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De cheia a 25.12.2024 às 19:36

Boa noite caro Amigo. Resto de Boas Festas.

Um abraço.

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