Voltar ao topo | Alojamento: Blogs do SAPO
Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Amor & guerra (20)
Para os pais da Miquelina foi um grande choque, saberem que o futuro genro tinha uma perna amputada, mas nunca o demonstraram à filha. Sempre com palavras animadoras foram-lhe dizendo que podia muito bem fazer uma vida normal e que poderiam ser muito felizes os três
Ficaram animados quando a filha lhes disse que os antigos patrões lhe prometeram que arranjavam um emprego para o Carlos. Regozijaram-se por haver pessoas tão boas
Passaram a viver em função da filha e do neto. Queriam aproveitar a estarem com eles o máximo de tem possível. Sabiam que quando fossem para Lisboa, raramente os veriam
Estava a começar uma época em que os pais só conviviam com os filhos, enquanto não eram autónomos, depois mal os viam, porque iam para as grandes cidades, ou para o estrangeiro
O fim da segunda guerra mundial veio impor um novo ritmo, com a Europa destruída, foi preciso muita mão-de-obra, para a reconstruir. Por isso é que os países fechavam os olhos à emigração clandestina, às desumanas condições em que os portugueses trabalhavam e viviam, nos países para onde fugiam, a salto
Portugal ficou sem a sua juventude, os que não estavam na guerra, estavam no estrangeiro Mas, os governantes, também nada faziam para estancar essa sangria, porque as divisas, canalizadas para o país, eram preciosas para continuarem a alimentar a guerra em Angola, na Guiné e em Moçambique
Em Angola, nalgumas cidades, a euforia continuava, a grande quantidade de jovens europeus, fazia com que os negócios florissem, que a vida social ganhasse um novo brilho, os grandes eventos continuavam de-vento-em-popa, como acontecia com o grande prémio de automobilismo: ” as seis horas de Nova Lisboa”
A Bárbara nuca mais pensou em ir para a Metrópole. Quase todos os dias, ela e o Firmino eram convidados para festas, onde se exibia a bela vida de quem não lhe falta nada, nem tem mais nada para fazer, onde o clima convida ao prazer
Continuavam a viver: “Naquele ingano d` alma ledo e cego
Que a fortuna não deixa durar muito….” (1,2)
Em Lisboa, O general António de Spínola, publica o seu livro
: “ Portugal E O Futuro”, onde expõe as suas ideias para a solução da guerra, nas colónias, dando a entender que tínhamos de procurar outras opções.
(1) Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, canto III, estância 120
(2) Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, Acto primeiro, Cena 1
Continua.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.