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O valor da vida
Nascer, numa terra pobre
Sempre em guerra civil
Confrontos entre religiões
Todos os dias confusões
Disputas por botões de marfim ou cetim
A incerteza das expectativas
A fome, o choro dos filhos a pedirem pão
A tristeza de ver a morte, todos os dias
Fez com que procurássemos onde fosse possível viver
Tantos quilómetros para percorrer
Um mar largo e fundo
Uma traineira sem lotação
Transformada num enorme caixão
Mulheres e crianças fechadas no porão
Os que nos podiam dar a mão
Deram-nos um empurrão
Choraram lágrimas de crocodilo
Decretaram dias de luto
Como se isso ressuscitasse mais de meio milhar de vidas
Há vidas que não têm valor nenhum
Enquanto outras têm o valor da vida
Ninguém se indignou
Fosse outra, ainda que só uma, a vida perdida
Toda a Europa, ou todo o mundo, se teria indignado
É tão triste nascer no sítio errado!
Por todos ser escorraçado
Não esperávamos que fossemos desejados
Mas que, ao menos, fossemos tolerados
Só queríamos viver!
Dar aos nossos filhos: pão, paz, educação, habitação
Mas, quis a má sorte que encontrássemos a morte
E o fundo do mar, como caixão
José Silva Costa
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