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Mais um ano, mais uma vez a cica-macho lançou o seu espigão, na esperança de arranjar uma parceira, mas ainda não foi desta. A companheira ou companheiro, continua a não querer mostrar a sua orientação sexual, vai ter de continuar a esperar, que ele ou ele atinja a idade da reprodução, para saber se acasalam.
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Esta bonita cica, ornamentada por uma linda carnuda, continua a não qurerer revelar o seu sexo, ainda pensámos que fosse este ano, antes de lançar as jovens folhas, mas não. Acho que está zangada, por estar num vaso, enquanto a cica-macho está no chão. Já lhe prometi que, caso seja fêmea, colocá-la-ei, no chão, ao lado da cica-macho, para poderem namorar à vontade.
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Posto me tem fortuna em tal estado,
E tanto a seus pés me tem rendido!
Não tenho que perder já, de perdido,
Não tenho que mudar já, de mudado.
Todo o bem para mim é acabado;
Daqui dou o viver já por vivido;
Que, aonde o mal é tão conhecido,
Também o viver mais será escusado.
Se me basta querer, a morte quero,
Que bem outra esperança não convém,
E curarei um mal com outro mal.
E pois do bem tão pouco bem espero,
Já que o mal este só remédio tem,
Não me culpem em querer remédio tal.
Luís de Camões
Porque a tamanhas penas se offerece
Por o peccado alheio, e êrro insano,
O Trino Deos? Porque o sogeito humano
Não póde co'o castigo que merece.
Quem padecerá as penas que padece?
Quem soffrerá deshonra, morte e dano?
Quem será, se não for o Soberano
Que reina, e servos manda, e obedece?
Foi a fôrça do homem tão pequena,
Que não pôde soster tanta aspereza,
Pois não sosteve a Lei que Deos ordena.
Mas soffre-a aquella immensa Fortaleza
Por amor puro; que a mortal fraqueza
Foi para o êrro, e não ja para a pena.
Luís de Camões
Por sua Nympha Céphalo deixava
A Aurora, que por elle se perdia,
Postoque dá principio ao claro dia,
Postoque as roxas flores imitava.
Elle, que a bella Procris tanto amava,
Que só por ella tudo engeitaria,
Deseja de tentar se lhe acharia
Tão firme fé, como ella nelle achava.
Mudado o trage, tece hum duro engano;
Outro se finge, preço põe diante;
Quebra-se a fé mudavel, e consente.
Oh subtil invenção para seu dano!
Vêde que manhas busca hum cego amante
Para que sempre seja descontente!
Por cima destas águas forte e firme
Irei aonde os Fados o ordenárão,
Pois por cima de quantas derramárão
Aquelles claros olhos pude vir-me.
Ja chegado era o fim de despedir-me;
Ja mil impedimentos se acabárão,
Quando rios de amor se atravessárão
A me impedir o passo de partir-me.
Passei-os eu com ânimo obstinado,
Com que a morte forçada gloriosa
Faz o vencido ja desesperado.
Em qual figura, ou gesto desusado,
Póde ja fazer medo a morte irosa
A quem tẽe a seus pés rendido e atado?
Luís de Camões
Por os raros extremos que mostrou
Em sábia Pallas, Venus em formosa,
Diana em casta, Juno em animosa,
Africa, Europa e Asia as adorou.
Aquelle saber grande que juntou
Esprito e corpo em liga generosa,
Esta mundana máchina lustrosa,
De sós quatro elementos fabricou.
Mas fez maior milagre a natureza
Em vós, Senhoras, pondo em cada hũa
O que por todas quatro repartio.
A vós seu resplandor deo sol e lũa:
A vós com viva luz, graça e pureza,
Ar, Fogo, Terra e Agua vos servio.
Luís de Camões
Pede o desejo, Dama, que vos veja:
Não entende o que pede; está enganado.
He este amor tão fino e tão delgado,
Que quem o tẽe, não sabe o que deseja.
Não ha cousa, a qüal natural seja,
Que não queira perpétuo o seu estado.
Não quer logo o desejo o desejado,
Só porque nunca falte onde sobeja.
Mas este puro affecto em mim se dana:
Que, como a grave pedra tẽe por arte
O centro desejar da natureza;
Assi meu pensamento por a parte,
Que vai tomar de mi, terreste e humana,
Foi, Senhora, pedir esta baixeza.
Luís de Camões
Passo por meus trabalhos tão isento
De sentimento grande nem pequeno,
Que só por a vontade com que peno
Me fica Amor devendo mais tormento.
Mas vai-me Amor matando tanto a tento,
Temperando a triaga co'o veneno,
Que do penar a ordem desordeno,
Porque não mo consente o soffrimento.
Porém se esta fineza o Amor sente
E pagar-me meu mal com mal pretende,
Torna-me com prazer como ao sol neve.
Mas se me vê co'os males tão contente,
Faz-se avaro da pena, porque entende
Que quanto mais me paga, mais me deve.
Luís de Camões
Flores vermelhas
Flores quentes de Junho
Amores doces de verão
Apertam o meu coração
Beijos eternos te verão
Os meus olhos rasos de comoção
Nos teus rosáceos lábios de romã
Deposito os meus desejos
Ver-te feliz são os meus ensejos
Na formosura dos teus beijos
Aqueço todo o meu corpo
Na silhueta do teu olhar
Vejo todos os meus sonhos a navegar
Minha flor, quão doce é o amor
Embalado pela tua formosura
No ar puro da tua doçura
Onde colocamos a noite segura
Com a lua esguia à mistura
A iluminar os beijos na tua cintura
De bailarina de dança do ventre
Nas mil umas noites dormidas no vento
Os bonitos sonhos foram o nosso sustento
Nos teus sedosos cabelos coloco um beijo sedento
Meu amor, minha flor, somos o fermento
Abraçados continuaremos a desafiar o momento.
José Silva Costa
Para se namorar do que criou,
Te fez Deos, sacra Phenix, Virgem pura.
Vêde que tal seria esta feitura
Que para si o seu Feitor guardou!
No seu alto conceito te formou
Primeiro que a primeira criatura,
Para que unica fosse a compostura
Que de tão longo tempo se estudou.
Não sei se digo em tudo quanto baste
Para exprimir as raras qualidades
Que quiz criar em ti quem tu criaste.
Es Filha, Mãe, e Esposa: e se alcançaste
Huma só, tres tão altas dignidades,
Foi porqu'a Tres de Hum só tanto agradaste.
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