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Quingentésimo ano (5)

por cheia, em 05.01.24

 A violeta mais bela que amanhece

No vale, por esmalte da verdura,

Com seu pálido lustre e formosura,

Por mais bela, Violante, te obedece.

 

Perguntas-me porquê? Porque aparece

Em ti seu nome e sua cor mais pura;

E estudar em teu rosto só procura

Tudo quanto em beldade mais florece.

 

 Ó luminosa flor, ó Sol mais claro,

Único roubador do meu sentido,

Não permitas que Amor me seja avaro!

 

Ó penetrante seta de Cupido,

Que queres? Que te peça, por reparo.

Ser, neste vale, Eneias desta Dido?

Luís de Camões

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:56

Quingentésimo ano (4)

por cheia, em 04.01.24

 Será a serra de Sintra?

 

A formusura desta fresca serra

E a sombra dos verdes castanheiros,

O manso caminhar destes ribeiros,

Donde toda a tristeza se desterra;

 

O rouco som do mar, a estranha terra,

O esconder do sol pelos outeiros,

O recolher dos gados derradeiros,

Das nuvens pelo ar a branda guerra;

 

Enfim, tudo o que a rara natureza

Com tanta variedade nos of`rece,

Me está, se não te vejo, magoando.

 

Sem ti, tudo me enjoa e me aborrece;

Sem ti, perpetuamente estou passando

Nas mores alegrias mor tristeza.

Luís de Camões

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publicado às 07:55

Quingentésimo ano (3)

por cheia, em 03.01.24

Enquanto quis Fortuna que tivesse

Esperança de algum contentamento,

O gosto de um suave pensamento

Me fez que seus efeitos escrevesse.

 

Porém, temendo Amor que aviso desse

Minha escritura a algum juízo isento,

Escureceu-me o engenho co` o tormento,

Para que seus enganos não dissesse.

 

Ó vos que Amor obriga a ser sujeitos

A diversas vontades: quando lerdes

Num breve livro casos tão diversos

 

(Verdades puras são e não defeitos),

Entendei que, segundo o amor tiverdes,

Tereis o entendimento de meus versos.

Luís de Camões

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:55

Quingentésimo ano (2)

por cheia, em 02.01.24

Descrição de Portugal

20
"Eis aqui, quase cume da cabeça
De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa,
E onde Febo repousa no Oceano.
Este quis o Céu justo que floresça
Nas armas contra o torpe Mauritano,
Deitando-o de si fora, e lá na ardente
África estar quieto o não consente.

21
"Esta é a ditosa pátria minha amada,
A qual se o Céu me dá que eu sem perigo
Torne, com esta empresa já acabada,
Acabe-se esta luz ali comigo.
Esta foi Lusitânia, derivada
De Luso, ou Lisa, que de Baco antigo
Filhos foram, parece, ou companheiros,
E nela então os Íncolas primeiros.

 

( canto III, est. 20-21)

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publicado às 07:53

Quingentésimo ano (1)

por cheia, em 01.01.24

Camões

Quingentésimo ano do nascimento de Camões

… eu cano peito ilustre lusitano

A quem Neptuno e Marte obedeceram

 

O dia em que nasci moura e pereça,

Não o queira jamais o tempo dar;

Não torne mais ao mundo, e, se tornar,

Eclipse nesse passo o Sol padeça.

 

A luz lhe falte, o Sol se lhe escureça,

Mostre o mundo sinais de se acabar,

Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,

A mãe ao próprio filho não conheça.

 

As pessoas pasmadas, de ignorantes,

As lágrimas no rosto, a cor perdida,

Cuidem que o mundo já se destruiu.

 

Ó gente temerosa, não te espantes,

Que este dia deitou ao mundo a vida

Mais desgraçada que já mais se viu!

Luís de Camões

 

 

 

 

 

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publicado às 08:17

2024!

por cheia, em 01.01.24

2024!

Que sejas bem-vindo

Que tragas paz, amor, saúde, alegria e felicidade, para todos

Todos os anos o recebemos com toda a euforia

Não faltam foguetes, champanhe e muita folia

Sempre, na esperança, que num novo ano, nasça um novo mundo

Onde caibamos todos, sem ódios, nem explorações

E, que por fim, se abracem todas as nações

Não há factos nem razões

Para que os povos andem, sempre, em convoluções

Se o que ambicionamos é paz, pão, habitação

Para quê tantas desigualdades e rancores?

Não nos bastam as dores!

Vamos dar uma oportunidade às bonitas flores

Que todos os dias nos apelam para que vejamos as suas cores

Que não esqueçamos que são a melhor prenda, para os nossos amores

Têm perfumes, muito brilho, encanto, e estão sempre ao nosso dispor

Que 2024 seja um ano diferente, melhor, tem mais um dia

Que contrarie o velho ditado: ano bissexto, “palha e tudo no cesto”

Antigamente, os agricultores não gostavam nada dos anos bissextos

Em cada novo ano, aumenta a esperança

Que vai ardendo ao longo do ano

O ano acaba, mas a esperança nunca morre

Andamos nesta andança

A cada ano novo reacendemos a esperança.

 

Feliz Ano Novo, para todas e todos!

 

José Silva Costa

 

   

 

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publicado às 07:55

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