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A chegada da Primavera
Sons e perfumes são raios de luz
Tens a alegria e o brilho que a todos seduz
Em Março todos queremos o teu abraço
Trazes a esperança da renovação
És a mais bonita Estação
Muitas e bonitas flores enchem os nossos olhos
Toda a Natureza se enfeita para te receber
As aves ensaiam bonitas melodias
Para te oferecerem ao nascer dos dias
Que é quando se constroem as harmonias
E se houve as mais bonitas sinfonias
É quando as flores acordam e se beijam
Dando as boas vindas ao sol
Tão importante para todas as vidas
São noites mal dormidas
Para te prepararem as boas vindas
Mais ninguém é recebido com tanto carinho
São flores, são perfumes, são sinfonias e hinos.
José Silva Costa
Paragem
Há três anos o mundo parou todo ao mesmo tempo, um inédito acontecimento
Foi uma grande contrariedade que nos vai por muito tempo afetar
Bem queríamos passar pelos intervalos dos pingos da chuva
Já nos bastaram as restrições, o afastamento dos ente-queridos, o confinamento
Mas, infelizmente, temos de pagar as consequências da grande paragem
Não saímos disto: 2008, 20014, 2020, 2022, quando pensamos que é desta que nos erguemos, levamos novo abanão
Como não há uma sem duas, o Putin achou que, depois da pandemia, era a melhor altura para abocanhar o resto da Ucrânia
A inflação já nos vinha a perseguir, e com a pandemia aproveitou para acelerar, para os mais pobres, ainda, mais empobrecer
Quando abriram as portas do mundo, ninguém quis saber dos efeitos de termos estado todos parados
Todos correram a fazer o que os impediram, durante tanto tempo de fazerem, e que tanto os deprimiu
Tinham poupado algum dinheiro era preciso gastá-lo, antes que ficasse fora de prazo
Comprar roupa e calçado, viajar, ao restaurante ir almoçar e jantar, para o tempo recuperar
Com a procura a superar a oferta, a inflação não dá sinais de abrandar
Com os Bancos e os Governos a faturarem e a esfregarem as mãos de contentes, que fazer aos descontentes?
Deram-lhes umas migalhas, para continuarem a dar trabalho aos dentes
A inflação é uma menina indomável, com quem os economistas não sabem como lidar
Dizem que é como a pasta de dentes, que depois de sair do tubo, dificilmente volta entrar
No princípio a causa da sua subida foi o preço da energia, que já baixou para o nível antes da guerra, mas ela continua nos altos pireneus
Aqueles que têm como missão fazê-la baixar para os dois por cento, sem saber o que fazer, perguntaram aos computadores como proceder
Obtiveram como resposta: subam os juros até os consumidores perceberem que a pandemia e guerra exigirão sacrifícios, por mais uns tempos, e disseram mais, estão muito mal habituados, antigamente contentavam- se com os legumes e frutas da época, hoje comem de tudo todos os dias
E, também, têm de perceber, que o clima está a mudar, quem não tem estufas aquecidas, não faz as alfaces, os tomates, os pepinos……., no inverno, crescerem
Espero que o doente não morra da cura, os bancos estavam todos contentes por subirem os juros dos empréstimos e não pagarem nada pelos depósitos, mas já começaram a tremer
É certo que algumas pessoas continuam a proceder como se nada tivesse acontecido, senão os destinos de férias da Páscoa não estariam todos esgotados
Mas não é a subirem os juros à bruta, que vão fazer a inflação descer, sem matarem a economia, que tem muito que se lhe diga.
José Silva Costa
Mar morto
Oh bonita e formosa Europa!
Os teus nem sempre te dão o teu devido valor
Mas não falta quem queira em ti viver
Arriscam tudo, sujeitam-se até a morrer
Metem-se em pequenos barcos para em ti entrar
Nada os faz parar, querem encontrar onde sonhar
Muitos têm pago com a vida o sonho de viver
O teu mar tornou-se num grande cemitério
Mas quem foge da fome, da guerra, de nada tem medo
A vida de quem tem sonhos é um grande enredo
Não pode toda a vida esperar, mais tarde ou mais cedo
Faz-se ao mar, semeia todas as esperanças, para colher os sonhos
Nem todos os querem acolher, mas não os podemos deixar no mar morrer
Melhor seria que pudessem viver onde nasceram
Mas, para isso era preciso que houvesse equilíbrio entre pobres e ricos
Cooperação, solidariedade, menos vaidade, desperdiço e mais humanidade
Ninguém é feliz rodeado de esfomeados, maltratados, explorados
Para muitos a vida é feita de muitos riscos
Outros só conhecem o paraíso
Infelizmente, os donos do Mundo estão, de novo, em grande competição, para encontrarem o vencedor
Até o vencedor ser encontrado, vão matando, a-torto-e-a-direito, sem dó nem piedade
Acima de tudo está o seu poder e a sua vaidade.
José Silva Costa
Dia Internacional da Mulher
Mulheres, flores delicadas, perfumadas
O seu sonho é serem desejadas, amadas, respeitadas
Se possível, também, serem admiradas, reconhecidas
Ombrearem com os homens em todos os patamares
Sem inferioridade nem superioridade
Num ambiente saudável e de igualdade
Entre homens e mulheres, meninas e meninos, rapazes e raparigas
Na divisão do trabalho dentro de casa
Para que todos tenham mais tempo para comtemplar a lua
Mais tempo para sorrir, brincar, dormir e ver quem passa na rua
Tudo bem repartido, dividido, bem conversado e participado
Na harmonia de que todos somos capazes, úteis e eficazes
Cada um com as suas habilidades, dificuldades, ansiedades
A vida não tem de ser a azia, que nos acompanha ao longo do dia
Se mulheres e homens contribuírem para horas e dias mais felizes
O mundo poderá um dia ser mais bonito e colorido
Será difícil fazer dele um paraíso!
Mas, se a maioria tiver bom coração e juízo
Poderão evitar que caíamos no precipício
Por não sabermos ou nos termos esquecido
O que levou à criação das Nações Unidas
Voltámos a gastar mais dinheiro em armas
Dinheiro que nos faz tanta falta, para coisas melhores, para todos nós
Estávamos fartos de estar bem!
Voltámos a cair na tentação de eleger ditadores.
José Silva Costa
Cheiro
Já cheira a Primavera
Os passarinhos andam aos beijinhos
Passam os dias na construção dos ninhos
Sempre a namorar, para a canseira suavizar
Também eles se queixam do custo das casas
Fazer uma casa robusta, dá muita luta
Encontrar um lugar seguro, resistente ao vento e a todo o elemento
Para além da robustez do lugar, é preciso, com todos os inimigos, contar
Quem é que não gosta de uma casinha a ver o mar!
Sem ninguém a incomodar
É tão bom ter um bom lar!
Uma companheira e ver os filhos a palrear
De alegria, por a mãe os amamentar
Uma ternura de encantar!
Vê-los crescer, fazer o que já fizemos, e esperar que nos deem netos
Cheios de graça, ternura, birras, mimos e afetos
Tem sido assim ao longo dos séculos
Com mais ou menos tecnologia, com mais ou menos guerras
Infelizmente, há povos que continuam à espera
Que o progresso os empurre para dias melhores
Que não envenenem as meninas na sala de aula
Para as privarem da educação e lhes roubarem a compreensão
Mantê-las na ignorância, porque saber é poder
Alguns homens continuam só para si o querer
Sem se importarem com quem está a sofrer
Com quem tem de enfrentar todos os perigos
Para da fome, das guerras, das arbitrariedades fugir
Morrer é um mal menor, que em tais condições viver.
José Silva Costa
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