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Adeus Junho!

por cheia, em 30.06.22

Adeus junho, até para o ano!

 

Junho está a terminar

O mês dos Santos Populares está a acabar

Foi um mês de muita folia e alegria

Como que uma preparação para as férias

Estamos todos desejosos de recuperar o tempo perdido

Parece que não aprendemos, com a pandemia, o devido

Continuamos nas correrias, como se nada tivesse acontecido

Para além da pandemia, estamos a sofrer as consequências de uma guerra

Continuamos “ naquele ingano d´alma ledo e cego/ Que a fortuna não deixa durar muito…” (1)

Não podemos ser só cigarras, também temos de ser formigas

O verão passa num ápice

O outono e o inverno podem ser frios: um inferno!

Temos de nos preparar para os novos tempos

A falta de energia pode ser um grande contratempo

No verão, ainda, podemos dormir ao relento

Mas no inverno o melhor é termos um bom teto

O que todos os pobres ambicionam

Onde possam, as poucas horas de descanso, passar

Como é bom termos uma casa para nos acarinhar!

Todos os dias quando chegamos cansados do trabalho, do duro dia

Num mundo tão desigual muitos nunca, esse carinho, vão saborear

Nem sequer têm uma almofada onde o sono deitar.

José Silva Costa

 

  • Lusíadas, canto III, estrofe 120

 

 

 

 

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publicado às 07:59

Sonhos de verão!

por cheia, em 23.06.22

Sonhos de verão

Sonhamos com as férias, novas paisagens, novas cidades, gentes diferentes

Num encontro fraterno de beijos, abraços e apertos de mão

Há barcos parados nos cais, à espera que lhes soltem as amarras

Sonham com novos horizontes, querem as velas enfunadas pelos ventos

Os sonhos de verão são de alegria, de alguma magia, de desejos fugientes

Cada um procura lançar, ao mundo, as suas sementes

Os dias são grandes, sem espartilhos, quentes, de muito brilho

Um sonho, um desejo, um abraço, um beijo podem ser o rastilho

Para uma grande mudança, para muitos e bons passos de dança, para renovar a esperança

Até para mudar de continente, para seguir em frente, encontrar o amor, para sempre

Conhecer gente diferente, atraente, mais sol no poente, uma luz, um caminho com sentido

Um grito de liberdade, sem anos nem idade, preservar a alegria da mocidade

No verão é tempo de reflexão, de contabilizar o passado e projetar o futuro

De ler um livro maduro, ver uma peça de teatro, ver um filme e sonhar com tudo

Saborear o tempo, sem pressas nem compromissos, aproveitar a preguiça sem pensar em enguiços

A constante aceleração da maneira como gastamos o tempo, nas correrias diárias de deitar os bofes pela boca, fez com que não saibamos fazer uma pausa para meditar, para descansar completamente: “desligar da corrente”

Hoje, só procuramos mais velocidade, mais perigos e aventuras, desafios, adrenalina, torturas

Correr de um lado para o outro, na ansia de abarcar o mundo, depois, vai-se a ver e sentimos um vazio profundo

Não conseguimos contemplar o nascer do sol, o silêncio noturno na natureza, ouvir o cantar do rouxinol

Tanta coisa para absorver, que não conseguimos ver nem apreender por causa de andarmos sempre a correr

Por muito que corramos, não apertaremos todas as mãos, nem afugentaremos a solidão

Paremos para ver o que nos rodeia, a beleza da areia, onde enterramos os sonhos, quando, no verão, vamos a banhos

Temos mais um verão, para aproveitar, assim saibamos o que de melhor poderemos fazer.

José Silva Costa

 

 

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publicado às 08:00

A praia!

por cheia, em 16.06.22

A Praia

No dourado do sol salgado, vejo o mar ondulado

Em cada onda vai o vento penteado

As gaivotas andam de lado em lado

Incomodadas pela invasão do seu chão sagrado

Quando os banhistas ocupam cada quadrado

O areal em pouco tempo ficou todo ocupado

Não há grão de areia destapado

As toalhas compõem o atoalhado

Namorados bebem o sol molhado

Como quem quer fugir a ser espiado

A areia tem um aspeto asseado

Já ninguém deixa lixo, na areia, enterrado

Todos têm cinzeiros para colocarem o cigarro, apagado

Como é bom termos um mundo educado!

Onde ninguém é mal tratado

Já todos sabem, das bandeiras, o significado

Até o nadador salvador é escutado e respeitado!

Com o mar devemos ter todo o cuidado

Ninguém pode, com ele, estar descansado

De um momento para o outro pode mostrar-se revoltado

Talvez não goste do que lhe fazem, fica zangado

Já me pregou um grande susto, ao ponto de pensar que ficava lá sepultado

Fui, por ele, com muita força, para o fundo, arrastado

Depois, expulsou-me com tanta violência, que fiquei magoado

Nunca mais me esqueci do recado

Nunca larguei o meu filho que, quando lhe deitei a mão ficou, nos meus braços, bem apertado

Tivemos a sorte do nosso lado!

Para podermos contar o que se tinha passado.

José Silva Costa

 

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publicado às 08:00

SAntos Populares!

por cheia, em 09.06.22

Santos populares

Ruas embebedadas de fumo de sardinhas assadas

Manjericos com quadras e promessas de amor eterno

Quem quebrar o encantamento vai para o inferno

Alcachofras queimadas, para ver se o amor é correspondido (1)

Com as ruas apinhadas, os moradores acotovelam-se nas sacadas

Ninguém quer perder pitada das ruas engalanadas

Os estrangeiros ficam boquiabertos com as desgarradas

Participam nos bailaricos, não conseguem ficar indiferentes ao apelo daquelas gentes

Entram no ritmo, comem uma sardinha assada, bebem um copo de vinho tinto, e ficam contentes

No mês de junho, Lisboa não dorme, seja rico ou pobre, a noite é de folia

Até à noite de Santo António, todo o tempo é pouco para ensaiar as marchas

Na noite de Santo António as marchas são rainhas, nas outras são as sardinhas

Depois de tantos dias a treinar o ritmo, não há quem os pare

Vão continuar até ao fim do mês, até o São pedro lhes retirar a chave

Não perdem tempo, começam a pensar na marcha do próximo ano

As marchas são uma competição muito renhida

Pela qual são capazes de dar o pão e a vida

Lisboa é uma senhora muito bonita, esbelta, com grandes tradições e muito atrevida

Capaz de encantar e prender até o forasteiro mais esquivo

Com ela, quem não tiver juízo, fica para sempre preso ao seu umbigo

E vai calcorrear as suas colinas, todos os dias, como castigo

Quantos forasteiros, marinheiros, negociantes ficaram a ver navios, pelo postigo!

Sem possibilidades de, um dia, terem um jazigo

Com os olhos posto no panteão luzidio

Acabam por ficar nas ruelas ao vento e ao frio

Sem cheta para pagar a renda ao senhorio

Tem tantos encantos como perigos!

 

 

José Silva Costa

(1)

A alcachofra tem o poder de adivinhar a realização do casamento, devendo para isso ser queimada ou chamuscada na véspera do dia 24, à meia-noite, na fogueira de São João - "Em louvor de São João, para ver se fulano me quer bem ou não" - e deixada ao relento, enterrada num vaso. O casamento está garantido se a planta reflorir no dia seguinte. (Infopédia)

 

 

 

 

 

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publicado às 08:00

Bem-vindo, Junho

por cheia, em 01.06.22

Junho

 

Junho, mês dos Santos Populares

Das marchas e dos manjericos

Dos arrais e dos petiscos

Da sardinha assada e bailaricos

Das férias, da praia e namoricos

Verão, calor, sabor a sal

Um mês de muito sol e alegria

Para receber o verão com toda a energia

Muita folia e magia nas noites quentes

Felizes dias e bons ambientes

Para regozijo das gentes

Mostrando que as sociedades recreativas estão vivas

Que as cidades não estão perdidas

As saudades continuam entretidas

Ao sabor das correrias das vidas

Tão disputadas pelas audienças

Tanta concorrência!

Não faltam bons eventos

O difícil é escolher

Um mês que convida ao lazer

O muito que os nossos olhos querem ver

A impossibilidade de tudo usufruir

As férias porvir

O cansaço já se está a sentir

O descanso demora a sorrir

O verão proporciona convívio e encontros

Matar as saudades e os amigos abraçar.

 

José Silva Cos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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