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Jovens mães carregam os filhos com a ajuda do brilho das estrelas
(do poema o fulgor da Língua/ o Estado do Mundo)
As guerras
Nas guerras não há coração, nem razão
Matam, indiscriminadamente, por impulsão
A culpa é de quem construiu o canhão
Disparam, como se fosse para o ar, contra o irmão
Mais tarde, com todos os horrores, terão de conviver
Mas, por muito que chorem, não haverá perdão
Porque tinham de pensar, antes de, utilizar, a mão
Os gritos dos filhos, agarrados às mães, nunca mais o deixarão
Acompanhá-los-ão, para onde quer que vão
Foi brutal e triste a sua missão
Matar, nunca será de louvar!
Tudo devemos fazer para o evitar
Quem consegue suportar e ver?
A separação: crianças a gritarem, agarrados aos pais e às mães
Mas, os pais têm de ficar, para matar ou morrer
As mães seguirão, à procurar de quem lhes dê uma mão
de um lugar em paz, onde os possam criar
Onde, quem encontrarão, com coração, que as ajude a suportar a dor da separação?
Como suportar a humilhação dos ditadores assassinos, que lhes roubaram os companheiros,
os pais dos filhos, os seus cheiros, os seus beijos, os seus projetos?
Com os filhos nos braços, sem terem onde os agasalhar, sem nada para lhes dar
Têm de ser muito fortes, para tanto desespero conseguirem suportar!
Mas, serão eles que lhes darão a força necessária, para os criarem, com os seus sorrisos, beijos e a palavra mais doce e mais pronunciada: Mãe!
Que grande castigo! Dos que não têm cabeça nem coração que, por muito que falem, nunca encontrarão, palavras suficientes, para justificarem os disparates, os horrores, as mãos ensanguentadas, os ouvidos cheios de gritos, dos assassinatos cometidos.
José Silva Costa
23 Meses!
Vinte e três meses depois
O vírus parece querer abrandar
Oxalá, esteja mesmo de abalada
Tanta gente infetada!
Tanta gente, em casa, fechada
Para não propagar a doença, malvada
Que conseguiu “fechar” o Mundo
Matar os velhos e o entrudo
Tanta roca sem fuso
Fazendo com que tudo ficasse tão confuso
Alguns negam, das vacinas, o uso
Não pensam na comunidade
Só lhes interessa a sua liberdade
Não querem saber se os hospitais dão vasão
À quantidade de contaminados
Muito menos querem saber de cuidados
Dizem que não querem ser enganados
Porque os efeitos das vacinas não foram testados
Não querem, como cobaias, serem usados
Fazem manifestações contra as restrições
Bloqueiam cidades com camiões
Todos os pretextos são utilizados para manifestações
Não conseguem negar a quantidade de mortos: uns milhões!
Foram dois anos terríveis
Inesquecíveis
Máscaras e testes
Álcool gel
Para desinfetar as mãos
Quarentenas, isolamentos
Recolher obrigatório
Meses de internamentos
Hospitais lotados
Ensino à distância
Teletrabalho
Proibição de sair dos Concelhos
Todos fechados em casa
Vilas e cidades desertas
O mundo “parado”
Como nunca ninguém o tinha presenciado
Vacinas às doses!
José Silva Costa
Um inverno diferente
Sem chuva, para um vão contentamento
De muita gente, que não o entende
Este inverno que mente
Que em vez de chuva, nos dá sol
Que nos quer conquistar pelo brilho do anzol
Que nos quer matar à sede
E que quer, que lhe agradecemos, por nos dar sol
E há tanta gente a morder o anzol
A agradecer o bonito e belo sol
Como se não precisássemos de comer e beber
Mas, é tão agradável o teu sol
Sol de inverno!
Que este ano nos levará ao inferno
Sem água! Pessoas, animais e plantas não resistirão
Com trigo sem grão, não haverá pão!
Haver fome, ou não!
Está na tua mão, meu inverno mandrião
Não te deixes envaidecer
Por aqueles que acham que podes ser só sol e amor
Tu tens de fazer chover, nevar, e a todos enregelar
Não és Estação para flores, perfumes, coisas fofinhas, sem dores
Deixa isso, para a tua amante: a Primavera
De ti esperamos rigor, noites quentes à lareira
O cheiro da flor de laranjeira
Não puder passar a ribeira
Ficar no outro lado a ver a água baixar
À espera de poder, a namorada, abraçar
Mesmo que ela fique no escuro da lua.
José Silva Costa
Votação!
Oitenta por cento dos votos de emigrantes do círculo da Europa foram anulados
Mais uma vergonha, sem castigo!
Ninguém pergunta como é que isto foi possível!
Quem foram os responsáveis?
Explicaram aos eleitores, que tinham de enviar uma cópia do documento de identificação?
Fiados no acordo de cavalheiros, juntaram os votos válidos com os nulos, na convicção de que todos seriam validados
Uma grande trabalhada, como é habitual em Portugal
Uma eleitora, que vive na Austrália, disse que teria de percorrer 900 km, para votar!
À boa maneira portuguesa, os partidos, antes das eleições, acordaram validar todos os votos, passando por cima do cumprimento da lei
São os mesmos que fazem e fiscalizam as leis!
São os mesmos que partilham os códigos para picarem o ponto, na Assembleia da República
Como se costuma dizer, o PSD “roeu a corda”, sem se saber porquê
Teria sido para obter mais umas décimas, e com isso subir a subvenção estatal de financiamento dos partidos políticos?
Quase meio-século de democracia, tudo isto se mantem, porque os partidos têm os mandatos assegurados, quer votem 10% ou 90%
Como se sentirão os eleitores, que saíram de casa para irem votar, cumprir com o seu dever cívico, para verem os seus votos deitados ao lixo?
Os deputados, em relação ao ordenado mínimo, são bem pagos, à volta de 5.000 euros
Os subpresidentes da Assembleia da República têm direito a carro, motorista, gabinete, secretário e um subsídio
José Silva Costa
Castigó a su Pueblo
No consigue reparar el huevo
Que quebró sin consentimiento.
Uma tradução, do meu texto, pelo mexicano, Everardo Torres.
José Silva Costa
A seca (2022)
Fevereiro quente traz o diabo no ventre
Fevereiro sem chuva não germina a semente
A Natureza toda se sente
Sem água, toda fica doente
Sem água, morre a semente
Não há vida, não há gente
Não há chuva, não há vida
A chuva, que tanta gente detesta
Faço-lhe uma festa
Venha chuva, com conta e medida
Não quero que morra a vida!
Se continuar esta seca
Na Primavera não haverá festa
As flores não desabrocharão
E os animais morrerão
À fome! Não há nada para a sua alimentação
A chuva não é agradável, não!
Mas é indispensável à vida
Temos de aprender a usar a água
Não podemos continuar a desperdiça-la.
José Silva Costa
12/02/2005
A seca
O dia é de primavera
A noite de Inverno
A chuva não aparece
Tudo, com o frio, esmorece
Não há erva, nem trigo
As pessoas e os animais
Sob o mesmo castigo!
Que a água falte no verão
Já o Alentejo está habituado
Mas em pleno inverno
É arder no inferno.
Os ovinos e bovinos
Com os focinhos
Varrem os campos
Acariciam o chão
Tudo em vão
Morrem de fome
Naquela que era a melhor estação.
Os Montes outrora, caiados,
Estavam repletos de gente
Agora, todos, desboroados.
Nem a liberdade!
Com os seus progressos:
Estradas, água, luz
Conseguiu evitar a debandada
Porque chegou atrasada.
As modestas habitações
Completamente desventradas
Com as partes íntimas
Em exposição:
Ao vento, ao sol, à lua
Num silêncio estarrecedor
Ouvem-se as almas reclamar,
Porque a iluminação pública
Passa a noite a incomodar
Quem, em vida, só tinha o luar!
Que tristeza observar
As velhas pedras a chorar
Por não terem quem agasalhar:
Nem mulher, nem homem
Nem cão, nem gato, nem pardal.
Assusta, o barulho das oliveiras, sobreiras e azinheiras
A sonharem com uma gota de água.
José Silva Costa
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