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O futuro é hoje
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A Adelaide, no dia seguinte, disse à filha que estava de acordo com ela, porque era preciso inverter as políticas, privilegiando os transportes públicos, investir na ferrovia para passageiros e mercadorias, para acabar com os comboios de camiões T.I.R., que ocupam a faixa da direita das autoestradas da Europa
A filha estava muito preocupada com o problema do emprego do pai e de todos os que todos os dias veem os seus empregos desaparecerem, devido às novas tecnologias
Mas, ao mesmo tempo, é uma grande defensora da descarbonização da economia, defendendo que temos de aproveitando todas as oportunidades, que o conhecimento nos proporciona
Como seja o eficiente aproveitamento dos elementos: água, vento, sol
Há noite, ao jantar, perguntou ao pai: o Luís, se já tinha ouvido falar do ivaucher, essa nova palavra mágica, que já fora utilizada para promover o que não se conseguia vender, como foi o caso da restauração, o turismo e a cultura, devido à pandemia
Agora, voltava a ser utilizada para esvaziar a contestação da subida, abrupta, dos combustíveis, com receio de mais um buzinão, como o que aconteceu em 24 de Junho de 1994
O pai respondeu-lhe que a invenção dessa palavra não passava de uma imitação das promoções dos supermercados, com os cupões de desconto, e ao mesmo tempo, tentar que todos passem faturas com número de identificação, para cobrarem mais impostos, com o que concordava, uma vez, que defendia a obrigatoriedade do número de identificação em todas as transações
A Filomena estava mais preocupada com as injustiças, por nem todos terem um cartão multibanco, não podendo beneficiar desses 10 cêntimos de desconto por litro de combustível, no máximo de 5€ por mês, durante 5 meses, dizendo que os mais pobres são sempre os mais prejudicados, porque não conseguem acompanhar as contínuas e aceleradas inovações.
Continua
O futuro é hoje
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Filomena chegou a casa, muito cansada, mas muito feliz por ter participado na manifestação, de sexta-feira, pelo clima
O pai não gostou nada que ela tivesse faltado às aulas, e disse-lhe que tinha era de completar o curso, porque não eram as manifestações que iam mudar o mundo
Ela respondeu-lhe que estava a lutar por um mundo melhor, mais amigo da natureza, com menos pobreza, menos calamidades causadas pelo aquecimento global, que nos últimos tempos, têm acontecido, por todo o lado
O progenitor disse-lhe que estava muito preocupado com a velocidade a que tudo estava a mudar, e tudo por causa do chamado aquecimento global, que nem todos acreditam que se deva ao comportamento humano
Sempre tinha trabalhado em automóveis, assim que fez a quarta classe, foi par uma oficina, para aprender a mecânica dos automóveis com motores a combustão
Estava habituado aqueles gases dos escapes, nas oficinas ou garagens, no rés-do-chão ou cave dos prédios, em espaços pouco ventilados, com um ar quase irrespirável, mas a que todos se habituavam
Agora, por causa dessa bem dita despoluição, os fabricantes de automóveis vão deixar de fabricar motores a combustão, e isso era sua grande preocupação
Perguntando-se, do que iriam viver os milhões de pessoas, que o seu ganha-pão, sempre, dependera dos motores a combustão
A mãe: a Adelaide, vendo que pai e filha estavam em desacordo, o que era natural, porque cada geração tem os seus valores, disse que o melhor era irem para a mesa, que o jantar estava pronto.
Continua
Folhas caídas
Outono, meu suave outono estás a arrefecer
Tapetes de folhas de todas as cores
Árvores despidas a tiritarem de frio
O soalheiro vai ficando vazio
Os idosos que o frequentavam
Vão ficando em casa
Com receio que o sol já não os aqueça
Fecham-se em casa, vendo o sol pela vidraça
Aprendem com os gatos, qual o lugar mais quente
Não têm dinheiro para aquecer as casas
O custo da energia não cabe nas suas magras pensões
Têm de procurar outras soluções
São aconselhados pelas autoridades da saúde
Para vestirem muitas camadas de roupa
Para terem muito cuidado com o frio
Porque ele é um grande inimigo de quem já tem muitos anos
Aconselham-nos a beberem água
Mas, alguns raramente a beberam
Não é na reta final que o vão fazer
Parecendo que preferem morrer
A água, que enferruja o ferro, beber
Todos devíamos saber
Da importância da hidratação
Mas, essa não tem sido a preocupação da Nação
Mais preocupada em promover o vinho
Que continua a dar de comer a muito português
Há coisas que nunca mudam!
José Silva Costa
A encruzilhada
Tempos densos
Jogos violentos
Noites afogadas em álcool
Vidas ceifadas nas madrugadas
Deslumbramento após o confinamento
Vidas sem sentido: nem trabalho, nem estudo
Passam os dias agarrados aos ecrãs
Sem perspetivas, nem futuro
O dia inteiro presos num muro
Sem falar, nem andar
Navegar em seco!
Na violência das “redes sociais”
Como é que nos vamos guindar, a novos patamares?
Se a transição do escuro para o verde vai ser desafiante
Vai exigir muita criatividade
Muita e boa mocidade
Onde não entra o muito álcool
Pensamentos com muita mais elasticidade
Exijamos mudanças nas políticas, para um melhor ambiente
Mas essas mudanças temos de ser nós a faze-las!
Novos hábitos de consumo
Preferir o que vem de perto
O que é da época
Para a eletricidade, temos de mudar
Para o fumo acabar
E a cidade poder respirar
E as crianças poderem, saudáveis, crescer
José Silva Costa
Cumbre Vieja
Vulcão
Sonhos interrompidos
Vidas paradas
Lares queimados
Por um vulcão zangado
A mais bonita ilha: La Palma
Transformada num inferno
Meio século a dormir
Acordou estremunhado
Para matar tudo
Raivoso de lava
Não para de tudo ameaçar
Onde pode um sonho descansar?
Que não se levante um vento para o acordar
Ter de tudo abandonar
Para a vida salvar
O trabalho de uma vida entregue ao ar
Até que a lava o venha buscar
Ver o mar chorar
Por o fogo o queimar
Sem ar para respirar
O fumo a impedir os aviões de levantar
Rios de lava encosta abaixo
O desespero de um mar de gente
Impotente para lhe fazer frente.
José Silva Costa
As minhas flores
As flores que me deste
São lindas, perfumadas
De um amor celeste
Duas Rosas e um Cravo
Que bonitas prendas me ofereceste!
Frutos do calor do nosso amor
Mesmo que quisesse partilhar as dores
Foste tu, meu amor, que as suportaste
Mas, dar vida a novas flores tudo merece
Vê-las crescer, florescer, a primeira palavra dizer
E, essa é, sempre, para ti: Mãe! Mãe! Mãe! Mãe!
Não há palavra que igual o doce da palavra Mãe
As nossas flores já deram as suas flores
Mais quatro rosas e um cravo
Mais perfume perfumado
Cumprimos com a natureza
Acrescentámos, ao mundo, beleza.
José Silva Costa
Folhas caídas
O vento a uivar pelas esquinas
As árvores a tiritarem de frio
Despidas, com o céu vazio
À espera do último arrepio
Sem folhas, mas aprumadas de brio
O vento com o seu assobio
A avisar, que o tempo é esguio
Que a água procura o rio
Com pressa de, ao mar, chegar
É aí que quer ficar
Até as nuvens a voltarem
A derramar, novamente, sobre a terra
Assim se completa mais um ciclo da água
Folhas caídas, árvores despidas
Alamedas atapetadas de folhas molhadas
Que perderam o brilho, estão amarguradas
Destroçadas por serem espezinhadas
De um dia para o outro perderam a sua função
Tiram-lhes o coração
Agora, são lixo no chão
Choram, perderam a ilusão
De que eram úteis e eternas
Perderam as pernas, perderam tudo
Não voltam a vestir as árvores
Não voltam a ter a admiração do Mundo.
José Silva Costa
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