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A moda
Estamo-nos a despedir do mar
As aulas vão começar
Mais um verão a terminar
Vem aí o doce setembro, para saborear
Podemos, até continuar a ver o mar
Mas, as idas à praia vão acabar
Os dias mais pequenos não nos permitem navegar
O material de praia temos de arrumar
Mais um ano à espera que as férias não se esqueçam de chegar
Não se pode passar a vida só a trabalhar
Porque o vento pode acabar
E, nós podemos ter pena de não o ter visto passar
O tempo não para, nem para descansar
Esse é que passa a vida, sempre, a trabalhar
Nós, por vezes, bem queríamos que descansasse
Mas, ainda bem que não nos obedece
Senão, podíamos estica-lo de mais
Assim, as horas, os dias, as semanas, os meses, os anos passam sem que possamos interferir
Tudo o que podemos fazer é aproveitá-lo o melhor que soubermos e pudermos
Vamos, novamente, a correr para o inverno!
É um grande privilégio estar constantemente a mudar de visual
Cada dia, cada estação veste-se de maneira diferente
E, isso interfere com a nossa imaginação
Queremos acompanhar toda essa variedade com muita atenção
Porque temos de adaptar os nossos hábitos e o vestuário à sua condição
Um grande desafio para quem impõe a moda
A quem muita gente obedece
E, se não andar nela, nem se quer adormece
Que bom, vestir o que me apetece!
Desde que não colida com a harmonia consentida.
José Silva Costa
Os jardins
Nas avenidas das árvores
Passeias a beleza da Natureza
Admiras toda a sua beleza
Cada canteiro, cada árvore, uma certeza
Que o perfume tudo embeleza
Que harmonia, sem tristeza!
As árvores, os pássaros, as flores, na sua dureza
De uma vida parada na incerteza
Sem saberem se vai chover, se vai nevar, se vão viver na pobreza
Cada visitante tem no seu olhar uma delicadeza
Para cada cravo, para cada rosa uma fineza
Os idosos procuram os bancos, para descansarem da moleza
Onde tentam voltar a ser crianças e espantarem a tristeza
Enquanto as crianças, nas suas brincadeiras, exibem a esperteza
Os jardins são ponto de encontro de todos os encontros
São as casas dos pombos, dos namorados, dos abandonados
São palcos de alegria, de tristeza, de beleza e de ventos agitados
O que lhes vale é serem, pelos jardineiros, tão bem tratados
Os seus perfumes e flores são, por todos, muito admirados
São pelas plantas, pelos pássaros, crianças, mulheres e homens muito estimados
Os jardins, públicos, são um chão democrático
Onde todos podemos descansar das fadigas, das alegrias, do doce amar.
José Silva Costa
Hoje, estou na casa da Daniela Barreira, em https//danielabarreira.blogs.pt
Agradeço o honroso convite da Menina dos Abraços, e peço que não se esqueçam de passar pelo seu blog, um blog de abraços.
Um abraço para todos e uma boa semana.
Juventude
Verdes anos
Primaveras floridas
Perfume de jovens vidas
Os olhos são avenidas
Por onde passam as cantigas
Ponto de encontro dos namorados
Nos dias perfumados
Com minutos cronometrados
Porque os beijos são apertados
Os dias não estão parados
Mal nascem, já estão acabados
São tão curtos para os namorados
Que têm de lidar com eles com todos os cuidados
Para não quebrarem o encanto dos amados
Nos mal-entendidos apressados
Que tropeçam na pressa do tempo
De quem julga ter respostas
Para todas as questões
Como se o mundo fosse simples
E não tivesse ambições
Cheias de contradições.
José Silva Costa
Chuva de estrelas!
Do céu caíam lágrimas
Na noite estrelada
Os teus olhos eram rosas perfumadas
Na noite iluminada, tu eras a estrela
Nos teus rubros lábios rolavam cerejas
Atraentes, deliciosas, desejadas
Quanto mais as beijava
Mais crescia o desejo
Que encantadores beijos!
Na frescura da ardente boca
A saciarem o fogo da Lua-cheia
Mas, quanto mais te beijava
Com mais fome ficava
Nada conseguia apagar aquele calor
Nem a noite fria, nem a água que, no rio, corria
Foi a noite mais curta!
Quando o sol nasceu
Ainda da tua boca
Água doce corria
Por que razão é que não há
Chuva de estrelas, todos os dias?
Para dormirmos nos beijos um do outro
Até o sol nos acordar
Para começarmos, de novo, a namorar
E passar o dia no doce teu olhar
Até a lua nos voltar a abraçar.
José Silva Costa
O vírus
Menos de dois anos foi o suficiente
Para termos medo de toda a gente
Já entranhámos o distanciamento
Mal vemos alguém vir na nossa direção
Afastamo-nos, mudamos de direção
Não queremos estranhos por perto
Como gostávamos de viver no deserto!
Como este vírus nos mudou!
O Mundo inteiro alterou
A esta pandemia ninguém escapou
Não sabemos quando é que isto acaba
Continuamos à espera da última vaga
Que uma boa notícia nos traga
A boa nova de que já não há ameaça
Que o mundo é uma graça
Quando um amigo nos abraça.
José Silva Costa
Naufrágio
Altos pinheiros, o vento a assobiar, no imenso mar
O farol, constantemente a avisar, para o barco não naufragar
O luminoso polícia sinaleiro
Compreendido pelo Mundo inteiro
Com a borrasca a varrer todo o mar
Um barco, ao largo, está com receio de não aguentar
Os marinheiros rezam para que acabe a tempestade
Tão marcados pelos anos, pela idade
Os mais novos, sem experiência de tempestades, não conseguem esconder a ansiedade
Um mar tão amoroso, de repente torna-se tão revoltoso
Parecendo não querer ninguém no seu dorso
Erguendo-se, impetuoso, como que a cuspir fogo
Mais uma furiosa vaga, quase que afunda o barco
Agarram-se uns aos outros, para tentarem afugentar o medo
Mas uma, ainda mais furiosa, atira com o barco contra as rochas
Não era o cais que queriam, do mal-o-menos
Apressaram-se a abandonar o barco
Atiraram-se para cima das rochas e subiram a escarpa ingreme
Escura como breu, mas no alto havia uma povoação iluminada
A placa com a identificação da povoação fez bater o coração
O telemóvel, para pedir ajuda, foi a solução
Desta vez salvou-se toda a tripulação.
José Silva Costa
A feira!
Árvores frondosas, na bonita serra
Rochas descalças, à sombra
A ouvirem o sussurrar da ribeira
O vento a assobia na eira
À espera do dia da feira
Onde descansam do duro trabalho do campo
E compram os sonhos de um ano
Todos os anos, o mesmo entusiasmo
Feirantes ensonados no amanhecer da madrugada
A tenda à espera dos sorrisos dos fregueses
Cansados do pó da estrada
Com os fatos domingueiros, engomados
Rostos afogueados para a festa anual
O prémio de um duro ano de trabalho
Um bailarico ao som do acordeão
Para dançar com o namorado
Mais um ciclo, das culturas, acabado.
José Silva Costa
Ilusão!
Neste verão, dá-me a mão
Vamos aproveitar esta ilusão
De que a pandemia já passou
Quando a liberdade ainda não chegou
Mas viver é isso mesmo, aproveitar o presente
Não se deixar abater por o que virá a acontecer
Enquanto a vida o quiser, vamos aproveitar o entardecer
Porque a vida é a mais bela fantasia, que nos aconteceu
Não se pode perder um segundo, quanto mais um dia!
Vamos para a folia, porque amanhã já será outro dia
E, este não se repetirá, porque se acontecesse, seria uma avaria
Para espanto, já bastam as alterações climáticas
Que a todos surpreendem, todos os dias
Até os que contra elas sempre argumentaram, já pararam
Não conseguem explicar os fenómenos, que nos estão amatar
São fogos, são chuvas, tudo está a desabar
Os degelos polares, os incêndios, as cheias, que levam tudo à frente
Nunca ninguém antes pensou que, parar para pensar, era tão urgente
Antes que a nossa arrogância acabe com toda a gente.
José Silva Costa
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