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Que Vergonha!
Caminhamos por um céu deserto
À espera do caminho certo
Ninguém quer ninguém por perto
Todos dizem que fizeram o correto
O peso dos números
Esmagou os das teorias da conspiração
As variantes estão a causar acidentes em contramão
Para o Reino Unido proibiram a aviação
Entre os 27, as fronteiras abertas, continuarão
Ninguém quer mais desunião
O que se pretende é que seja rápida a vacinação
Não há mais nada para oferecer nesta ocasião
A famosa bazuca ainda não está à mão
A presidência portuguesa tenta cavar um alçapão
Para esconder a vergonhosa nomeação
Mas lá fora já sabem que cá dentro há muita corrupção
Todos perguntam por que razão não há responsabilização
Acho que é um defeito da Nação
Assumir as responsabilidades é à palmatória dar a mão
Não ficava bem nesta ocasião
Estamos ao comando da Europa, não podemos admitir a mais pequena suspeição
Temos de nos bater, com unhas e dentes, até os outros entenderem que nós é que temos razão
Tudo limpinho, sem qualquer truque de magia ou ocultação
Uma nação com tanta imaginação
Já mais poderia admitir que duvidassem da sua reputação
Assunto arrumado, para um Governo bem descarado.
José Silva Costa
Mal dita pandemia
Quem diria
Que tanta gente mataria
Tanta gente desesperada
Tanta casa fechada
No jardim, no banco, não nos podemos sentar
Nem beber café ao postigo
Temos de estar em casa fechados
Podemos ir à varanda
Espreitar a vizinha
Ver se está acompanhada
A rua está sozinha
Nem homem das castanhas
Nem o artista de rua
Nem o arrumador de automóveis
Ela está completamente nua
Até as aves estão a penar
Não há um resto de bolo
Nem pão, nem miolo
Está tudo tão limpo
Tão desinfetado
Mas ninguém tem cuidado
Andam sem máscaras
Em multidão
Para poderem sair à rua
Alugam um cão
Gabam-se de a todos enganar
Menos o vírus
Que sem esperarem
Os faz pararem
Depois, queixam-se da má sorte
Nunca dizem que é a cabeça que não tem norte
Não acreditam na ciência
Só em milagres!
José Silva Costa
Sol
Sol, gosto de te ver!
As curvas da Terra aquecer
É digno de ver
O passarinho beijar o malmequer
O teu calor
O gelo derreter
A manhã a crescer
À medida que te distancias da linha do horizonte
Que amor, que fonte de calor!
Que a todos fazes sorrir
Por quentinhos se sentir
Que pena sumires!
Há noite, quando vamos dormir
Sou um privilegiado
Quando durmo a sexta
Tu beijas-me na testa
É tão bom!
Os teus beijos saborear
Contigo namorar
Beijar-te e abraçar-te
Sem receios, sem medos
Que o vírus nos incomode
Fico triste quando te despedes
Acordo cedo para te ver nascer
Para voltarmos ao nosso romance
Que, espero, seja duradouro.
José Silva Costa
O sonho fechado
No frio da rua, fixas o olhar
Rua deserta, onde ninguém anda a caminhar
As aves tomaram conta dos espaços
Ensaiam novas coreografias
Livres, disputam o pouco alimento
Neste inverno cinzento
Assustadas por não verem movimento
O frio entra-nos pelos ossos adentro
Preparamos mais um confinamento
O vírus e o frio voltam a fechar o hemisfério norte
Para todos, boa sorte!
Vamos dispor de mais tempo
Que deve ser bem aproveitado
Nem que seja para um novo cozinhado
Temos de manter um treino aturado
Para mantermos a saúde em bom estado
Para que quando o sonho for libertado
O podermos beijar em qualquer lado
Não adianta mal dizer do fado!
O melhor é encara-lo com agrado
Aceita-lo, é meio caminho andado.
José Silva Costa
O futuro!
Depois de ultrapassarmos esta cruz
Temos de descobrir uma nova luz
Não devemos esperar pelo regresso ao passado
Porque ele já estava esgotado
Aproveitemos estes tempos de viragem
Para começarmos uma nova viagem
Com outra carruagem
Onde todos caibam
Sem as desigualdades, que a todos nos deviam envergonhar
Não é mais possível com este sistema caminhar
As novas tecnologias continuam por aproveitar
A inteligência artificial veio para ficar
E, pode muito bem nos ajudar
No grande salto com que estamos a sonhar
Carros partilhados em vez de comprados
Mais produção, com menos horas de trabalho
Tempo para ver o filho, acordado
O fim do trabalho não renumerado
A vida não se compra nem se vende no mercado
É para ser vivida com o entusiasmo desejado
A utopia faz parte deste apanhado
Sem ela não teríamos, ao espaço, chegado
Chegou a hora de beneficiarmos do progresso amealhado
José Silva Costa
Fiquem em casa
Aproxima-se o Natal
Um Natal em casa fechado
Por todo o Mundo, o confinamento é recomendado
Na Europa fecham-se fronteiras, proíbem-se voos
As infeções aumentam por todo o lado
Os mortos não param de aumentar
Os Governantes estão alarmados
Não sabem o que fazer
Com receio de perderem votos
Não proibiram as deslocações
Pedem às famílias para não se reunirem
Para abrirem portas e janelas, mesmo que esteja um frio de rachar
Para só tirarem as máscaras, para comerem
Para ficarem pouco tempo à mesa
Ao que isto chega!
Para manterem as distâncias
Enviam mensagens para os telemóveis
Rezam para que tudo corra bem
Na passagem de ano, puxão o travão de mão
Só espero que não seja tudo em vão
Acatem as recomendações
Feliz Natal, para todos!
José Silva Costa
Amor
Meu amor
Nos teus braços
Sinto-me uma flor
O nosso amor
É perfume
A unir-nos
Na nossa vontade
De continuarmos
A colher as flores
Perfumadas
Do presente, futuro e passado
Sempre
Lado a lado
Ultrapassando obstáculos
Festejando vitórias
Com beijos e abraços.
José Silva Costa
Carlos do Carmo deixou-nos
O País está de luto
Lisboa ficou viúva
Perdeu o seu cantor
É tão grande a sua dor!
Ela era a sua flor
Aquele que mais a cantou
Que a todos encantou
Cada esquina o escutou
Lisboa, com ele, dançou!
Ruas e vielas, com ele, ficaram mais belas
Hoje, ninguém saiu à rua!
A cidade ficou nua
Lavada em lágrimas, chorou em casa
Não se conforma com a perda da sua voz
Nos jardins, todas as rosas choram lágrimas perfumadas
Nos seus perfumes, as suas canções, ficarão eternizadas
Nas ruas, praças, colinas e elevadores serão lembradas
Por todos continuarão a ser cantadas
Pelas gaivotas, para o mundo, serão levadas
Para sempre, ficarão gravadas, nas calçadas!
José Silva Costa
As Mazelas da Guerra
Continuação
Fatores
O derrube da ditadura deveu-se a vários fatores, um deles, segundo o jornal britânico The Guardian, foi o do Professor Veiga Simão, Ministro da Educação de Marcelo Caetano, ter conseguido fazer passar, no Conselho de Ministro, a lei que permitiu que se fizesse o 2º Ciclo Liceal ( 3º, 4º e 5º anos) por disciplinas em vez da Secção de Letras ou Ciências, para maiores de 18 anos, como alunos externos
Naquele tempo havia muitas escolas particulares, por toda a Lisboa
Na Escola Académica, só para o sexo masculino, no Largo Conde de Barão, em Lisboa, onde tive três professores extraordinários: de Português, Matemática e Ciências
O de Ciências tinha o programa memorizado, e dizia-nos: “ como não têm tempo para estudar, dito-vos o programa”
Obrigava-nos a escrever com uma tal rapidez, que nunca mais consegui escrever como deve ser
Ainda hoje, tomo notas, e quando vou passar para o computador, deparo-me com palavras que não consigo decifrar
A seguir ao 25 de Abril de 1974, vi-o, na televisão, a explicar como se podia distinguir o bacalhau do pixilim, uma vez que os comerciantes estavam a enganar muita gente
O de Matemática, um juiz do Tribunal Militar, reformado, aquando da apresentação disse-nos: “ quem estiver disponível sábado à tarde e domingo de manhã, e queira tirar dúvidas, estarei aqui, para demonstrar que a matemática não é um bicho-de-sete-cabeças.”
O de Português, um Camoniano, vendia apontamentos de interpretação de Os Lusíadas
Andava a elaborar um dicionário de Os Lusíadas. Os primeiros segundos das aulas eram para dizer que enquanto os outros andavam a ler A Bola, ele andava a decifrar os Lusíadas
Como a aula dele era das 23 às 24 horas, quando entrava na sala de aula, já estávamos a dormir, para nos acordar recitava:” Estavas, linda Inês, posta em sossego/ De teus anos colhendo doce fruito ……..”
Quando cheguei de África, vi numa montra de uma livraria, o seu livro em destaque: Os Lusíadas, com dicionário de Manuel dos Santos Alves, entrei e comprei-o
Com a nova lei do Professor Veiga Simão, todos os que não tinham tido oportunidade de continuar os estudos, podiam fazer o 2º Ciclo Liceal (3º,4º e 5º anos) por disciplinas, muito mais fácil que ter de fazer todas as disciplinas de Ciências Letras ao mesmo tempo. O que fez com que muitos tivessem acesso ao curso de Sargentos e Oficiais Milicianos, contribuindo para engrossar os que defendiam a independência das Colónias
Ao contrário dos que vinham da Academia, que estavam mais ligados aos grandes grupos económicos cujos negócios dependiam muito dos territórios ultramarinos
A descolonização provocou a vinda de cerca de um milhão de portugueses, que viviam nas colónias, para Portugal, a quem erradamente chamaram retornados, uma vez que alguns nunca tinham estado em Portugal
Alguns vieram, apenas, com a roupa que tinham no corpo. A integração não foi fácil!
Como se pode imaginar, foram tempos muito difíceis, para quem, de um momento para o outro, se viu sem nada
Foi precisa uma ponte aérea gigantesca para os trazer para Portugal
Os Funcionários Públicos e os Bancários foram integrados. Os outros tiveram de se desenrascar
Para um país pequeno e pobre, acho que não correu muito mal
Ultimamente, tem aparecido, principalmente, nas redes sociais, quem queira comparar ao 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975
Não há comparação possível, o 25 de Abril entregou o poder ao povo, acabou com uma ditadura, um império de cinco séculos e uma guerra sem fim à vista. Deu origem a seis novos países e serviu de inspiração para a libertação de outros povos
O 25 de Novembro foi muito importante na consolidação da democracia. O 11 de Março de 1975 deu uma grande guinada à esquerda, tendo sido tudo nacionalizado, era inevitável voltar a colocar a revolução no rumo certo.
Quem ler estes relatos não deve deduzir que todos tiveram uma guerra como a nossa. A guerra não foi igual em todas as colónias, nem em todos os sítios. Infelizmente, em muitos locais, não podiam sair dos abrigos subterrâneos, porque choviam balas e granadas de morteiro, noutros foram as emboscadas, as minas, lutas corpo a corpo: Muitos horrores!
Fim
José Silva Costa
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