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Santos Populares
Meu Santo António, casamenteiro
Devido ao Covid-19, este ano, ficaste solteiro
Os casamentos de Santo António, não se realizaram
Este vírus provocou uma pandemia no mundo inteiro
O São João não teve arquinhos nem balões
Ficaram em casa, os muitos foliões
Ao São Pedro aconteceu-lhe o mesmo
Tempos difíceis, em que nemos Santos fazem milagres
Por este ano, as festas populares estão encerradas
Os festeiros levam o seu trabalho muito a peito, estão tristes e amargurados
Por não terem podido, as festas, organizar
Todos os anos, muito trabalham, para as suas cidades, vilas, aldeias engalanarem
Para os forasteiros encantar
As festas e romarias são momentos de encantamento
Por isso, é que os séculos não as desfazem
Os festeiros não se poupam a trabalhos, para que não se desfaçam
Procuram fazer o melhor que sabem, para os seus antepassados honrar
Ensaiam a Banda Filarmónica, para na procissão atuar
Enfeitam e carregam os andores, para à rua saírem
Organizam a quermesse, para fundos angariar
Para as despesas poderem pagar
Estes eventos procuram toda a comunidade envolver
Sentem-se orgulhosos por a ela pertencer
Sentem-se reconhecidos, quando são eleitos para as organizarem
Este ano, infelizmente, tudo ficou sem efeito
Esperamos que para o ano tudo seja diferente
Para a alegria podermos partilhar.
Bom São Pedro
José Silva Costa
Novo
Os estranhos tempos
Que prendem o vento
Que não nos deixam sair do apartamento
Que não permitem o casamento
Que acabaram com qualquer evento
Que não deixam viver o momento
Que obrigam a fechar o estabelecimento
Que não deixa apreciar o talento
Porque não há espetáculos ao relento
Nem visitas ao Parlamento
Vivemos no impedimento
Só podemos sair para ir trabalhar ou comprar alimento
Novamente, temos de ficar em confinamento
Por causa do ajuntamento
O covid-19 é contra o envelhecimento
Os idosos não cabem no internamento
Muitos morreram fora do hospital, em sofrimento
Houve que escolher quem tinha mais alento!
Quão difícil foi o escolhimento
Mas é compreensível o entendimento
Todos concordam com o fundamento
Como nos naufrágios, quando alguns têm de ser empurrados para o afogamento
Em Terra, infelizmente, também não há lugar para todos!
A ciência bem nos queria eternizar
Mas a Natureza não pode colaborar
Quando uns chegam, outros têm de abalar
Quando o equilíbrio começa a falhar
Manda um vírus, para nos empurrar
Portanto, a Natureza é que nos continua a governar.
José Silva Costa
A Máscara
Por detrás da máscara
Que nos afasta
Há o desejo de um beijo
O ensejo de voltar a inalar o teu cheiro
Quanto mais tempo vamos ficar cada um para seu lado?
Com medo de nos contaminarmos
Só os olhos autorizam destapar
Porque eles conseguem à distância comunicar
Mas vamos ter que nos habituar
A, com os olhos outras mensagens, enviar
Já que os lábios, que tanto gostar de pintar
Para os realçar
Não os podes mostrar
Ah como gostaria de com isto acabar!
Dar mais apreço à liberdade de o rosto mostrar
Sem medo de que nos apontem o dedo
Ou nos mandem para casa de quarentena
Por causa da saúde pública
Que temos o dever de preservar
Seguindo os conselhos da Direção Gerar de Saúde
Há tantas coisas, que só lhes damos valor quando as perdemos.
José Silva Costa
Os anos
Foi como um sol que nasceu
Olhámo-nos, e em redor tudo estremeceu
O sol levantou-se e a manhã amanheceu
Abrimos a porta e o dia cresceu
Entrámos, foste minha, fui teu
Foi o sol que nos enlouqueceu
O mundo cedeu!
O sol beijou a lua
A alegria, os nossos corpos, unia
Deram-nos as boas-vindas
Ofereceram-nos uma lua-de-mel
Continuámos como se só houvesse uma noite incendiada
Mas, o desgaste dos anos mostraram-nos que também há dias de fel
Valeram-nos os nossos padrinhos: A lua e o sol
Mandaram-nos seguir em frente
Guiaram-nos até ao presente.
José Silva Costa
Junho de 2020
Seis meses de pandemia, provocada pelo covid-19
O Mundo já estava conturbado
Mas, agora, está irreconhecível
Ficou tudo parado
Felizmente ou infelizmente, nem todos, ainda, se aperceberam da catástrofe
O constante anúncio de despedimentos tira-me o sono
Tal com aconteceu em 2008
Em que a ganância, que alimentou as pirâmides, na ilusão de alguns, de que todos podiam enriquecer facilmente, levou o Mundo à falência
Desta vez foi um vírus que, ao provocar a morte, o medo, o desespero, nos levou ente-queridos, abraços, beijos, convívios, empregos, empresas, a vida
O que devemos fazer para sair deste confinamento?
Ninguém sabe, porque tudo isto é novo
Mas uma coisa é certa, temos de respeitar a Natureza
Temos de tentar reduzir a pobreza
A tendência será reduzir o desperdício
O que vai fazer com que tenham de converter algumas empresas
Com esta pandemia, a alimentação ganhou outra atenção
A agricultura mais destaque e dimensão
É na terra e no mar que, o que comemos, nasce
Se todos fomos afetados!
Que dizer dos refugiados
Em campos superlotados
Crianças, mulheres, homens amontoados
Um WC para uma centena de pessoas!
Onde as mulheres estão, sempre, em perigo
Com receio de serem violadas
À noite, preferem usar fraldas, a saírem das suas débeis muradas
Estamos a assistir a coisas inusitadas
Os novos inquisidores querem apagar a História
Derrubando e queimando estátuas
Como se isso revertesse os erros cometidos
Quantos dos que hoje gritam contra o colonialismo, beneficiam ou beneficiaram com ele?
Não se emendam erros, destruindo o património!
Todos ficamos a perder.
José Silva Costa
Lua Cheia!
Não encendeis a minha candeia
Há noite, depois da ceia
A tua magia aumenta a fantasia
Não durmo como dormiria
A tua luz os olhos fere!
Uma energia, que os impede de se fecharem
Sei que interferes nas ondas do mar
Como me impedes de, os meus sonhos, navegar
Tenho de esperar que te deites
Para poder, enfim, descansar
Lua de quatro fases e de outras tantas faces
Ao longo dos séculos, quantos encantaste?
Quem amaste!
Misteriosa, bela, encantadora
Todos te têm cantado
Inspiradora de almas noturnas
Que não obedecem à noite
Que não adormecem
Que se portam como se o sol nunca se pusesse.
José Silva Costa
Dia Mundial da Criança
A criança, tão mal tratada!
Mesmo quando o mundo avança
O elo mais fraco do triângulo
Flor tenra e delicada
Por vezes, apanhada no turbilhão da vingança
Usada como arma de arremesso, pelos progenitores
Quando não estão à altura de assumirem a suas dores
Vítimas das guerras, nas mãos dos raptores
Condenadas a trabalhos forçados
Escravas sexuais, sujeitas a todos os horrores
Órfãos, deambulando, pelo mundo, à procura de alimento e lugar seguro
Felizes das que calham com progenitores, que todos os dias lhes dão carinho
Como quem rega uma semente, que com o tempo se torna numa flor florescente
Haja mais respeito por aqueles, que amamentam ao peito!
Não enjeitem a nobre missão de criar uma criança, com todas as mãos
Infelizmente, nem todos têm condições para escolherem, quando querem ter filhos
Mas, uma vez gerados, todos temos o dever de lhes prestarmos todos os cuidados
No primeiro dia Mundial da Criança, desta nova era, ajudemos as crianças, na dura aprendizagem, que as espera
O Mundo não volta a ser o que era!
Está nas nossas mãos, torna-lo melhor e mais humano.
José Silva Costa
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