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A escolha
Abril não floriu
O cravo não riu
Está tudo vazio
Estamos em casa, confinados
Por causa do contágio
Que nos pode levar ao frio
Neste ano sombrio
Em que o Mundo está parado
Como que o sistema que o faz rodar
Se tivesse avariado
Há quem esteja desesperado
É duro estar enclausurado
Mais duro é estar internado
Mais duro, ainda, é ficar parado
Num local inesperado
Sem retorno, nem bailado
É fácil falar!
Mas quem tem, no dia-a-dia
De angariar dinheiro, para ir ao supermercado
Só pode estar angustiado
Não pode ouvir o meu recado:
Não se precipitem
Porque a procissão ainda vai no adro
Mas este conselho só serve para quem está instalado
Quem nada tem!
Tem de escolher entre sair ou ficar em casa
Uma escolha difícil
Porque o estômago não pode esperar
Assim, têm de arriscar a vida
Porque promessas não enchem barriga
Temos de manter a distância social
Menos nos aviões!
Onde podemos viajar uns ao colo dos outros
Os políticos um dia dizem para ficarmos em casa
No dia seguinte dizem para sairmos
Para gastarmos, porque a economia não pode parar
Em quem podemos acreditar!
José Silva Costa
Bebes a 30 mil euros
O Covid19 a todos tem incomodado
Ninguém lhe passou ao lado!
Transformou o mundo em prisão
De repente o céu fechou
Não por umas horas ou dias
Mas por meses!
Muitos estavam em trânsito
Ficaram impedidos de voltar para casa
Só o poderão fazer, quando os aviões derem à asa
Neste invisível turbilhão
Cerca de uma centena de bebes
Nascidos na Ucrânia, ficaram à espera
Que os aviões voltem a voar
Que os comboios voltem a andar
Que os carros possam, as fronteiras, atravessar
A Ucrânia, devido ainda às ondas de choque
Da desagregação da antiga URSS
Tornou-se num grande exportador de bebes
As ucranianas alugam as sus barrigas, durante 9 meses, por 15 mil euros
Os outros 15 mil são para as clinicas
Onde os bebes esperam pelos seus pais
Com este vírus ficaram retidos
Impedidos de irem para os seus lares
Receberem o carinho de que tanto necessitam
Para um crescimento feliz
Permanecem nos seus berços, alinhados
Sem a distância recomendada, para evitar a contaminação
Mais parecendo uma linha de montagem, do que um berçário
Não sei se as clinicas vão exigir juros
Devido ao atraso na entrega
Enquanto as suas futuras famílias desesperam
Os bebes vão crescendo na espera
De que nasça um risonho dia.
José Silva Costa
Pretextos!
Como Costa teve o apoio de Marcelo, para se verem livres de Centeno
Quem é que quer um Ministro das Finanças, que abra as portas ao FMI!
O vírus já tinha acabado com o trunfo das contas certas
Agora, o que interessa é reeleger Marcelo e Costa ter uma maioria absoluta
Como Centeno é um Ministro, considerado, muito competente
Tinham de arranjar um pretexto suficientemente forte, para o afastarem
À boleia da oposição, o que é natural, juntaram-se mais dois
É uma pena que os políticos coloquem, sempre, as suas vaidades
À frente dos interesses do país.
José Silva Costa
70 Anos
Setenta anos a dialogar
Para as armas calar
Não compreendo os que andam a gritar
Para sairmos do Euro, e as fronteiras fechar
Com o falso pretexto de mantermos a nossa independência
Como se fosse melhor o isolamento, do que a cooperação
O que lhes vale é a pouca politização
De quem os ouve
Com a proposta: “ uma política patriótica”
Seja lá o que isso for
Sem preocupações com o aumento da dívida e do défice
O que a Europa precisa é de solidariedade
Para os tempos negros, melhor, atravessar
Espero que os políticos de hoje ponham os olhos nos de há setenta anos
Mantendo as armas caladas e continuando o diálogo
Para bem de todos os povos.
José Silva Costa
5/05/2020
Dia Mundial da Língua Portuguesa (260 milhões de falantes)
Para comemorar o primeiro dia mundial da língua portuguesa,
os versos, que o grande poeta, António Ramos Rosas, escreveu para abrir o poema
“ O Fulgor Da Língua/O Estado Do Mundo”
“Ouve
O mundo há-de ser sempre o mundo porque é o mundo
O mundo não é real o homem não está no mundo
O homem é o mundo quando é um grão de terra ou o filho do mar
Só ao longe se pode ver a solidão do homem na sua nudez sem lâpada”
Primeiro de Maio
Um primeiro de Maio diferente
Com muito tempo para refletir
Num Mundo desequilibrado
Onde poucos têm tudo, e muitos não têm nada
Um Mundo de fachada, que não valoriza a qualidade humana
Em que o desenvolvimento foi baseado no desperdício
“ Usa e deita fora”
Com os serviços mais bem pagos que a produção
Os produtos essenciais são pagos a meio tostão
Os supérfluos valem um dinheirão
É tempo de reflexão
O fosso das desigualdades não pode continuar
Cada qual tem a sua função
Não é tempo de guerrilhas, mas de colaboração
Os recursos são escassos, não podemos continuar a desbarata-los
Há povos que deitam para o lixo o que faz falta a outros
Valores invertidos, prioridades invertidas, está tudo de pernas-para o ar
Vamos ver se esta pandemia, que nos veio mostrar o que é a igualdade
Se nos faz refletir e, alguma coisa, mudar
Porque ela veio interromper vidas, suspender outras, causar o caos
Um turbilhão, que a todos nos atirou ao chão
Como nos vamos levantar!
Se tudo mudou e não sabemos como vai ficar
Se não temos pão para, aos filhos, dar
Tudo parou, as empresas, os trabalhadores, estão a despedir
Neste primeiro de Maio, dia do trabalhador, o trabalho desapareceu
Pela primeira vez, o dia do trabalhador, mais parece o dia do desempregado
Como é que vai ser!
Se todos os dias temos de comer
Os senhores que só pensam em nos impressionar com as suas riquezas materiais, é que nos podiam responder
Por que razão não há uma melhor distribuição da riqueza produzida?
Há, assim, tanta diferença entre os seres humanos?
Que justifique que uns tenham tudo e os outros não tenham nada
As vaidades não elevam ninguém
Só o humanismo pode valorizar o que é humano.
José Silva Costa
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