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Retrato Perfeito!

por cheia, em 27.11.19

Digitalizar!

Na montra do anonimato

Digitalizaste o teu retrato

Está tudo tão perfeito!

Criaste uns cabelos longos para prenderes os meus braços

Uns olhos de amêndoa e mel

Uns lábios de romã apaixonada

Um queixo perfeito

Colocaste o sinal no sítio certo

Mas, não fez efeito!

Tenho de te olhar, olhos nos olhos, para ver o jeito

Sentir o teu sangue queimar o meu peito

Beijar os teus lábios para matar o desejo

O digital não tem cheiro!

Nem dá para ver o rodopiar dos joelhos

No futuro, vamos poder digitalizar a cabeça, tronco e membros

Vamos aguardar, pelos resultados!

 

José Silva Costa

 

 

 

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publicado às 20:10

Amor eterno!

por cheia, em 24.11.19

No tempo da outra senhora (2)

 

Francisco já tinha feito o serviço militar

Estivera na fronteira do Alentejo

Na zona de Évora

Aquando da guerra civil Espanhola

Num exercício de artilharia

As coordenadas estavam erradas, racharam uma, centenária,

oliveira

Tinha estado em São Miguel do Pinheiro (Mértola)

Para aprender o ofício de ferreiro

Estava quase com trinta anos, procurava companheira

Encantou-se com a Alice, que era muito bonita

Pudera, tinha dezassete anos, menos doze que ele!

Quem não queria, uma tão linda flor!

Francisco ia, quase todos os dias, montado no macho

Namorar a Alice, não tinha tempo a perder

A Alice era a segunda de cinco raparigas e três rapazes

Ainda viria a ter mais um irmão, aquando de seu segundo filho

Mãe e filha grávidas, apenas, com um mês de diferença

Francisco convenceu a Alice a juntarem-se, pelo Santo Amaro

Era o habitual, não havia dinheiro para casamentos

Levou-a para o seu monte

Alugou uma parte da casa onde, também, funcionava a Escola Primária

Do lado direito vivia o novo casalinho, no esquerdo, por detrás da sala de aulas, a Dª. Olenca

Uma Algarvia, que viria a tirar a primeira fotografia ao futuro rebento

Estávamos em plena segunda guerra mundial, que a todos castigava

Senhas de racionamento, fome, miséria, sofrimento e morte

O futuro rebento recusou-se a nascer antes, da guerra acabar

Nasceu quatro meses depois, da mãe fazer dezoito anos

Alice esteve à morte, teve hemorragias.

Um curioso receitou-lhe uma sangria!

Médicos e hospitais, não havia!

Só lá em Lisboa!

Recorriam aos curandeiros locais

O pai de Alice, receando perder a segunda filha e o primeiro neto

Levou-os para a casa da família, onde a mãe e as irmãs os trataram.

 

José Silva Costa

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 19:13

Os cavalos!

por cheia, em 23.11.19

No tempo da outra senhora

 

O dia tinha acordado

O sol estava do nosso lado

Dois guardas a cavalo assomaram, na altura

As pessoas abandonaram a rua

Não gostavam dos visitantes

Representavam os mandantes

Muitos eram arrogantes

Prendiam os habitantes

Com o pretexto de que, do PC., eram militantes

Contestavam, dizendo que nem sabiam do que se tratava

Mas, a GNR. é que mandava

A sua palavra condenava

Na rua não se via viva alma

Com a exceção de uma criança

Que estava atemorizada

Com aqueles enormes cavalos, gordos, pelos guardas, montados

Os adultos fecharam-se em casa

Entreabriram os postigos, por onde espreitavam

Atravessaram todo o monte

Desta vez não prenderam ninguém

A criança quando os viu, no fim do monte, desaparecer

Disse a todos que podiam sair

Já se tinham ido embora.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

No tempo da outra senhora

 

O dia tinha acordado

O sol estava do nosso lado

Dois guardas a cavalo assomaram, na altura

As pessoas abandonaram a rua

Não gostavam dos visitantes

Representavam os mandantes

Muitos eram arrogantes

Prendiam os habitantes

Como o pretexto de que, do PC., eram militantes

Contestavam, dizendo que nem sabiam do que se tratava

Mas, a GNR. é que mandava

A sua palavra condenava

Na rua não se via viva alma

Com a exceção de uma criança

Que estava atemorizada

Com aqueles enormes cavalos, gordos, pelos guardas, montados

Os adultos fecharam-se em casa

Entreabriram os postigos, por onde espreitavam

Atravessaram todo o monte

Desta vez não prenderam ninguém

A criança quando os viu, no fim do monte, desaparecer

Disse a todos que podiam sair

Já se tinham ido embora.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 19:28

O futebol é que educa!

por cheia, em 20.11.19

O vinho é que instrói!

Mais um mega processo : dez Câmaras Municipais, quatro Clubes de Futebol, sessenta e oito arguidos

Mais um que não vai dar em nada, como aconteceu com o Apito Dourado, Toupeiras e outros

Porque no fim, o futebol é, sempre, ilibado. Oh! Não fosse ele quem manda em Portugal

Terrenos Municipais, dinheiro dos contribuintes, tudo consumido com os milionários ordenados dos jogadores, dirigentes, agentes e companhia

O presidente do Benfica, já garantiu um encaixe de 3,8 milhões, quando deixar a presidência

Uma afronta a quem sobrevive com 200, 300, 600 euros por mês

Ainda ontem, uma mãe de duas meninas, desempregada, se queixava que vivem com pouco mais do que o abono de família, sorria para não morrer, faz das tripas coração, na esperança que elas tenham uma vida melhor

Não se manifestem por não terem médicos nos hospitais, nem comboios nem linhas férreas, nem berçários nem jardins- de- infância, nem professores nem auxiliares, amianto não nos faltará

Para grande satisfação dos que encheram o Estádio Nacional, com cascóis, temos dez campos de futebol, construídos para o Euro 2004, alguns às moscas, que ainda estamos a pagar

Que nunca nos falte o futebol, vinte e quatro horas por dia, em todos os canais de televisão

No futebol, como no resto em geral, a corrupção está para ficar!

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

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publicado às 19:47

Erotismo

por cheia, em 17.11.19

Erotismo

Deito-me com jeito no teu leito

Percorro-te num olhar perfeito

O olhar para nos cimos

Rosáceas de mármore de bicos em cima

Hirtos, apontados aos céus

Iluminam o sol, a lua, e as estrelas da rua

Fico inebriado

As nossas caricias são um bailado

Subimos e descemos o céu estrelado

Fundidos, acabamos prostrados

Felizes, ouvimos a chuva a acariciar os telhados

Um domingo de sol molhado

Como gostámos de, assim, o ter passado!

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

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publicado às 20:10

A cor do outono

por cheia, em 14.11.19

A Natureza

 

Vamos, neste outono amoroso, continuar

Os dois, beber todo o amor, para a natureza atuar

Nada nos pode afastar do nosso sonho de a amar

É tão bom olhar para ela, vê-la vestida de beleza!

Para onde quer que nos viremos, vemos pureza

Nós adoramos-te, querida natureza

Nunca mais te agrediremos, com leveza

Isso, só nos traria mais pobreza

Não olhes, para nós, com estranheza

Já aprendemos a lição, de que não é com destruição

Que combateremos a sufocante poluição

Não queremos máscaras para a respiração!

Nem ficar presos em casa, sem solução

Atados, procurando com a imaginação

O que devemos e não devemos fazer, para a correção

De tantos erros acumulados, devido à grande ambição

De comprarmos todas as ilusões, que constam da publicação

De atulharmos as casas de coisas tão necessárias

Que não servem para nada, apenas acumular o pó.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

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publicado às 18:07

A Cega Que Só Vê o Que Quer

por cheia, em 13.11.19

Tenho vergonha de uma sociedade que prende preventivamente uma mulher que joga no meio do lixo o filho acabado de nascer. Tenho vergonha de uma justiça que parou num dia qualquer há mais de quatro mil anos, sentenciando "olho por olho, dente por dente" e jogando essa mulher no meio do lixo.

Quem pode não saber que uma mulher assim, jovem e sem-abrigo, é alguém que acumula tanto sofrimento que torna impossível que não seja cada um de nós tão ou mais culpado que ela pelo que a ela e ao seu filho aconteceu? Quem pode ser tão cruel para se apressar a castigar quem precisa de ajuda psicológica e tratamento médico?

Não nos podemos iludir, esta decisão não é fruto de um algoritmo, não nasce do acaso. Brota de uma agenda populista, de uma Comunicação Social tabloide que semeia culpas para colher sentenças, de comentadores e políticos justiceiros a quem uma parte do Ministério Público e alguns juízes gostam de fazer a vontade. Uma imigrante africana, desinserida da sociedade, que cometeu o crime de abandonar um recém-nascido em condições que podiam ter sido fatais só é um caso a necessitar de uma "sentença" exemplar para uma justiça que alinha as suas preocupações com os populistas, que não têm nunca disponibilidade para procurar resolver, antes se apressam a condenar sem querer saber como foi possível. Sim, é evidente que neste caso a prisão preventiva funciona como castigo. Não se destina a evitar a continuidade da prática criminosa, nem pode presumir a capacidade da arguida prejudicar a investigação estando em liberdade. Fugir, sim, admito que lhe tenha passado pela cabeça, muitas vezes, fugir do destino que lhe coube em má sorte.

Esta justiça que procura estar sintonizada com a horda de justiceiros, que não hesita quando é para prender, é uma justiça que não procura ser justa e que quer ter as mãos mais livres para ser discricionária e agir de acordo com interesses próprios. Esta não é a justiça que queremos cega para não olhar a quem, é uma justiça que espreita pelo canto da venda. O supremo magistrado da nação convoca a "compreensão humana para o ambiente que rodeou o gesto daquela mulher" e deixou "uma palavra especial a pensar no drama daquela mãe que, numa situação de desespero, foi levada a fazer aquilo que fez". O que Marcelo nos lembrou só não vê quem não quer. Que lhes pese na consciência a decisão que tomaram.

Paulo Baldaia

Jornalista  -  JN

 

 

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publicado às 19:46

Rua!

por cheia, em 10.11.19

Rua!

 

Vives na rua

À luz da lua

Na indiferença, nua

De quem passa

Olha para o lado

Para não ver o frio duro

Que te agasalha

No aconchego

Das pedras da calçada

Com as estrelas como almofada

Em lençóis românticos, deitada

Sonhando com um mundo de fada

Que não tem data anunciada!

Prometido em cada eleição, marcada

Mas, as legislaturas passam, e nada!

Tu aguardas desesperada

Por uma mão amada

Que te ajude a subir a, social, escada.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 19:34

Aquecimento!

por cheia, em 09.11.19

ASSUNTO: A PROPÓSITO DO AQUECIMENTO GLOBAL Por Galopim de Carvalho (Doutorado Em Geologia ).

 

idático e esclarecedor este texto do Prof. Galopim de Carvalho.

  É  um pouco  extenso mas também é indispensável a sua leitura.

 

 A PROPÓSITO DO AQUECIMENTO GLOBAL_A. Galopim de Ca xrvalho

     http://dererummundi.blogspot.com/2019/09/a-proposito-do-aquecimento-global.html?m=1

 

  sexta-feira, 27 de setembro de 2019

A PROPÓSITO DO AQUECIMENTO GLOBAL

 


No momento presente, em que anda muita gente a “dizer coisas”, sobre o aquecimento do planeta o degelo dos glaciares e a subida do nível do mar, em que uns agridem, outros defendem a jovem sueca Greta Thunberg, a verdade, goste-se ou não, ela é o rosto de um movimento, estou em crer imparável, que já mobilizou os adolescentes (e não só) à escala mundial.

A começar, devo dizer que acredito em toda esta dinâmica de juventude à escala mundial, desejando que ela envolva igualmente a luta bem mais necessária e urgente contra a destruição das florestas, a poluição do ar, das águas marinhas e fluviais, dos solos e a destruição galopante dos recursos naturais.

Se quisermos reflectir, séria e profundamente, nesta mais do que real ameaça global, a sociedade dita de desenvolvimento vai ter, a partir de agora, de se mentalizar para, a curto prazo, mudar a forma viver e de consumir, deixando de agredir e de conspurcar a Natureza.

Relativamente a este processo, que se me afigura demasiadamente politizado, é minha convicção que a actividade antrópica, com influência no clima, não se sobrepõe, em especial, às do Sol e do vulcanismo.

Penso pois que, mesmo sem a poluição atmosférica, da nossa responsabilidade, nomeadamente a relativa às emissões de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa (que existe e é um facto comprovado), o Planeta irá aquecer nos próximos milhares de anos e registar fenómenos atmosféricos como os que nos tem vindo a mostrar (chuvadas e cheias catastróficas, furacões, tornados e outros), associados a inevitável subida do nível do mar.

Vale, pois, a pena reflectir sobre o que tem sido o sobe e desce da temperatura do planeta, à escala global, e o consequente sobe e desce do nível geral da superfície do mar nos derradeiros milhares de anos. Nos últimos dois milhões de anos da história da Terra foram registadas seis grandes glaciações intercaladas por períodos de aquecimento global, ditos interglaciários, no pico dos quais os níveis do mar subiram muito acima do nível actual.

A mais recente destas seis glaciações, ocorrida entre há 80 000 e 10 000 anos, conhecida por Wurm, na Europa, e por Wisconsin, na América do Norte, não será certamente a última, e nós estamos a viver um período de aquecimento interglaciário, entre esta e a previsível próxima glaciação, daqui a uns bons milhares de anos.

Assim sendo, com ou sem gases com efeito de estufa de origem antrópica, libertados para a atmosfera, a temperatura global vai elevar-se e, em consequência do inevitável degelo, o nível do mar vai subir e muito.

Há cerca de 18 000 mil anos, no Paleolítico, já as mais antigas gravuras rupestres se disseminavam pelas paredes rochosas do Vale do Côa, atingia-se o máximo de rigor e de extensão da última glaciação do Quaternário, a atrás referida Würm.

Restringindo-nos ao hemisfério Norte, a calote glaciária em torno do Pólo, espessa de dois a três milhares de metros, alastrava até latitudes que, na Europa, atingiam o norte da Alemanha, deixando toda a Escandinávia submersa numa imensa capa de gelo, capa que cobria igualmente grande parte da Sibéria, todo o Canadá e a Gronelândia. No Pólo Sul a respectiva calote extravasou, e muito, os limites do continente antárctico, alastrando sobre o oceano em redor e cobrindo a parte meridional da América do Sul. No Atlântico Norte, a frente polar, ou seja, o encontro entre as águas polares, com icebergs à deriva, e as águas temperadas, situava-se à latitude da nossa costa norte, entre Aveiro e o Porto.

O nível do mar estaria, ao tempo, uns 140 metros abaixo do actual, pondo a descoberto uma vasta superfície, hoje submersa, levemente inclinada para o largo e que corresponde à actual plataforma continental. Da linha de costa de então descia-se rapidamente para os grandes fundos oceânicos, com 4 a 5 mil metros de profundidade. A temperatura média das nossas águas rondaria, então, os 4º C. As Serras da Estrela e de Gerês, à semelhança de outras montanhas no país vizinho, tinham os cimos permanentemente cobertos de gelo, desenvolvendo processos de erosão próprios dessa situação climática, cujos efeitos ainda se podem observar em importantes testemunhos, com destaque para o vale glaciário do Zêzere. relevos menos proeminentes, mais a sul e menos afastados do litoral como, por exemplo, as serras calcárias do Sicó, Aires, Candeeiros e Montejunto, encontram-se ainda, da mesma época, vestígios bem conservados e evidentes de acções periglaciárias.

Desses vestígios sobressaem certas coberturas de cascalheiras soltas, brechóides, sem matriz argilosa, essencialmente formadas por fragmentos de calcário muito achatados e angulosos, em virtude da sua fracturação pelo frio, que deslizaram ao longo das vertentes geladas, destituídas de vegetação e de solo, e se acumularam na base desses declives. A conhecida pincha de Minde teve a sua origem nesta altura e através deste processo.

A partir de então verificou-se uma importante melhoria climática e consequente degelo. A temperatura sofreu uma elevação gradual e as grandes calotes geladas começaram a fundir e a retrair-se, debitando nos oceanos toda a imensa água até então aprisionada. Em consequência, o nível geral das águas iniciou a última grande subida e mais uma invasão das terras pelo mar, conhecida por transgressão flandriana.

Praticamente, todos os rios portugueses, do Minho ao Guadiana, terminam em estuários, que não são mais do que vales fluviais escavados durante esta última glaciação e posteriormente invadidos pelo mar, no decurso desta transgressão. Pelos estudos realizados na nossa plataforma continental sabemos que, há uns 12 000 anos atrás e na continuação do degelo global, o nível do mar coincidia com uma linha aí bem marcada, à profundidade de 40 metros.

Uns mil anos mais tarde, a tendência geral de aquecimento generalizado foi perturbada por uma crise de arrefecimento à escala mundial. Uma explicação para esta interrupção, relativamente brusca, no processo de aquecimento global que se vinha a verificar há alguns milhares de anos, pode encontrar-se na presunção de que, durante a glaciação, se formaram lagos enormíssimos no continente norte-americano, mantidos por grandes barreiras de gelo, que teriam recebido águas de cerca de oito mil anos de degelo nessa área da calote gelada.

Admite-se que, tendo descongelado as barreiras que sustinham esses lagos, toda a água doce aprisionada desaguou no Atlântico Norte, desencadeando a brusca congelação da superfície do mar e a consequente mudança climática com reflexos à escala global. Saiba-se que água doce congela a uma temperatura mais elevada do que a água salgada do mar. Na sequência, os glaciares não só interromperam o degelo, como reinvadiram as áreas entretanto postas a descoberto. Em resultado desta nova retenção das águas, o nível do mar desceu de um valor estimado em 20 metros e assim permaneceu durante cerca de mil anos. A frente polar, que recuara até latitudes mais setentrionais, avançou de novo e atingiu o paralelo da Galiza, pelo que as temperaturas das nossas águas voltaram a descer, rondando os 10º C.

No final deste episódio de inversão climática, a que se dá o nome de Dryas recente, há 10 000 anos, a transgressão retomou o seu curso. O clima tornou-se mais quente e mais chuvoso, entrando-se no que designamos por pós-glaciário. Há 6 a 7 mil anos, a temperatura média, na nossa latitude, atingia cerca de 5 ºC acima dos valores normais no presente. Foi o recomeço da subida generalizada do nível do mar, que se vinha a verificar desde o início do degelo, à razão de cerca de 2 cm por ano, em valor médio, embora a ritmo não constante e com algumas oscilações. Este episódio, conhecido por Óptimo Climático, coincidiu, em parte, com o Mesolítico português, estando bem exemplificado nos magníficos concheiros de Muge, no Ribatejo.

 O nível marinho actual começou a ser atingido há cerca de 5000 anos, em pleno Megalítico ibérico, iniciando-se, então, o que é corrente referir como Período Climático Subatlântico, marcado por relativa humidade. A partir de então verificaram-se pequenas oscilações na temperatura, marcadas por moderadas e curtas crises de frio, com correspondentes recuos do mar, designados por Baixo Nível Romano, há 2000 anos, Baixo Nível Medievo, em plena Idade Média (séculos XIII e XIV) e Pequena Idade do Gelo, nos séculos XVI a XVIII, bem assinalada na Europa do Norte pelo congelamento de rios e lagos, situações relacionadas com a ocorrência de grandes cheias primaveris, resultantes do degelo nas montanhas, bem testemunhadas em pinturas da época.

Posteriormente a esta crise de frio a temperatura do planeta subiu e vai, muito provavelmente continuar a subir, para os níveis actuais, mesmo sem a ajuda das emissões antropogénicas do agora tão falado dióxido de carbono e dos outros gases com efeito de estufa.

A tarefa não é fácil e, repetindo o que disse no início, se quisermos reflectir, séria e profundamente, nesta mais do que real ameaça global, a sociedade dita de desenvolvimento vai ter, a partir de agora, de se mentalizar para, a curto prazo, mudar a forma viver e de consumir, deixando de agredir e de conspurcar a Natureza.

  1. Galopim de Carvalho

 

 

 



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publicado às 16:20

Signos!

por cheia, em 06.11.19

Signos

Neste inesquecível dia

Em que viste, pela primeira vez, a luz do dia

Estou muito feliz por te ter encontrado

Nesse dia, por ti, fiquei enfeitiçado

Meu escorpião emplumado

De cristal, iluminado

O tempo caminhado lado a lado

Evaporou-se como fogo ateado

Que bonito é o resultado!

Desejo que sejas feliz, todos os dias

Que contes muitos mais, e eu que veja!

Para que possamos continuar a nossa dura caminhada

Para que vejamos, ainda, nascerem

Muitos, inesquecíveis, dias.

 

José Silva Costa

 

 

 

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publicado às 17:53

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