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Há 50 anos
A Lua não nasceu
A manhã não amanheceu
O Sol desapareceu
O país não dormiu
Desaguou no Cais da Rocha do Conde de Óbidos
O monstro estava atracado
Preso com grossas correntes
Com receio que fosse ao fundo
Com a ira daquela gente
Toda vestida de preto
Exceto os que iam embarcar
Os jovens não se queriam apartar
As mães apertavam os filhos, ao peito
Como se quisessem, de novo, esconde-los, no ventre!
Vinte anos a criá-los, para os perderem, para sempre
O monstro rugiu
O cais estremeceu
O Tejo encolheu
O Atlântico embraveceu
As mulheres olharam, para o céu
Desfaziam-se em lágrimas e gritos
Os seus filhos, maridos, irmãos, cunhados, sobrinhos, afilhados; afastaram-se
Os militares ocuparam os seus lugares
Para começarem a entrar, naquele que, para a morte, os ia levar
Não foram suficientes para o abarrotar
No dia seguinte aportou ao Funchal, na Ilha da Madeira
Também o Arquipélago da Madeira ficava sem a sua maior preciosidade
Os seus filhos!
Dali em diante, O Vera Cruz, estava em competição com a Apollo 11
Para ver quem chegava primeiro
Se ela à Lua, se ele a Luanda
Ela ganhou, por um dia.
José Silva Costa
Na silhueta de quem traz a salvação
Oiço o barulho do clarão
Os lábios aceleram o bater do coração
Os olhos trocam mensagens de emoção
O sol e a lua já sabem a nossa reação
Vamos de encontro à sedução
Os corpos parecem um vulcão
Ardem como estrelas, sem solução
Amanhã consertamos o coração
Porque sem ele não há continuação
A vida pode esperar por outra estação
Nós é que não podemos perder a ocasião
De viver o amor desta paixão
Que arde como estrelas, sem solução!
José Silva Costa
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