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Luar ao Sul
Ceifeiras: papoilas ao vento a esvoaçar
Trigueiras, a perfumarem a planície
Cantam, para espantarem as dores
De corpo e faces tapadas, para enfrentarem o calor
Sob um sol escaldante, de foices em riste
Para desafiarem o vento levante
Quantas canseiras, para ver o pão nas eiras!
Mulheres determinadas, que cortam o sol com o regaço
Que sabem todo o circuito do pão:
Alqueivar, gradar, semear, mondar, ceifar, debulhar, limpar, moer, peneirar, amassar, tender,
O forno aquecer, para o pão cozer
Se soubessem, as voltas que a mão dá, até fazer do grão de trigo pão!
Não o estragariam, dando-lhe muita mais atenção
Há multidões de esfomeados, que nunca, o pão, verão
Acabada a ceifa, chega a adiafa, para suavizar o cansaço
Um dos trabalhos mais duros, que mulheres e homens
Enfrentaram, nos campos do Alentejo
Sob um sol ardente, de cortar a respiração!
José Silva Costa
Asas – A 380
O gigante dos ares aterrou, pela primeira vez, em 23/07/2018, no aeroporto de Beja, o único em território nacional, com capacidade para o acolher
Beja está a ganhar notoriedade, num país pequeno, onde muitos não conseguem ver para além da sua rua
Se temos uma infraestrutura, que faz a diferença, qual a razão para não aproveitá-la?
A mesma de sempre: está localizada no interior!
Senhores políticos deixem-se de provincianismos bacocos e complexos de inferioridade
Lisboa será sempre a capital, mas o resto não será só paisagem, se não continuarem a desfazer o que está bem, só para alimentarem as vossas vaidades
Não conseguiram encontrar melhor maneira de compensar o Porto, por não ter conseguido que a Agencia do Medicamento viesse para a Cidade Invicta, do que dar cabo do Infarmed?
Honrem a morte de mais de uma centena de pessoas, desenvolvendo todo o país, pensando no bem das pessoas, e não no vosso umbigo
Passam o tempo a cantar êxitos, mas continuamos na cauda da Europa!
Para além de sermos um pequeno, pobre, país, os políticos estragam o pouco que temos
Fazem, desfazem, ficam sempre com a maior parte
Para quando as mil vezes anunciadas leis, para dificultar a corrupção?
José Silva Costa
No perfume e brilho dos primeiros dezoito anos, vividos
Todas as ambições e sonhos são permitidos
O Mundo é pequeno, para todos os ímpetos dos sentidos
Tudo parece eterno, quando, afinal, tudo é curto, fogaz, sem desmentidos
É o tempo de colher todo o vigor dos verdes anos
De construir castelos feitos de sonhos
De apanhar as nuvens e viver em todos os planos
Como se todos fossemos humanos
Adolescência, maior de idade, vaidade, a mais bonita idade
Tudo translucido e colorido sem adversidade
Na beleza da auria que circunda a longevidade
De um tempo sem limites, cheio de ansiedade
Um tempo promissor, cheio de luz, cor e furor
Em que em tudo empenhamos o nosso ardor
Como se estivéssemos a regar uma flor
Cujo crescimento vai depender da sorte e do amor.
José Silva Costa
Domingo vai chover
As previsões dizem que Domingo vai chover
Graças à ciência e às novas tecnologias, podemos, com antecedência, saber como vai estar o tempo
No Domingo vamos dar descanso às férias, não correndo para as praias, para torrar
Vamos aproveitar para descansar, sabe tão bem descansar do cansaço das férias
Há sempre muito que fazer: ver um filme, ir ao cinema ou ao teatro, visitar uma amiga ou um amigo, mesmo que esteja detido
Proponho-vos um exercício muito mais difícil: tentar desconectar toda a família, sentá-la a uma mesa, para jogar às cartas, às damas, ao monopólio, etc.
Um ótimo exercício, para testarmos as reações, de cada um, quando se perde, ou quando se ganha
E, vão ver que nem se lembram que está a chover
Mas, se preferirem, também, podem ver a chuva a cair, regar e lavar tudo, com as plantas a sorrir
Na segunda-feira não se esqueçam de observar e saborear a frescura, o perfume, os efeitos, de o Verão, ter procedido à limpeza do que não fez, durante um mês de muitas desilusões
Nem ele sabe muito bem, por que razão não fez o Sol brilhar, aquecer a água do mar………
Tenho uma explicação: o Verão, este ano, no seu primeiro mês, foi de férias, para a Rússia, para ver o Campeonato Mundial de Futebol.
José Silva Costa
Tanto trabalho, para tão poucos dias!
Estou de acordo com as trinta e cinco horas
Não nascemos, para, só, trabalhar
Também temos o direito de, o mundo, olhar
Por que razão só pensa em, os dividendos, aumentar?
Com as novas tecnologias, não está sempre a produção a aumentar!
Todos têm direito a um posto de trabalho
O desemprego só gera desigualdades
Quem é que não se sente inferior por não conseguir contribuir para a produtividade?
Portanto, menos horas de trabalho! Ocupação para todos
Já basta, quererem que nos reformemos aos cem anos!
A história da sustentabilidade está muito mal contada
Os jovens têm direito a sonhar com realizações, que só o trabalho lhes pode dar
Para quê, com trabalho, os velhos, matar?
Deixem-nos, ao menos, uns minutos descansar, quando já não podem andar
Ninguém cá vai ficar, mesmo que queira este e o outro mundo abarcar!
Vamos, o Planeta, ajudar, não estragando hoje, o que amanhã nos faltará
O desperdício é o nosso pior vício, com a fantasia de que isso, mostra ao outro que existo
Mais solidariedade, mais humildade, mais humanidade é o que precisamos, na realidade
Quanto mais o fosso entre ricos e pobres diminuir, mais a alegria nos vai unir
A alegria de ver mais gente feliz, faz um Mundo novo emergir
Ninguém encafuado, em muros, condomínios, arame farpado ou assustado, se sente realizado
Este pequeno e pobre espaço, de todos, por todos tem de ser bem dividido e administrado.
José Silva Costa
As imagens
As imagens da televisão
Bem avisaram que não eram
Para que tem coração
Infelizmente, todos os dias morrem bebés!
Mas, não os mostram na televisão
As imagens destes três, vão-me atormentar
Durante muito tempo, a toda a hora, a todo momento
Olhos que não veem, coração que não sente
Como é que há gente?
Que se recusa a enfrentar este problema, de frente
O maior cemitério de sempre!
Não consegue incomodar, quem vive comodamente
Preso no egoísmo do seu ambiente
Cercado de uma realidade que não mente
Vai-se empanturrando de ódio, na mente
Tentando convencer-se que é feito de matéria diferente.
José Silva Costa
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