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Cascas de nozes com baratas

por cheia, em 27.02.18

A mendicidade

 

Todos os dias, na mesma esquina, sentada no chão

Com as pernas recolhidas, na dura e gelada calçada

Chova ou faça frio, enregelada, na mesma posição

Passo, e ela diz bom dia e acena-me com a caixinha com cêntimos

Fico, sempre, tão transtornado, por ver aquela rapariga, naquele estado

Como é que ela aguenta aquela penitência?

Horas e horas, naquela posição, naquele gelado passeio

É estrangeira! De longe, de perto, de onde é que terá vindo?

Cada vez que passo cumprimenta-me, e eu arrepio-me

Por não ser capaz de lhe dar, nem que seja, um cêntimo!

Não quero alimentar aquele modo de vida, mas fico tão revoltado!

Não sei se com ela, se comigo, se com toda a gente, se com o resto do Mundo

Fui obrigado a vê-la, cinco terças-feiras seguidas, não foi bem, porque na de Carnaval, não fui a Lisboa

Hoje, espero que tenha sido a última vez. Pois, desejo que não seja preciso voltar àquela esquina, tão depressa!

Mas, vai ser preciso muito tempo, para me esquecer da cara dela: franzina, o corpo todo coberto, só a face macilenta à vista! Mesmo toda entrapada, não sei, como aguenta!

Sempre que vejo estas pessoas vê-me à ideia uma triste situação, que aconteceu na estação ferroviária de Sintra

Uma senhora desceu do comboio acompanhada de uma menina, que parecia cega

A senhora afastou-se um pouco da gaita, esta estava constantemente aos aís

As pessoas perguntaram-lhe o que tinha, para ter os olhos com ligaduras

A miúda respondeu que tinha baratas nos olhos

Chamaram a polícia, e não as abandonaram enquanto a polícia não chegou

Tiradas as ligaduras verificaram que a menina tinha duas meias cascas de nozes com baratas

A finalidade seria cegá-la, para ser utilizada para a mendicidade

O que o ser humano é capaz de fazer, para viver da mendicidade!

 

 

José Silva Costa

 

 

 

 

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publicado às 19:52

Massacres!

por cheia, em 22.02.18

Ghouta Oriental (Síria)

 

Mais um massacre

Feito por quem pelos outros não tem respeito

Tantos homens, mulheres, crianças mortas, ficando sem peito

Os tiranos não sabem o que é o direito!

Aqueles que os elegem não sabem o que vai ser feito

Não se importam de fazer dos mortos o seu leito

Nenhuma guerra, massacre, genocídio, tem jeito

Amar, ajudar, falar e tentar compreender o outro é que é perfeito

As guerras, por muitas convenções que existam, não têm preceito

Cada um comete as maiores atrocidades que pode, não se importando com as regras a que está sujeito

Por que razão a Rússia e os Estados Unidos mandam no mundo inteiro?

No caso da Síria, para além dos dois mencionados, ainda há muito parceiro

Que continua a querer matar um país inteiro (Turquia, Irão …)

Dividam o mundo como quiserem

As pessoas não querem, às vossas mãos, morrerem

Fechem as fábricas que alimentam as guerras

Utilizem os recursos que gastavam nas guerras para alimentar os pobres

Deixem-se de massacres, genocídios, limpezas étnicas

Antes de mandarem canhões e aviões disparar

Interroguem-se se gostariam que fossem os vossos filhos e netos os alvos

As guerras nunca serão solução

O que os povos querem é compreensão, amor e pão.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 19:55

O Tejo

por cheia, em 14.02.18

Carnaval

 

A terça-feira de Carnaval é um dia fora do normal

Não é carne, nem peixe, o Governo decreta tolerância de ponto, os outros fazem o que quiserem!

Não é feriado, mas é quase, como se fosse, não se sabe o que está a funcionar: é à vontade do freguês

Muito ao jeito português: falta de rigor, tolerante com os incumpridores, pouco pontual, só para inglês ver

Um país, em que os incumpridores são aplaudidos, os outros não!

Em que graves crimes de poluição e outros são punidos com meio cêntimo, para a caridade

Aconteça o que acontecer nunca há culpados, algumas leis são para inglês ver

Quem as viola, é premiado, como aconteceu, com os crimes, que mataram o Tejo

Há muitos anos, que alguns se preocupam com a saúde do Rio

O Governo, para os calar, como é hábito, criou uma comissão de acompanhamento

Que teve como resultado: ver a água ter uma classificação de menos boa

Depois dizem que são as mas línguas que dizem mal das constantes comissões!

E, qual foi a medida implementada, para uma melhor classificação da água do Tejo?

Autorizar uma das celuloses a duplicar o volume de poluição para o rio!

O ambiente, ainda não é para levar a sério, cada um faz o que quer, porque as sanções são para fazer rir

O rio, num dia está morto, no outro já está normal!

Nada mais se pode saber, porque está tudo em segredo de justiça

No entanto, vão dizendo que há muitos metros cúbicos de lixo para, da albufeira, retirar

Não dizem é quem vai pagar!

Somos os melhores do Mundo, só podia ser!

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 22:18

A maior porta de entrda e saída!

por cheia, em 07.02.18

O Tejo

O Tejo é o príncipe encantado de Lisboa

O seu amor, perfeito!

Banhando-lhe os pés o ano inteiro

Num lisonjeiro e amoroso namoro

Tejo, eras o espelho do país, quando eras feliz!

Mas a ganância, a incompetência, a insensibilidade mataram-te

Não te mataram só a ti, mataram também o país!

Cobriram-no de eucaliptos e puxaram-lhes fogo

Matando plantas, animais e pessoas

Envenenaram-te com o pretexto de criarem riqueza

Mas, ao contrário, provocaram tragédias e miséria!

Morto, fizeram-te o funeral, cobrindo-te com um manto branco!

Tejo, tu és a maior porta de entrada e saída do país!

Quantas fragatas te subiram e desceram carregadas de vida e sonhos?

Tu serás sempre a grande referência para quem sai e entra, pela tua porta

O país já chorou a teus pés, ao longo dos séculos, a partida de marinheiros, militares, aventureiros, pedindo que todos regressassem

Mas, infelizmente, há sempre quem te perca para sempre

Só quem de ti se despediu, carregando a incerteza de não saber, se te voltaria a ver

Pode testemunhar a alegria, que sente, por voltar aos teus braços

Os teus cais estão pejados de lágrimas de despedidas, e de sorrisos de regressos

 

 

 

José Silva Costa

 

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publicado às 20:10

Lavar a corrente!

por cheia, em 01.02.18

Fevereiro

 

Fevereiro leva a velha e o cordeiro

Fevereiro quente traz o diabo no ventre

Peço-te que mandes água para a gente

Mas, o suficiente para lavar a corrente

Levar para longe do nosso olhar

Todo o lixo que encaminhamos para os rios

Que desaguam no mar

Que tudo consegue abarcar

Mas, que um dia também pode avariar

Começar, o veneno, a vomitar

Para tudo matar

O Tejo já está a agonizar

Passa os dias e as noites a vomitar

Espuma branca, que mandaram aspirar

Temos de optar!

Não podemos querer, ao mesmo tempo

Sol na eira e chuva no nabal

Alguma coisa está mal!

Quando substituímos o plástico por o papel

Não será melhor apostar no virtual?

Deixando de estar enterrado em papéis

Muito ao nosso gosto e hábito!

Reduzir, reutilizar e reciclar

Se não quisermos, com o Mundo acabar.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

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publicado às 20:57


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