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Sem nada!
Quente e triste outubro, vais acabar!
Mas, antes tiveste de deixar tanta gente de luto
Tanta gente, a quem levaste tudo!
Tantos sem um lugar, seguro!
Com o pão de cada dia no escuro
Como vão enfrentar o futuro?
Sem trabalho, sem casa, sem nada
Ficaram sem animais, sem vegetação
Mas, com um punhado de cinza, na mão
Todas as culturas e canseiras de séculos, desapareceram
Como podemos, tamanha tragédia, compreender?
Sentimo-nos envergonhados por o que deixámos acontecer
Morrer uma pessoa, já era demais!
Mas, deixar morrer cento e dez!
Deveria fazer-nos pensar, revoltar, não dormir, mais
Quem está no aconchego do seu lar
Não consegue imaginar
O que é, sem nada, ficar
Trabalhar noite e dia, sem um dia de férias, tirar
Porque quem tem animais, para guardar, não os pode abandonar
Nem que lhes queira dar férias, não o pode fazer!
Há coisas, que não conseguem entender
Que pessoas há, que trabalham 365 dias por ano, e de 4 em 4 anos,366!
Não, não merecíamos tanta pobreza, tanta desigualdade, tanta miséria!
Tanta gente abandonada à sua tristeza.
José Silva Costa
A Hibernação
No domingo, 15 de outubro de 2017, o país ardeu
O lume, tudo, comeu
Quase meia centena morreu
Já em junho, sessenta e quatro tinham morrido
O país já tinha ardido
O Parlamento tinha reunido
Com o vento de junho acordaram da hibernação
Fizeram a lei do ordenamento
Cansados de não fazerem nada, no Parlamento
Apanharam um esgotamento
Foram dois meses ver o vento
Mas tiveram de fazer um prolongamento
Para em setembro andarem no esclarecimento
Quem ficou sem eira nem beira
Ao sol e ao vento teve de esperar
Que os Governantes voltassem a acordar
Em meados de outubro voltou o vento
Ardeu, toda, a zona centro
O Governo, do Presidente, levou um apertamento
No sábado, 21/10/2017, o Governo lançou milhões ao ar
Vamos ver quem os vai apanhar!
Até que enfim, que conseguiu acordar!
Mas, foi preciso muito vento soprar!
Muitos matar, tudo queimar!
José Silva Costa
Cinquenta e dois anos interrompidos, por uma guerra estúpida
Todas as guerras foram e serão estúpidas
Não tive hipóteses de fugir, numa tive de participar
Mas, a minha arma nunca ninguém a viu ou ouviu disparar
Ainda que a minha especialidade tenha sido atirador de Cavalaria
Meteram-me num barco, poucos dias antes do homem, à lua, chegar
Para que não visse “esse grande passo para o homem, um pequeno passo para a humanidade”
Ia fazer vinte e quatro anos!
Rasgaram-me o coração, fazendo-me abandonar as minhas rosas
Dois anos que me pareceram cem!
Após um ano, não aguentei mais, vim de férias, vê-las
Mas, o paludismo quis-me internar, no Hospital Militar
Quarenta graus de febre fizeram-me delirar
A médica não sabia como o curar
Pedi-lhe para me receitar um a injeção de resoquina
Que foi muito difícil de encontrar
Que me permitiu, com elas, o mês, passar
Mas, o pior foi ter de, à guerra, regressar
A minha filha, com vinte meses, quando se despedia, dizia: “ até logo”
Naquele momento pensei, até logo ou até nunca mais
Foi a separação mais dolorosa, que alguém possa imaginar
Mais catorze meses sem as ver até, em outubro de 1971, regressar
Mas não deixo de todos os dias pensar nos que tiveram, ainda, mais azar
“ Voltaram num caixão de pinho, do outro lado do mar”
Se os homens soubessem e quisessem falar
Se reconhecessem os outros, como irmãos
Compreenderiam, que as guerras nunca são a solução !
Indignação!
Por que razão, todos os jornalistas, fazem a mesma pergunta à Ministra?
Por preguiça aguda
Vão ver as nomeações para a Proteção Civil, e toda a Administração Pública
Consultem, como foram escolhidos e o seu perfil
Saibam que, para a Proteção Civil, não precisam de ter ouvido falar de incêndios
Têm é de ter um canudo, mesmo que seja com 99% de créditos: ser licenciado
Mas, depois de averiguados, muitos não têm qualquer licenciatura
Têm, apenas, o cartão partidário
Evocam, sempre, a confiança política
Será que todo o funcionamento da Administração Pública depende da confiança política?
Desde o diretor ao contínuo!
Deixem de saneamentos políticos, todos os partidos, confirmem ou nomeiem pessoas competentes
Muitas vezes são dispensados os que, ao longo dos anos, receberam formação, para os cargos
Para colocarem incompetentes, só porque são amigos!
Este ano aconteceu, o que chamam de tempestade perfeita:
Uma Proteção Civil sem capacidade nem perfil
Revejam as imagens de Pedrógão Grande (baratas tontas, agarradas umas às outras, sem saber o que fazer
Mais de seis meses sem chover
Temperaturas elevadas, para favorecer
Resultado:
Mais de CEM MORTOS e um País devastado.
José Silva Costa
Cabeça e coração
A Catalunha contínua em suspenso
É uma grande indefinição, sem consenso
Seria melhor que tivesse havido bom senso
É uma pena que tenham chegado a um momento, tão tenso
Mas, por vezes, só uma brecha, para um grande penso!
Pode levar as pessoas a voltarem a procurar um avanço
Ouvirem todos, para que digam o que querem
A fim de encontrarem descanso
Oxalá este ensaio para a independência
Não tenha sido, só violência
Venha a ter alguma, útil, consequência
Começarem a pensar no que devem fazer
Caso os políticos se entendam para, um referendo, fazer
Não ao gato e ao rato, mas como deve ser!
Para de uma vez por todas; a maioria diga o que quer
Por que o mais importante é, em paz, viver
Para isso, não podem usar os pés!
Têm de escolher com a cabeça e não com o coração
Já viram que cortar o cordão tem muita implicação
Não é só agitar bandeiras e dizer que a Catalunha é uma nação
É preciso que haja comunhão
Que a maioria dê a mão
Que, da comunidade internacional, obtenha bênção.
José Silva Costa
Licenciaturas, mestrados, doutoramentos, e tudo o que se queira!
Com créditos e equivalências, são todos especialistas em todas as ciências
Será preciso entrar nas Universidades, para se dizer que tem uma licenciatura?
Tanta corrupção, tanta aldrabice, que as televisões têm, para desvendar
Viva o bom jornalismo de investigação, para ajudar a limpar a nação
O programa sexta à noite, já ajudou, uns quantos, a pedirem a demissão
Estavam muito bem agarrados aos tachos, mas não resistiram à divulgação dos factos
Por que razão é que não há políticos verticais?
Estudaram todos pelos mesmos manuais, nas juventudes partidárias!
Quando conseguem ao poder ascender, tratam de colocar, os seus, em todos os cargos
Nem que para isso tenham de, novas regras, estabelecer.
Depois, é só, os boys, colocar, mesmo que não tenham qualquer grau académico
Porque ninguém quer saber, se é verdade ou não, o que declaram saber
Mesmo quando os pareceres são contrários, dizendo que os candidatos não têm as habilitações exigidas, basta o cartão partidário, para que tudo seja ultrapassado
O candidato toma posse, mesmo que, do assunto, nada pesque
O que interessa é a sua nomeação, no Diário da República, seja publicada
Devidamente autorizada, por quem foi investido, para o país governar
Este é o triste fado da administração portuguesa!
Não há um trabalho contínuo, que seja devidamente avaliado
O mérito não é premiado, o que conta é ter o cartão dourado
Toda esta teia funciona como um polvo, os seus tentáculos estão grudados aos cargos
Só a televisão os consegue desalojar, quando, ao país, os consegue mostrar.
José Silva Costa
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