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O regresso às aulas
Todos os anos, a mesma aflição: o medo de perder o pão!
Não era já tempo de os professores terem um método de colocação, sem sobressaltos?
Ser colocado a muitos quilómetros de onde tem o coração, é um problema, sem solução?
Todos temos de dar as mãos, para criarmos um país mais desenvolvido e harmonioso
O interior também tem direito a ser habitado, amado, admirado, formoso
Nem que para isso se tenha de criar leis de discriminação
De maneira a atrair quem não quere, para certos sítios, ir
Educar é uma função muito nobre, pode catapultar – nos da base para o vértice
Se fosse, sempre, bem exercida, poderia fazer mais do que a justiça
Mas, quando mete rankings e lutas de classes, pode criar muitas injustiças
Na mesma escola, na mesma disciplina, testes diferentes, podem fazer, com que os mais fracos fiquem à frente!
Há professores, a defenderem, que os filhos têm de seguir as profissões dos progenitores
Não podendo, os filhos de não doutores, ter a ambição de irem para as universidades, para executarem trabalhos mais classificados
Fazem de tudo para os prejudicarem
Não dão o programa todo, mas nos testes incluem toada a matéria
Sabendo que, aqueles cujos pais não têm dinheiro, para explicações, vão ficar pelo caminho, a não ser que sejam génios
Mas, felizmente, também há o contrário, professores que se esforçam, para ajudarem quem tem mais dificuldade, recebendo em troca, a satisfação de terem praticado o bem.
José Silva Costa
Vento cruzado
O vento está zangado
Tudo é contestado
Decapitam-se os heróis do passado
Nada está assegurado
Por todo o lado
O perigo está montado
Onde poderemos descansar do peso do tempo andado?
Não há mais, uma esplanada de café
Um banco de jardim onde possamos, por momentos
Pousar as canseiras do dia, dos anos
Para partilharmos com os amigos
A alegria de viver, que outros não nos venham entristecer!
Que pena, não saibam saborear o que de melhor há: conviver!
Mesmo que, para muitos, a vida seja muito dura
Ninguém a deve interromper
Não pedimos para nascer
Tudo, devemos fazer, para a manter
Quanta alegria, ver os filhos, netos, bisnetos a aparecer!
Todos têm um pouco de nós
Vão-nos embalar, no nosso entardecer
Mas, o Mundo está muito magoado
E, tem toda a razão
Muitos dos seus filhos não têm pão
Sinto-me culpado
Por meio mundo esfomeado
Por viver num luxo exagerado
Ser incapaz de contribuir
Para um equilíbrio, sustentado.
José Silva Costa
Agosto
Em agosto, é no mar que lavo o rosto
Tentando saber quem voltou, quem terá faltado
É um encontro sem ser marcado
É um tempo bem passado
Com os filhos, a mulher, o marido, a namorada, o namorado
Abraçamos os emigrantes no mercado
Falamos de mais um ano passado
Daquilo que nos tem marcado
Do regresso desejado
Que, à medida que os anos vão passando, se torna mais complicado
Os filhos casaram, estão noutro lado
Regressar! Foi passado
Andam cá e lá, já não conduzem, vão no autocarro, lotado
Passam aqui o verão, mas pelo Natal vão para um país gelado
Quem, nessa altura, poderia ficar longe dos filhos e dos netos, sossegado?
É muito doloroso e triste ter de deixar o país, ser emigrado
É passar a vida, desenraizado
A pensar no futuro e no passado
Tentando encontrar o verdadeiro culpado
Por não ter, um país rico, criado
Com educação, liberdade, igualdade, muita imaginação e cuidado
A riqueza e a beleza estão nas pessoas, e não no vizinho do lado
É na creche, no jardim-de-infância, na primária, no secundário, na universidade e ao lado
Que está a riqueza e o futuro do jardim à beira mar plantado.
José Silva Costa
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