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Aleppo
Que demónio te condenou?
A tua riqueza
Quem te cruzou?
Os deuses e todos os povos
É incompreensível o que está a acontecer
O mais certo é que vás desaparecer
Os teus filhos vão morrer
Ninguém o pode ou quer evitar
De que pedra éo coração dos que todos os dias te matam?
De quem não conhece a compaixão
E nós! Assistimos impávidos e serenos, sem sermos capazes de encher, com os gritos dos sitiados, as praças das grandes capitais.
Refugiados
Mar azul laranja
Coletes de esperança
Não evitam milhares de mortos
A ansia de chegar aos portos
Mortos, mortos, mortos, mortos
Mar, não és salgado!
Mas ensanguentado
Por que te atiras ao mar, desesperado?
Por que arrisca a vida e o filho?
Num barco insuflado
Sem garantias nem futuro
Num mar tão escuro
Onde só vislumbras um muro
Duro, duro, duro, duro
Intransponível, insensível, invisível
Que te vai repudiar
Que não te vai ajudar
Que te vai matar!
Mas, tu continuas a sonhar
Na esperança de um olhar
De alguém que te possa ajudar
De alguém que ainda tenha coração
De alguém que te dê a mão
De alguém que pense que és irmão
Que qualquer lugar é chão
Onde podemos partilhar um pão.
A Senhora corrupção
A senhora corrupção é a mais poderosa desta nação
Na sua confederação cabem todas as profissões:
Sucateiros, engenheiros, doutores, juízes, aprendizes e até robalos com vara de loureiro, para dar mais gosto ao cozinhado
A judiciária não tem mãos a medir: são faturas falsas, receitas falsas, cartas de condução falsas
São só esquemas para roubar e tentar, os outros enganar
De vez em quando este tema entra em ebulição
Obrigando os partidos a entrarem em ação
Prometem maravilhosas leis, cada um com a sua versão, mas até à data, nada
Quando aparece um deputado mais renitente, arranjam maneira de o expulsarem, para o estrangeiro
Este ano, nas comemorações do dia da implantação da República, o Presidente, tocou na ferida
“Há casos a mais e princípios a menos”
Mas, nem esquerda nem direita reagiram
Portanto, a Senhora corrupção pode estar descansada
Porque, por parte dos partidos, não lhe acontecerá nada.
Assim, vai continuar a ser a Senhora mais respeitada, mais admirada e mais adorada.
Lisboa, quanto mais velha, mais rapariga
Nos meados do século passado
Atrasada, sem brilho, nem fachada
Fechada no orgulhosamente só
Eras uma capital sem atração fatal
Nada de genial: carroças, olarias, tabernas e pregões:
Ferro velho -“Quem tem trapos, garrafas ou jornais para vender”? (comprava de tudo)
Vendedora de figos -“Quem quer figos, quem quer almoçar”?
Aguadeiros de Caneças -“Água fresca, água de Caneças” ( percorriam as zonas nobres da cidade, com camionetas carregadas de bilhas de barro, com água de Caneças )
Varina- vendia peixe -“Oh freguesa, venha cá abaixo ver isto!
É sardinha vivinha da costa” (transportava o peixe, numa canastra, sobre uma rodilha, à cabeça
Ardina, vendia jornais -“Século, Diário da Manhã, República, Diário de Lisboa e Diário de Notícias”
Por causa do pregão dos jornais, conta-se a seguinte anedota
Um compadre alentejano, depois de vender a cortiça, resolveu ir a Lisboa, depositar o dinheiro
Apanhou o comboio, quando se apeou no Barreiro, mal saiu, logo ouviu: cerca o da cortiça, ….
Pensando que o queriam roubar, voltou para o comboio. Quando chegou a casa, contou o que lhe tinha acontecido.
As lavadeiras de Caneças com as trouxas à cabeça, todas as semanas entregavam a rouba lavada e recebiam a suja, para irem lavar
“Um lençol, um corpete, uma camisa, que a freguesa deu ao rol”
Com o aparecimento da máquina de lavar roupa, lá se foi a profissão
As lavadeiras ficaram sem o ganha-pão
As senhoras da fidalguia não trabalhavam, salvo raras exceções
Tinham criadas: uma, duas ou mais
Que viviam nas casas dos patrões
De quinze em quinze dias, ao domingo à tarde, tinham umas horas de folga, para poderem namorar
Como ninguém imaginava como seriam os futuros supermercados
Tudo lhes era levado a casa, pelos marçanos, carvoeiros, leiteiros, padeiros, ardinas, lavadeiras
Que rica vida, comparada com a de hoje, a da fidalguia!
Surgiu a televisão, a esferográfica, o metropolitano, o self servisse e muitas outras novidades
A esferográfica e a sua utilização: um advogado entrou num estabelecimento e gritou, “ com esta esferográfica já se podem assinar cheques e escrituras, foi publicado, hoje, no diário do governo. A caneta de tinta permanente, morreu”
A guerra levou todos os jovens para o ultramar
Os que voltaram não quiseram às suas terras voltar
Carris, PSP, GNR, comércio e indústria, nada de agricultura
Com as fronteiras fechadas, foram a salto para França, Suíça, Alemanha
Com as sus poupanças engordaram a Banca
Não faltavam anúncios, nas montras dos Bancos, anunciando a galinha dos ovos de oiro: as ações
Naqueles tempos, já o suplemento o Diário de Lisboa: a Mosca, lhes chamava, por palavras codificadas, os donos disto tudo
Neste jardim à beira mar plantado, tudo tinha de ser codificado, para que, pela PIDE, não fosse, apanhado (PIDE: polícia Internacional de defesa do Estado)
Da liberdade, só nos tinha ficado, a da avenida” ( Avenida da Liberdade)
Liberdade, liberdade, quanto sangue e lágrimas nos, fizeste, derramar?!
Aleppo
Oiçam o choro das crianças
Acabem com os bombardeamentos
Procurem entendimentos
Já chega de dias sangrentos
Procuram-se movimentos
Que encham praças e centros
Que gritem bem alto
O choro das crianças
Acabem com as matanças
Não matem mais homens, mulheres e crianças
O que é que ganham com as vinganças?
Ponham de parte ódios e religiões
Abram os corações
O mais importante não são as nações
O mais importante são as pessoas e as suas condições.
Bom dia
Corram para os supermercados
Recebi mensagens a anunciarem descontos de cinquenta por cento
Não percam esta oportunidade, participem neste evento
A poupança não tem limite, tudo depende do que conseguirem açambarcar
Levem os miúdos para ajudar, não têm nada que ficar em casa, nos computadores, a jogar
Podem e devem participar na comemoração da implantação da República
Ajudando a gerir os carrinhos de compras, porque nunca se sabe o que pode acontecer
Em anos anteriores, em que este dia foi proibido de ser feriado
Fizeram este evento no dia primeiro de Maio
A confusão foi tanta, que as lojas tiveram de fechar a meio do dia, e os responsáveis chamaram a polícia
Estas mensagens tiram-me o sono, a pensar como vos de via avisar e por não poder participar
Por princípio, faço o possível para não ir ao supermercado
Nem ao domingo nem ao feriado, mesmo que não vá à missa nem ao futebol
São superstições minhas…
Mais uma vez vos apelo, não faltem, porque para além do que podem poupar
Estão a tentar eleger o homem mais rico de Portugal e encher a casa de coisas, mesmo que não sejam precisas
Mais uma vez, muito bom dia
Blog: o sítio fantástico, o ponto de encontro de milhões de opiniões, de reações, de corações, num espaço acolhedor e confortável, sem atrasos nem horas de esperas
Onde as vinte e quatro horas diárias, muitas vezes, não chegam para tanto convívio, troca de impressões, saborear tanta alegria, sabedoria e espírito de solidariedade
Um mar imenso, onde lançamos milhões de anzois, na tentativa de que alguém morda o isco, sem o perigo de uma tempestade nos afundar
O isco é cada vez mais refinado, porque com tanta oferta, só uma proposta diferente, consegue atrair muita gente, para manter a corrente de um rio, que ninguém quer ver acabar
Publicar posts faz-nos sonhar, tentar adivinhar as reações, cumplicidades, neste jogo de gato e rato, sem contatos físicos nem visuais: é a magia do virtual
A internet permite-nos este contato com muitas pessoas, sem nunca nos vermos nem nos conhecermos
A sensação de diálogo, de troca de opiniões e conhecimentos, em qualquer altura, em qualquer momento, no aconchego do nosso assento
A ansiedade de estar constantemente a passar pelo blog, para ver se há algo de novo, é como quem arma uma armadilha, e está sempre a espreitar se foi acionada
No isolamento, enfrente ao aparelho, que nos liga ao Mundo, sentimo-nos acompanhados, imaginamos os nossos visitantes, comentadores e seguidores
Podemos estar perto uns dos outros, longe, noutro continente, tudo é desconhecido
Por isso é que tem tanta magia, podemos tentar imaginar com quem estamos a navegar
Mas, dificilmente, nos encontraremos e nos abraçaremos!
Há blogs que são autênticos jardins: cheios de árvores, arbustos e plantas, cujos autores são flores, onde todas as abelhas poisam, deliciando-se com o pólen e o perfume
Que maravilha de tecnologia, onde vimos o Mundo, por um fio!
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