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Aleppo

por cheia, em 30.10.16

Aleppo

 

Que demónio te condenou?

A tua riqueza

Quem te cruzou?

Os deuses e todos os povos

É incompreensível o que está a acontecer

O mais certo é que vás desaparecer

Os teus filhos vão morrer

Ninguém o pode ou quer evitar

De que pedra éo coração dos que todos os dias te matam?

De quem não conhece a compaixão

E nós! Assistimos impávidos e serenos, sem sermos capazes de encher, com os gritos dos sitiados, as praças das grandes capitais.

 

 

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publicado às 19:20

Mar azul laranja

por cheia, em 22.10.16

Refugiados

 

Mar azul laranja

Coletes de esperança

Não evitam milhares de mortos

A ansia de chegar aos portos

Mortos, mortos, mortos, mortos

Mar, não és salgado!

Mas ensanguentado

Por que te atiras ao mar, desesperado?

Por que arrisca a vida e o filho?

Num barco insuflado

Sem garantias nem futuro

Num mar tão escuro

Onde só vislumbras um muro

Duro, duro, duro, duro

Intransponível, insensível, invisível

Que te vai repudiar

Que não te vai ajudar

Que te vai matar!

Mas, tu continuas a sonhar

Na esperança de um olhar

De alguém que te possa ajudar

De alguém que ainda tenha coração

De alguém que te dê a mão

De alguém que pense que és irmão

Que qualquer lugar é chão

Onde podemos partilhar um pão.

 

 

 

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publicado às 22:45

A mais Poderosa

por cheia, em 17.10.16

A Senhora corrupção

 

A senhora corrupção é a mais poderosa desta nação

Na sua confederação cabem todas as profissões:

Sucateiros, engenheiros, doutores, juízes, aprendizes e até robalos com vara de loureiro, para dar mais gosto ao cozinhado

A judiciária não tem mãos a medir: são faturas falsas, receitas falsas, cartas de condução falsas

São só esquemas para roubar e tentar, os outros enganar

De vez em quando este tema entra em ebulição

Obrigando os partidos a entrarem em ação

Prometem maravilhosas leis, cada um com a sua versão, mas até à data, nada

Quando aparece um deputado mais renitente, arranjam maneira de o expulsarem, para o estrangeiro

Este ano, nas comemorações do dia da implantação da República, o Presidente, tocou na ferida

“Há casos a mais e princípios a menos”

Mas, nem esquerda nem direita reagiram

Portanto, a Senhora corrupção pode estar descansada

Porque, por parte dos partidos, não lhe acontecerá nada.

Assim, vai continuar a ser a Senhora mais respeitada, mais admirada e mais adorada.

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publicado às 06:20

Pregões

por cheia, em 16.10.16

Lisboa, quanto mais velha, mais rapariga

Nos meados do século passado

Atrasada, sem brilho, nem fachada

Fechada no orgulhosamente só

Eras uma capital sem atração fatal

Nada de genial: carroças, olarias, tabernas e pregões:

Ferro velho -“Quem tem trapos, garrafas ou jornais para vender”? (comprava de tudo)

Vendedora de figos -“Quem quer figos, quem quer almoçar”?

Aguadeiros de Caneças -“Água fresca, água de Caneças” ( percorriam as zonas nobres da cidade, com camionetas carregadas de bilhas de barro, com água de Caneças )

Varina- vendia peixe -“Oh freguesa, venha cá abaixo ver isto!

É sardinha vivinha da costa” (transportava o peixe, numa canastra, sobre uma rodilha, à cabeça

Ardina, vendia jornais -“Século, Diário da Manhã, República, Diário de Lisboa e Diário de Notícias”

Por causa do pregão dos jornais, conta-se a seguinte anedota

Um compadre alentejano, depois de vender a cortiça, resolveu ir a Lisboa, depositar o dinheiro

Apanhou o comboio, quando se apeou no Barreiro, mal saiu, logo ouviu: cerca o da cortiça, ….

Pensando que o queriam roubar, voltou para o comboio. Quando chegou a casa, contou o que lhe tinha acontecido.

As lavadeiras de Caneças com as trouxas à cabeça, todas as semanas entregavam a rouba lavada e recebiam a suja, para irem lavar

“Um lençol, um corpete, uma camisa, que a freguesa deu ao rol”

Com o aparecimento da máquina de lavar roupa, lá se foi a profissão

As lavadeiras ficaram sem o ganha-pão

As senhoras da fidalguia não trabalhavam, salvo raras exceções

Tinham criadas: uma, duas ou mais

Que viviam nas casas dos patrões

De quinze em quinze dias, ao domingo à tarde, tinham umas horas de folga, para poderem namorar

Como ninguém imaginava como seriam os futuros supermercados

Tudo lhes era levado a casa, pelos marçanos, carvoeiros, leiteiros, padeiros, ardinas, lavadeiras

Que rica vida, comparada com a de hoje, a da fidalguia!

Surgiu a televisão, a esferográfica, o metropolitano, o self servisse e muitas outras novidades

A esferográfica e a sua utilização: um advogado entrou num estabelecimento e gritou, “ com esta esferográfica já se podem assinar cheques e escrituras, foi publicado, hoje, no diário do governo. A caneta de tinta permanente, morreu”

A guerra levou todos os jovens para o ultramar

Os que voltaram não quiseram às suas terras voltar

Carris, PSP, GNR, comércio e indústria, nada de agricultura

Com as fronteiras fechadas, foram a salto para França, Suíça, Alemanha

Com as sus poupanças engordaram a Banca

Não faltavam anúncios, nas montras dos Bancos, anunciando a galinha dos ovos de oiro: as ações

Naqueles tempos, já o suplemento o Diário de Lisboa: a Mosca, lhes chamava, por palavras codificadas, os donos disto tudo

Neste jardim à beira mar plantado, tudo tinha de ser codificado, para que, pela PIDE, não fosse, apanhado   (PIDE: polícia Internacional de defesa do Estado)

Da liberdade, só nos tinha ficado, a da avenida” ( Avenida da Liberdade)

Liberdade, liberdade, quanto sangue e lágrimas nos, fizeste, derramar?!

 

 

 

 

 

 

 

 

      

 

 

 

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publicado às 16:07

Oiçam as crianças

por cheia, em 07.10.16

Aleppo

Oiçam o choro das crianças

Acabem com os bombardeamentos

Procurem entendimentos

Já chega de dias sangrentos

Procuram-se movimentos

Que encham praças e centros

Que gritem bem alto

O choro das crianças

Acabem com as matanças

Não matem mais homens, mulheres e crianças

O que é que ganham com as vinganças?

Ponham de parte ódios e religiões

Abram os corações

O mais importante não são as nações

O mais importante são as pessoas e as suas condições.

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publicado às 06:53

Descontos

por cheia, em 05.10.16

Bom dia

Corram para os supermercados

Recebi mensagens a anunciarem descontos de cinquenta por cento

Não percam esta oportunidade, participem neste evento

A poupança não tem limite, tudo depende do que conseguirem açambarcar

Levem os miúdos para ajudar, não têm nada que ficar em casa, nos computadores, a jogar

Podem e devem participar na comemoração da implantação da República

Ajudando a gerir os carrinhos de compras, porque nunca se sabe o que pode acontecer

Em anos anteriores, em que este dia foi proibido de ser feriado

Fizeram este evento no dia primeiro de Maio

A confusão foi tanta, que as lojas tiveram de fechar a meio do dia, e os responsáveis chamaram a polícia

Estas mensagens tiram-me o sono, a pensar como vos de via avisar e por não poder participar

Por princípio, faço o possível para não ir ao supermercado

Nem ao domingo nem ao feriado, mesmo que não vá à missa nem ao futebol

São superstições minhas…

Mais uma vez vos apelo, não faltem, porque para além do que podem poupar

Estão a tentar eleger o homem mais rico de Portugal e encher a casa de coisas, mesmo que não sejam precisas

Mais uma vez, muito bom dia

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publicado às 08:10

Blog

por cheia, em 03.10.16

Blog: o sítio fantástico, o ponto de encontro de milhões de opiniões, de reações, de corações, num espaço acolhedor e confortável, sem atrasos nem horas de esperas

Onde as vinte e quatro horas diárias, muitas vezes, não chegam para tanto convívio, troca de impressões, saborear tanta alegria, sabedoria e espírito de solidariedade

Um mar imenso, onde lançamos milhões de anzois, na tentativa de que alguém morda o isco, sem o perigo de uma tempestade nos afundar

O isco é cada vez mais refinado, porque com tanta oferta, só uma proposta diferente, consegue atrair muita gente, para manter a corrente de um rio, que ninguém quer ver acabar

Publicar posts faz-nos sonhar, tentar adivinhar as reações, cumplicidades, neste jogo de gato e rato, sem contatos físicos nem visuais: é a magia do virtual

A internet permite-nos este contato com muitas pessoas, sem nunca nos vermos nem nos conhecermos

A sensação de diálogo, de troca de opiniões e conhecimentos, em qualquer altura, em qualquer momento, no aconchego do nosso assento

A ansiedade de estar constantemente a passar pelo blog, para ver se há algo de novo, é como quem arma uma armadilha, e está sempre a espreitar se foi acionada

No isolamento, enfrente ao aparelho, que nos liga ao Mundo, sentimo-nos acompanhados, imaginamos os nossos visitantes, comentadores e seguidores

Podemos estar perto uns dos outros, longe, noutro continente, tudo é desconhecido

Por isso é que tem tanta magia, podemos tentar imaginar com quem estamos a navegar

Mas, dificilmente, nos encontraremos e nos abraçaremos!

Há blogs que são autênticos jardins: cheios de árvores, arbustos e plantas, cujos autores são flores, onde todas as abelhas poisam, deliciando-se com o pólen e o perfume

Que maravilha de tecnologia, onde vimos o Mundo, por um fio!

 

 

 

  

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publicado às 20:53


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