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Agosto acabou
Com ele, as férias, levou
Ficam as recordações do mar, do sol …
Os cheiros dos bronzeadores e protetores solares
Os sonhos a serpentearem por entre as areias e as ondas do mar
Os dias descontraídos das férias, que desaparecem, como grão de areia, por entre os dedos
As praias voltam a ficar desertas, sem o colorido e correria das crianças
Sem a multidão, a procurar um palmo de chão, onde colocar a toalha
No meio de tanto coração
Ficam, de novo, entregues as gaivotas
Durante onze meses, durante os quais sonhamos voltar a conquistar-lhas
Volta a rotina do dia a dia: arrancar de madrugada, as crianças à cama
Interrompendo-lhes os sonhos e o sono
Depois de termos sido martelados pelo despertador
Que não deixa, nem por uns segundos, que o corpo fique acordado, a sonhar, a saborear As mulheres, voltam a ter de fazer
Muitas coisas ao mesmo tempo
No regresso de um dia de trabalho intenso
Enquanto fazem o jantar, ensinam aos filhos a tabuada e a contar
Pensam no dia seguinte, e o que fazer para o jantar, no que da arca tirar
Tanto que fazer e a roupa por engomar!
Cansadas, não tem tempo, nem vontade
Para, os dias, acariciar
Com tanta tecnologia, com máquinas que fazem tudo e nada
A vida continua, cada vez, mais atarefada.
José Silva Costa
Mar, mar, mar
No agosto quente
Com mar azul serpente
Que acaricia o corpo florescente
Que beija, abraça e deita
Nos seus macios e perfumados lençóis
Mas não promete, nem mente!
Esse mar, que em agosto, afoga os sonhos e desejos
De tanta gente!
Mês de alívio, relaxe, convívio
De confraternização, encontros e desencontros
Que se apagam como neblinas matinais
Agosto passa. Imploramos que não vá
Mas não volta mais
Agosto lava o corpo e a mente
Terminaram as olimpíadas do Rio 2016
A nossa medalha
Muitos parabéns para a Telma Monteiro
Conseguiu, com um esforço derradeiro
Fazer vibrar um país inteiro.
Muitos parabéns também, para todos os outros
Submeteram-se a um esforço sobre-humano
Que só a vã glória lhes conseguiu obter!
Numas olimpíadas
Uma competição com um especial elã
Com mais de duzentas nações
Ficar entre os dez primeiros, é muito bom
Quanto trabalho e dedicação
Para se ser campeã!
Promessas e juras
Todos prometeram que nem um cêntimo dos contribuintes seria gasto nas falências dos Bancos.
Os resultados são bem conhecidos: muitos mil milhões destruídos
A Caixa: a cereja no topo do bolo
Mais administradores
Mais dinheiro para os doutores
Mais trabalhadores para a rua
E, o mais escandaloso: a alteração da lei das sociedades financeiras, para que a Caixa continue a ser o asilo dos inválidos da política.
O Ministério das Finanças não sabia que oito dos indigitados não cumpriam a lei?
Foi preciso o Banco Central Europeu garantir o cumprimento da lei, chumbando-os!
Se a nomeação não dependesse do BCE, teriam passado por cima da lei?
Afinal, a lei não é igual para todos!
Mudam os Governos, mas o circo continua, e o espetáculo não arrepia.
Tantos meses de indecisões, negociações, para comodar todos os boys.
Os Anéis
Os cinco anéis que representam o Mundo: Jogos Olímpicos
Há quem diga mal: desperdício de recursos humanos e materiais
Há o que aplaude: o Mundo num só local!
Nos do Rio 2016, mais de duzentas nações em competição
Num esforço sobre-humano, que só, a vã glória nos consegue obter
Que importa morrer ? Se, “por feitos valorosos se vão da lei da morte libertando” (Camões, nos Lusíadas)
Uma festa Mundial, como uma familiar é sempre de aplaudir
Tudo bem, quando seja para nos unir
Ainda, que o Mundo pareça estar a ruir
Tanta dor, tanta morte, tanta vingança, tanto ódio, tanta guerra!
Se o Mundo é tão bonito e acolhedor, quando há paz e pão, na Terra.
José Silva Costa
O país dos heróis
Finalmente, ganhámos o campeonato Europeu de futebol: somos todos heróis!
Puxamos fogo ao país: somos todos heróis
Temos um défice de cento e trinta por cento: somos todos heróis
Andamos, sempre, de mão estendida: somos todos heróis
Não somos capazes de ordenar o território: somos todos heróis
Abandonámos o interior, fomos todos para o litoral: somos todos heróis
Todos os Bancos foram à falência: somos todos heróis
Conseguimos , quase todos os anos, levar o país à bancarrota: somos todos heróis
Temos Fátima , fados e futebol: somos todos heróis
A telenovela tinha o Zé das medalhas, nós temos o Marcelo das medalhas.
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