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Maio
Maio, mês de todas as flores e de todos os horrores
Das ceifeiras e das papoilas
Trigueiras ceifeiras, de rosto tapado, para se protegerem dos beijos do sol, das papoilas e das espigas
A ceifa parecia uma orquestra bem afinada, um espetáculo inesquecível
Um movimento com o céu parado: mãos, canudos e foices num movimento sincronizado
Formavam um harmonioso bailado, com as espigas a dançarem no ar abafado
Que tem por fim segar o trigo e coloca-lo no restolho, confortado
À espera de ir para a eira, para ser debulhado.
Ninguém mais verá a planície florida de moças e moços, papoilas e espigas douradas
Não. Não verão mais o mar de trigais, ondulando, pontuado, aqui e além, por papoilas vermelhas
Não. O Alentejo não será mais o celeiro de Portugal
Um sacrifício a que foi condenado
Mesmo que a terra gemesse e já nada desse
Gentes e terra foram condenadas, por não se submeterem
A uma ditadura odiada.
Foste libertado em Abril, mas floriste em Maio
Acabou a adiafa, gratificação que simbolizava o fim de um dos trabalhos mais penosos.
Corpos vergados ao sol escaldante, em movimentos de competição, para colherem o pão
Que bom que seria, que todos soubessem, quantas voltas das, até chegares à mesa!
José Silva Costa
Vinte e cinco de Abril de 2016
Este ano vais florir
Sob a bandeira de um Governo de Esquerda
Mais sensível aos dramas socias, do que aos financeiros
Gente Lusa, agarrai com pujança!
Esta grande mudança
Mostrando, que com trabalho e muito tino
Podeis, de novo, espantar o Mundo
Porque, quem fez uma revolução
Com cravos vermelhos e beijos
Tem sabedoria para afirmar:
Não é fechando a fronteira
Que se acaba com a asneira
Ninguém pediu para nascer aqui ou acolá!
Trabalhemos com afinco
Homens e mulheres
Lado a lado
Para construirmos
Um Mundo melhor
Mais feliz!
Sem ódios nem preconceitos
Estamos todos, à Natureza, sujeitos
“ Fazer bem, sem olhar a quem”
Deve ser a nossa Bandeira.
José Silva Costa
Migrantes
Senhores governantes
Dos países Europeus
Estão a ver, como o vosso acordo com a Turquia
Está a matar mais refugiados!
Quantos, mais milhões, terão de morrer
Para vos fazer compreender
Que o fecho das fronteiras nada vai resolver?
Porque é mais penoso, na origem, morrer
Do que enfrentarem o mar.
Não tenham medo de tomar decisões
Mesmo que percam eleições!
Mandem, o mediterrâneo, cercar
De arame-farpado
Para ninguém passar.
José Silva Costa
Os Comendadores
Papéis do Panamá
Onde é que os não há?
Famosas regras da concorrência
Com tantos buracos negros
Não há decência!
Comendadores, muito generosos
É no que dá
Comendadores, donos de fundações
E de outros alçapões
Para esconderem os milhões.
Ajuste direto
Por que razão não acabam, de vez, com o ajuste direto?
Porque é uma maneira de favorecerem os amigos e, em certos casos, até os inimigos: dá para todos.
Tal como as leis para prevenir a corrupção, que, muito trabalho dá a polícias, advogados e juízes.
De, quando em vez muito badaladas, mas que nunca conseguiram ser aprovadas!
Quem faz e aprova leis, ia-se incriminar?
Todos querem ser Presidentes.
Toda a Esquerda quer mais cargos públicos.
Mais Freguesias, mais Concelhos, quem sabe, até Regiões, porque o País é de grandes dimensões!
O que todos querem é poleiro, serem Presidentes, para terem cadeiras diferentes.
Ninguém os vê empenharem-se em reorganizar o Território, no sentido de uma maior harmonia, esbatendo as desigualdades entre o litoral e o interior.
Não! Porque isso não é para o Senhor Doutor: dá trabalho e dor.
Pelo contrário, querem dividir o País em cotadas, para que cada um possa ter a sua.
Há maior ambição, para o Português, do que ser Presidente, seja do que for?
Lisboa, não te chegues perto dos cais
O rio não tem mais sorrisos nem ais
E tu sabes que ficas e vais.
Vais para onde os turistas te levarem
Por terra, ar ou mar
Com o teu espreguiçar e amanhecer
Com as tuas flores, odores e tudo mais.
No futuro vão ser sempre mais
As flores a querem subir aos cais
De onde os séculos partiram
Para não voltarem mais
Perderam para sempre os teus cais
Aventuraram-se demais
Empurrados pelo brilho dos teus sais
Na esperança de voltarem
A receber mais flores
Sempre com mais cores.
José Silva Costa
Andam todos aos papéis
Sempre com a ganancia de acumularem mais papel
Mesmo que sintam um sabor a fel
Por contribuírem para um triste Mundo
Por levarem vidas ao fundo.
Estão todos ansiosos, por notícias do Panamá
Mas, os jornais têm os seus canais
Primeiro os que têm menos exposição mediática
Para o fim ficam os políticos
Para funcionarem como cabeças de cartaz
Para que não tenham paz.
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