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Auschwitz, Polónia
Setenta e um anos depois
O mesmo, cortante, frio
O mesmo vento vazio
As lágrimas em rio
Que as chamas engoliu
O silêncio sufocante das cinzas
Não nos dão sossego
Os olhos dos homens mulheres crianças
Varam-nos com a incomoda pergunta
O que levou a tamanha loucura?
O Mundo, como sempre,
Continua conturbado
Mas, os gritos dos sobreviventes
Trespassa-lhe os ossos da mente
Procurando mantê-lo acordado
Interrogando-o, abalado
Incrédulo, responde: “ nunca mais”
Mas, os fornos foram letais.
Privilégios
Os nossos dignos representantes no Parlamento
Criaram as suas subvenções vitalícias
Para, quando se reformarem, de fome, não morrerem!
Ao contrário dos que implantaram a República, em 1910
Que achavam indigno comer à mesa do orçamento
Vinte e um deputados do PS e nove do PSD
Não gostaram dos cortes nos seus magros rendimentos!
Queixaram-se ao Tribunal Constitucional
Que lhes deu toda a razão!
Os ilustres não podem ficar sem pão!
Há uma grande distanciação
Entre os que criaram a República
E os que hoje se servem dela
Aos primeiros bastava-lhes a ética Republicana
Aos de agora, também se dizem herdeiros dela
Mas, sem euros não há gamela
Todos dizem defenderem os mais pobres
Será por isso que cada vez há mais?
Ainda mal nasceu o ano, e os homens já mataram duas companheiras!
Será que esta chaga não tem cura?
Assassino é coisa que ninguém deveria gostar de ser
Todos os que matam, na cadeia deveriam morrer
Prisão perpétua, para quem, a vida interromper
Porque a vida, não é uma coisa qualquer
É tudo o que tem cada ser.
Dia de reis
O dia de reis, deste ano de 2016-01-06, parece querer lembrar o que aconteceu com Maria Antonieta!
As notícias falam de degolados, mostrando, infelizmente, que com o novo ano, a violência não mudou!
Violência de homens sobre as mulheres, violência de pais sobre os filhos
Mas, a violência resolve alguma coisa?
Uns e outros continuam a pensar que são os donos da vida dos outros
Dia de reis violentos e absolutos.
Inverno
Chegaste pela calada da noite
Todo vestido de branco, a anunciar o Natal
Tu, que fechas e abres os anos
Vens vestir a humanidade dum sentido fraternal
Vais acabar de despir as árvores
Fazê-las tremer de frio glacial.
Velho
Velho, pobre, abandonado
Que Gama te trouxe da tua quente Índia?
Para um temperado Portugal
Vives na rua, no banco do jardim
Dormes à porta do prédio da avenida
Gelado
Trabalhaste muito
Por um magro ordenado
Agora, não tens um telhado!
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