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Fogem à fome
Deixam a família
Andam anos a pé
Morrem de fadiga
Sem nada na barriga
Querem chegar a Mellila ou Céuta
Às portas do paraíso!
Um paraíso muito guardado
Por arame farpado
África, fome, corrupção
Fome, corrupção, imigração
A corrupção aperta o coração
África, mãe, madrasta
A fome, multidões arrasta
A esperança basta
Para percorrer o Continente, a pé
Arriscam a vida
Porque, na verdade, já a perderam
Se conseguirem atravessar o mar
Beber a água da Europa
Se não forem recambiados
Ressuscitam
Tantas desigualdades!
Uns com tudo
Outros sem nada
Antes escravizados
Agora esfomeados
Morrem aos punhados
À vista dos nossos telhados
Mal tratados
Pela nossa indiferença
De obesos atulhados
Nas bandas gástricas
Da abundância.
"No mar, tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?"(Lusíadas, última estrofe do cato I)
Violência
O que se passará?
Para matarmos as nossas companheiras
Deixando os filhos ao deus dará!
Somos animais racionais?
É que os outros não matam as companheiras
E, se alguns comem os filhos
Não os deixam ao deus dará!
Matamos muitos animais
Mas, matarmos os nossos iguais!
Não parece de animais
Quanto mais de racionais!
Não pensamos no sofrimento que causamos
Matamos as nossas mulheres!
Como quem mata porcos!
Com que direito matamos?
Se a vida do outro não nos pertence!
Somos responsáveis pela continuação da espécie
Assim, temos a obrigação de criarmos os filhos
Que são donos dos seus destinos
As mulheres e filhos não são objetos!
Devemos-lhes todo o respeito.
José Silva Costa
MANDELA
Mandela, um homem exemplar
Que elevou a humanidade a um outro patamar.
Só uma monstruosidade, como o apartheid
Poderia ter gerado um exemplo para a humanidade!
Opôs à insensibilidade dos poderosos, a razão dos humildes.
Mas, por que razão não seguem o seu exemplo?
O Mundo continua, na mesma inquietação: sem pensamento
Uns poucos roubam aos restantes o seu sustento!
Digam-nos, como poderemos encarar este momento
Quando a maior parte da humanidade não tem trabalho nem alimento
E a outra lhe atira, para cima, a sua sumptuosidade, como exemplo?
Digam-nos, como podem aqueles, a quem negam trabalho
Fruto para o seu desenvolvimento
Alimentar os filhos se, ainda, não se alimentam de vento?
Tantos séculos de conhecimento
Para tamanho embrutecimento!
José Silva Costa
A Internet
Confraternizamos com a sedução
Dos variegados nomes na imaginação
Unidos por um amor comum: a poesia.
E, na falta de uma fotografia
Os rostos revelam-se no brilho da simpatia
Nestes tempos de correria.
Ansiosos, debruçamo-nos à janela
A contemplar a lua e o sol
A iluminarem a noite e o dia
Embalados pela cor da magia.
Lemos as missivas que o mundo envia
Cheias de segredos, mistérios e alegria
Que nos incendeiam a fantasia
Dos corações presos à tecnologia.
Um rato faz o computador andar
Põe-nos no Mundo, a navegar
Navegamos num oceano a rodar
Em volta de um mundo medonho
Com os sonhos nos dedos
E, os pés acomodados.
Por um fio, vemos oceanos e continentes
Percorremos o globo em poucos instantes.
Abraçamos o Mundo inteiro
Na louca sede de tudo calcorrear
De todos os frutos saborear
Tudo ao alcance de um luminoso olhar
Como se tivéssemos na palma da mão
A terra o mar o sol a lua a ilusão
O poder a escoar-se por entre a multidão.
Neste universal palco virtual
Todas as comédias podemos representar
Sem que os espectadores
As consigam descodificar.
Tantas e rápidas estradas
Para o amor espalhar
Com elas andamos a sonhar.
José Silva Costa
A guarda dos filhos
Quando a realidade é mais rápida que as mentalidades!
Quanto tempo, ainda, será necessário para nos adaptarmos, ao novo fenómeno, que se chama divórcio?
Infelizmente, ainda, há poucos pais que se entendam quanto à guarda dos filhos, travando grandes batalhas campais, para que um não veja a criança.
Como é que um pai ou uma mãe, que querem o melhor para os seus filhos, não querem que ambos estejam, em separado, ou juntos, dentro do possível, com os progenitores?
Que culpa têm as crianças, que tenham deixado de se entender? Que não se queiram ver? Que até existam razões para que isso possa acontecer?
As crianças são quem não têm nenhuma culpa, mas são as que mais sofrem, porque é muito traumatizante verem os pais desavindos. Para crescerem felizes, e um dia a poderem transmitir a outros, necessitam dos cuidados e carinhos dos dois.
Mas, do que não precisam nada, é que lhes estejam , sempre, a infernizar o juízo, dizendo mal do outro progenitor, em que não há nenhum defeito, que ele não tenha!
Se querem ver os vossos filhos crescerem felizes, ainda que estejam separados, e isto vos custe, digam-lhes: “ o teu pai é o melhor do mundo, e vice versa “
Não façam guerras, porque eles amam ambos, gostam muito que estejam com eles, principalmente , nos momentos mais difíceis: na escola, para mostrarem aos amigos, que têm pais que se preocupam e que os amam.
Sei que é pedir muito! Mas, para transmitirmos confiança, felicidade às nossas crianças, tudo o que fizermos por elas, é pouco.
Elas nunca terão culpa da nossa “ má fortuna, amor ardente” ( Luís Vaz de Camões)
José Silva Costa
Amor
Ai, meu bem
Dos teus rubros lábios
Voam rios de versos
São melodias, são mel
Que bebo ao luar.
Ai, meu amor
O teu coração é uma flor.
De mãos dadas seguramos a madrugada
Sonhamos com a lua encantada.
Ai, minha flor
Os teus olhos são pétalas
São a minha luz
São a chama a iluminar o amor.
Ai, idílico jardim
Onde planto sonhos
Que embalas nos olhos risonhos
Enquanto adormeces o sono.
Listas VIP e censores é o que não nos falta! E-mails, com conteudos políticos, encaminhados para a pasta de Spam, em vez da pasta de entradas, para passarem despercebidos, para que não sejam lidos, nem encaminhados, porque os censores estão ao serviço dos visadaos.
Nunca fomos tão vigiados! Será este o preço a pagar, para que vejamos o Mundo, por um fio?
Quando as flores se beijam, nasce a Primavera. Tudo fica perfumado, até a Terra! As aves ensaiam bailados e melodias nupeciais. Tudo acorda, como se a noite se transformasse em dia!
SINTRA
Um sorriso para os olhos
Perfume para os sentidos
Uma fonte para a sede
Paraíso na Terra esculpido
Com princesas no sentido
E namorados a segredar ao ouvido
Os rumores das frescas fontes
Levados pelo mourejar das águas
Que beijam as pontes
E sonham com mares nos horizontes
Pintados por juras de amantes
Deitados em lençóis de lua cheia
Que a romântica cama estreia
E a bela serra incendeia
Na Regaleira ,Monserrate ou Capuchos.
Enfeitados com Colares
Os colos de quem a passeia
Fazem de Sintra uma sereia
A espreguiçar-se nas ondas
No bronze das suas praias
Onde as beldades se despem de vaidades
Na nudez das novidades
Contam com o brilho do sol
Para se guindarem a estrelas
Das construções na areia
Onde não há mulher feia.
José Silva Costa
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