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A Sociedade Perfeita

por cheia, em 10.11.14

A Sociedade Perfeita Rodízio, 11/02/13 Depois da bebedeira da passagem do século, passado o mito de que não passaríamos dois mil, veio a ressaca: a globalidade, a irresponsabilidade, a produtividade, a falsidade e os famosos mercados. De um momento para o outro fomos confrontados com a produtividade, a mobilidade e a inaptidão. De um dia para o outro, depois de cinco, dez ou vinte anos de trabalho, confrontam-nos com a inaptidão, a mobilidade e a produtividade, e atiram-nos com uma, duas, ou a três par cima. Chegados a casa, dizemos ao cônjuge, filhos e restante família: fui considerado incapaz e calaceiro, por isso não tenho direito à mobilidade, nem à produtividade. De hoje em diante teremos de deixar a casa e viver do ar, porque atingimos o século XXI, o da perfeição, onde todos somos iguais, todos diferentes, e direitos iguais, no papel! Temos o dia do periquito, do gato, do cão, do pai, da mãe, do idoso, da criança, do deficiente, etc., mas esqueceram-se do dia do inapto e do sem-abrigo. Uma desgraça nunca vem só, para cúmulo acabaram com os humanos! Agora só existem robôs, continuam a ter rins, fígado, pulmões, coração, mas os cientistas ainda não conseguiram criar o cérebro. Assim, teremos de viver sem ele, não sei se anos, ou séculos. Atingimos toda esta perfeição por podermos sair da nossa casa, para colocarmos, num papel, uma cruzinha, que nos dá o direito de elegermos os nossos representantes. Em nossa representação fazem as leis, que nos obrigam a deixar a casa onde nascemos, e esperávamos morrer, as que nos tornam inúteis, e muitas outras, muitos uteis para os nossos representantes. Assim, considerados lixo, tivemos de ir viver para a rua, dando origem aos sem-abrigo. Expostos em montras, mas do lado de fora, para que todos nos vejam, tropecem em nós, mas nem assim nos veem .Mas, mais uma vez, se esqueceram da lei, que determine quem nos deve remover do lixo em que nos colocaram. Quem é que nos atira para a pira ? Aqueles que não teem a coragem, ou a cobardia, (confesso que não sei qual a palavra adequada) de se exporem aos milhões de olhos, que os atropelam, mas não os veem, atiram-se para debaixo dos comboios, das janelas dos hotéis, envenenam-se, puxam fogo às casas, para cremarem os filhos, evitando assim a crueldade de os exporem à frente de uma montra, vendo os pais, com um letreiro na testa, a informar-nos: fui considerado inapto, não tenho direito a trabalhar, logo , sou incapaz de criar os meus filhos. Que sociedade mais perfeita poderíamos desejar! José Silva Costa

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publicado às 20:18

Eduardo

por cheia, em 09.11.14

Eduardo Prado Coelho A notícia caiu Em pleno Verão No mês das férias As nuvens desfizeram-se em lágrimas Por te perdermos No Verão da idade A morte não foi de férias O Mundo tremeu Não amanheceu No Verão choveu O encontro não aconteceu O Sol toldou-se As nossas Primaveras cruzaram-se Naquele sábado Em que nos convidaste No Diário de Lisboa Para um comício Na casa da imprensa ( ali ao Camões) A tua irreverência Poderia- nos ter custado muito caro Porque a Pide não gostava Das nossas irreverências Nos anos sessenta. Estávamos preparados para tudo Os convidados espanhóis Podem nos ter ajudado A que os homens da António Maria Cardoso Não nos tenham incomodado. José Silva Costa

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publicado às 20:16

o petróleo

por cheia, em 08.11.14

Sexta-feira, 09/05/2008 ( dia da Europa) Depois de ter atingido os mil euros por barril, o petróleo acabou! Por todo o lado, em todo o mundo, tudo o que se movia com os derivados do petróleo vai parando, à medida que queimam a última gota de combustível, causando grande desespero a todas as pessoas. Depois da tentativa falhada dos biocombustíveis, devido aos motins contra a utilização de alimentos na fabricação de combustíveis, não nos restas outra alternativa que não seja, voltarmos aos transportes de tracção animal. Milhões de automóveis amontoam-se por toda a parte, os aeroportos estão rasos de aviões, e as pessoas não dão descanso aos telemóveis. Durou apenas um século, a invenção que mais contribuiu para a nossa mobilidade individual, dando-nos a possibilidade de quase voarmos. O que fazer com o meu automóvel? Tantos dias e anos de companhia, para uma separação abrupta e definitiva. Milhões de pessoas não se conformam com esta situação, recusando-se a saírem das suas viaturas, arriscando-se a morrer de fome e sede. As crianças estão a invadir as ruas das cidades, a pouco e pouco vão ocupando os espaços entre os automóveis, para as suas brincadeiras. O ar, nas grandes cidades, voltou a ser respirável. José Silva Costa

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publicado às 17:26

o andamento do tempo

por cheia, em 08.11.14

O andamento do tempo O tempo tudo envelhece e destrói Apenas alguns exemplos: A rainha e aristocrata caneta de tinta permanente foi destronada pela esbelta e graciosa esferográfica. Popularizada a partir dos últimos anos, da década de cinquenta, do século XX, depressa se tornou famosa. Tão famosa, que um seu admirador, entrou num estabelecimento comercial, desabotoou o casaco, tirou a sua esferográfica do bolso do casaco e gritou: “ com uma esferográfica já se pode assinar escrituras e cheques, já foi publicado no Diário do Governo” Resistiu até hoje, mas a assinatura digital vai substituí-la, e se a escrita em papel acabar, muito vai chorar! O computador, de quem dependemos, começou por ser uma máquina enorme e tinha de estar num ambiente sofisticado. Os que vi, estavam numa redoma de vidro, para lá entrarmos tínhamos de nos equipar como se fossemos cumprimentar alguém que desconfiassem ter contraído o Ébola. Tornou-se numa máquina incontornável, sem a qual já não podemos passar, e com ele podemos ver o Mundo, por um fio. Mas o telemóvel está a ameaçar o seu reinado. Esse chip que se nos colou à pele, como uma lapa, e que também nos permite ver a internet. Pode, quem sabe, um dia fazer parte da nossa identidade! O tempo o dirá. José Silva Costa .

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publicado às 16:58


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