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Quingentésimo ano (79)

por cheia, em 19.03.24

Apollo e as nove Musas, descantando
Com a dourada lyra, me influião
Na suave harmonia que fazião,
Quando tomei a penna, começando:

Ditoso seja o dia e hora, quando
Tão delicados olhos me ferião!
Ditosos os sentidos que sentião
Estar-se em seu desejo traspassando!

Assi cantava, quando Amor virou
A roda á esperança, que corria
Tão ligeira, que quasi era invisibil.

Converteo-se-me em noite o claro dia;
E se alguma esperança me ficou,
Será de maior mal, se for possibil.

Luís de Camões

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publicado às 07:52

Quingentésimo ano (78)

por cheia, em 18.03.24

Apartava-se Nise de Montano,
Em cuja alma, partindo-se, ficava;
Que o pastor na memoria a debuxava,
Por poder sustentar-se deste engano.

Por huma praia do Indico Oceano
Sôbre o curvo cajado se encostava,
E os olhos por as águas alongava,
Que pouco se doião de seu dano.

Pois com tamanha mágoa e saudade,
(Dizia) quiz deixar-me a que eu adoro,
Por testimunhas tómo ceo e estrellas.

Mas se em vós, ondas, mora piedade,
Levai tambem as lagrimas que chóro,
Pois assi me levais a causa dellas.

Luís de Camões

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publicado às 07:51

Quingentésimo ano (77)

por cheia, em 17.03.24

Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faiscas me mostrou hum dia,
Donde hum puro crystal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.

A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que alli via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao soffrimento doce e leve.

Jura Amor, que brandura de vontade
Causa o primeiro effeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que he verdade.

Olhai como Amor gera, em hum momento,
De lagrimas de honesta piedade
Lagrimas de immortal contentamento.

Luís de Camões

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publicado às 08:02

Quingentésimo ano (76)

por cheia, em 16.03.24

Ah Fortuna cruel! ah duros Fados!
Quão asinha em meu damno vos mudastes!
Com os vossos cuidados me cansastes,
E agora descansais co'os meus cuidados.

Fizestes-me provar gostos passados,
E vossa condição nelles provastes:
Singelos em hum'hora mos levastes,
Deixando em seu lugar males dobrados.

Quanto melhor me fôra que não vira
Os doces bens de Amor? Ah bens suaves!
Quem me deixa sem vós, porque me deixa?

De queixar-te, alma minha, te retira:
Alma, de alto cahida em penas graves,
Pois tanto amaste em vão, em vão te queixa

Luís de Camões

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publicado às 08:06

Quingentésimo ano (75)

por cheia, em 15.03.24

A ti, Senhor, a quem as sacras Musas
nutrem e cibam de poção divina
(não as da fonte Délia cabalina,
que são Medeias, Circes e Medusas,

mas aquelas, em cujo peito, infusas
as leis estão, que a lei da Graça ensina,
beninas no amor e na doutrina
e não soberbas, cegas e confusas),

este pequeno parto, produzido
de meu saber e fraco entendimento,
ũa vontade grande te oferece.

Se for de ti notado de atrevido,
daqui peço perdão do atrevimento,
o qual esta vontade te merece.

Luís de Camões

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publicado às 07:51

O Império

por cheia, em 14.03.24

Império - As teias que o Império teceu

 

52   

 

A exportação de mão-de-obra escrava pelo porto de Luanda terá sido alvo de competição, no século XVII, entre portugueses e holandeses

A disputa entre os colonizadores, cujo vencedor foi o Reino de Portugal, originou a captura direta de escravos, nas chamadas Guerras Angolanas, no seio de certas tribos, que tinham lutado contra os portugueses

Tornando-se, Angola, num centro, importante de fornecimento de mão- de-obra escrava, para o Brasil, onde crescia não apenas a produção de cana-de-açúcar, no Nordeste, mas também a exploração de ouro na região central

Os navios, com mercadorias de Goa, faziam escala em Luanda, para deixarem panos, as chamadas “fazendas de negros”. Dali, seguiam para Salvador, na Bahia, carregados de escravos e de outras mercadorias provenientes da Índia (como louças e tecidos)

Salvador tornou-se um centro difusor de mercadorias, vindas da Índia, para América do Sul

Os negócios foram estruturados aos poucos. Num primeiro momento, os Governadores da colónia tinham o poder de determinar o preço dos escravos. O pagamento era feito com ouro proveniente de Minas Gerais, no Brasil

Mais tarde, em 1715, a coroa portuguesa proibiu os governadores de se envolverem no tráfico de escravos

Os negociantes provenientes do Brasil (principalmente do Rio de Janeiro, da Bahia e de Pernambuco) assumiram as rédeas do comércio, que teve um grande incremento

A principal feira fornecedora de escravos, para o porto de Luanda, era a feira de Cassanje

 A cachaça brasileira (jeribita) passou a ter um papel de destaque nas trocas, sendo valorizada tanto em Angola, quanto no Brasil. Figurava, ao lado da seda chinesa e as armas europeias, como uma das principais moedas de troca

Era, na verdade, a moeda mais corrente, já que o comércio de armas era controlado e a seda chinesa só chegava a África, depois de passar por Lisboa, o que elevava o preço e reduzia a sua liquidez

Outro produto brasileiro, muito valorizado, em África, era o fumo de corda de Salvador

A Rosinha e o Januário, aliviados das responsabilidades dos destinos da cooperativa, ajudavam na construção da creche, eram da opinião de que os idosos devem acabar os seus dias na companhia das crianças

Podiam muito bem acompanhá-las no recreio, nas suas brincadeiras, nas refeições, fazendo com que aqueles, que não têm avôs, sintam, também, o amor e a compreensão de quem já tantos anos passou, que mais tolerantes os tornou.

 

Continua

 

 

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publicado às 07:51

Quingentésimo ano (74)

por cheia, em 14.03.24

Quem jaz no grão sepulchro, que descreve
Tão illustres signaes no forte escudo?
Ninguem; que nisso, em fim se torna tudo:
Mas foi quem tudo pôde e tudo teve.

Foi Rei? Fez tudo quanto a Rei se deve:
Poz na guerra e na paz devido estudo.
Mas quão pezado foi ao Mouro rudo,
Tanto lhe seja agora a terra leve.

Alexandro será? Ninguem se engane:
Mais que o adquirir, o sustentar estima.
Será Hadriano grão Senhor do mundo?

Mais observante foi da Lei de cima.
He Numa? Numa não, mas he Joane.
De Portugal Terceiro sem segundo.

Luís de Camões

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publicado às 07:51

Quingentésimo ano (73)

por cheia, em 13.03.24

Debaixo desta pedra está metido,
Das sanguinosas armas descansado,
O Capitão illustre e assinalado
Dom Fernando de Castro esclarecido.

Este por todo o Oriente tão temido,
Este da propria inveja tão cantado,
Este, em fim, raio de Mavorte irado,
Aqui está agora em terra convertido.

Alegra-te, ó guerreira Lusitania,
Por est'outro Viriato que criaste,
E chora a perda sua eternamente.

Exemplo toma nisto de Dardania;
Que se a Roma com elle anniquilaste,
Nem por isso Carthago está contente.

Luís de Camões

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publicado às 08:35

Quingentésimo ano (72)

por cheia, em 12.03.24

À romana Populónia perguntava
um certo curioso e não prudente
porque a alimária comummente
em tempo certo do ano se juntava;

a qual, como discreta e que cuidava
em repostas ser suma e eminente,
com ũa só palavra, claramente,
respondeu, e mostrou com quem folgava:

«Bestas são,» dá a entender, «que não entendem
quão grande suavidade se encerra
na cópula himeneia e ajuntamento.

Mas mores bestas são os que pretendem
buscar contentamento à carne e à terra
deixando a alma prestes ao tormento».

Luís de Camões

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publicado às 07:52

A Lição!

por cheia, em 11.03.24

A Lição!

 

Os Partidos do arco da governação fingiram, durante quase meio-século, que não havia corrupção, quando ela existe de alto abaixo: ministros, deputados, presidentes de Câmara, presidentes de Freguesia

Alguns governaram com muita arrogância, como se fossem donos do país

Hoje tiveram a resposta, espero que tenham aprendido a lição, que não voltemos a ver notas ,do Banco de Portugal, escondidas em gabinetes ministeriais, favores de todo o género aos senhores Governantes, e que estes país deixe de ser o país das cunhas

Desejo que o Chega tenha o mesmo fim, que teve o PRD, que os mais novos nem sabem que existiu, e era um partido de gente civilizada, ao contrário do Chega

Ambos os partidos de um homem só, sem convicções, o que pode fazer com que o Chega tenha a mesma sorte, que teve o PRD

Estas eleições foram muito importantes, por mostrarem aos políticos, que os elegemos para Governarem o país, e não para se governarem

Não culpabilizem a justiça pelos vossos erros, respeitem a sua independência, não há fogo sem fumo, muitas vezes o que acontece é a justiça não conseguir provar os crimes, mas para a opinião pública sempre que há fumo há fogo.

Podem-nos enganar várias vezes, mas nunca para sempre, por isso , sejam honestos, procedam com ética, para que não haja nem fumo, nem fogo. São os eleitores que vos dão o poder.  

Viva a Democracia, viva a Liberdade, viva Portugal.

 

José Silva Costa

 

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publicado às 07:58


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